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Natura priorizará infraestrutura e operação internacional

A fabricante de cosméticos Natura irá priorizar investimentos em infraestrutura neste ano, após concluir em 2010 seu plano trienal que totalizou 409,5 milhões de reais em aportes em marketing.

Para 2011, a companhia prevê desembolso de 300 milhões de reais em imobilizado --investimentos destinados à melhoria de ativos já existentes--, voltados sobretudo a tecnologia da informação, logística e aumento da capacidade industrial.

"Este será o ano de avanço em infraestrutura...para garantir que vamos continuar crescendo a taxas elevadas", disse a jornalistas o diretor-presidente da Natura, Alessandro Carlucci, nesta quinta-feira.

O investimento previsto para este ano, no entanto, deve superar a cifra divulgada, segundo o executivo, que não detalhou os valores que serão destinados a outras áreas.

"Inovação passa a ser nosso mantra. Não só em produtos, mas no modelo comercial e em meios digitais para reforçar o relacionamento com consultoras", acrescentou Carlucci.

Com foco em crescimento orgânico, a Natura não descarta, contudo, possíveis aquisições para ganhar participação de mercado. No acumulado de 2010 até outubro, a participação da companhia era de 23,6 por cento. "Nosso plano é aumentar o market share", afirmou o executivo.

"Hoje o plano de crescimento é orgânico, mas não está descartado crescer não-organicamente", ponderou. "Mas a Natura não vai adquirir qualquer empresa...tem que fazer sentido".

INTERNACIONALIZAÇÃO

O avanço das operações internacionais também ocupará a lista de prioridades da Natura neste ano depois que os países considerados pela empresa como "em consolidação" (Argentina, Chile e Peru) apuraram resultado positivo pela primeira vez em 2010.

Em todo o ano passado, os três países juntos tiveram lucro líquido de 3,7 milhões de reais, revertendo prejuízo de 1,1 milhão um ano antes.

Presente no Chile há 28 anos, a Natura só atingiu o ponto de equilíbrio entre ganhos e perdas (breakeven) na região nos últimos seis a oito anos, após reforçar investimentos a partir do ano 2000.

"Nosso formato de negócio tem prazo longo...demora para ter efeito. Por outro lado, exige pouco desembolso de dinheiro", disse Carlucci.

A empresa também possui operações em implantação na Colômbia e no México, onde começará a produzir localmente ainda este ano e cujo ponto de equilíbrio deve ser alcançado em seis a sete anos.

"As operações internacionais podem ser uma plataforma de crescimento para a empresa", afirmou o executivo, que também vê espaço para crescimento em regiões brasileiras onde não está presente. "Há espaço relevante para crescer no Brasil ainda".

PREÇOS E INFLAÇÃO

O diretor-presidente da Natura disse ainda não esperar que o cenário de alta da inflação que obrigou o Banco Central a impor medidas para contenção do crédito tenha influência relevante sobre os resultados da companhia.

"O aumento (da inflação) não será dramático o suficiente para que as classes C e D deixem de comprar", afirmou.

A Natura reajustou seus preços em 5 por cento este mês, seguindo a prática da empresa de realizar um aumento a cada ano. Em 2010, o reajuste foi de 6 por cento.

"O setor de cosméticos tem a característica de que as mulheres não deixam de comprar mesmo quando há aumento de preços" acrescentou. "O aumento de 5 por cento é compatível com a pressão de custos que prevíamos para 2011", disse Carlucci.

Segundo ele, a Natura também não espera ser afetada pela disparada dos preços do petróleo, que é uma das principais matérias-primas usadas na produção de cosméticos e embalagens plásticas.

Na avaliação do vice-presidente financeiro da companhia, Roberto Pedote, a pressão de custos de produção enfrentada pela empresa está "bastante controlada e de acordo com o previsto".

Às 16h17, as ações da Natura exibiam queda de 2,3 por cento, enquanto o Ibovespa operava estável. Na quarta-feira, a empresa divulgou alta anual de 17,6 por cento no lucro líquido do quarto trimestre de 2010.

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