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Pelo menos 3,2 milhões de barris de diesel transportados em navios procedentes da Rússia estão parados ao longo da costa brasileira esperando para descarregar, mas sem um motivo claro para a demora em aportar no país.
O levantamento apurado pela consultoria Kpler com a Bloomberg aponta que há uma espécie de anomalia nos fornecimentos da indústria russa de petróleo em meio às sanções impostas pelos Estados Unidos e aliados por conta da guerra contra a Ucrânia.
A Gazeta do Povo procurou a Petrobras para confirmar o motivo da espera para o descarregamento e aguarda retorno. O Ministério de Minas e Energia (MME) não comentou e orientou a pedir explicações ao Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR), à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e à Marinha, que foram procurados pela reportagem no começo da tarde.
No final da tarde de sexta (5), o MPOR informou à reportagem que o motivo do acúmulo de navios na costa brasileira se deu por uma "sanção de bancos dos Emirados Árabes com alguns clientes da Rússia, o que impediu o país de realizar pagamentos de algumas operações. Logo, não há nenhuma relação com o modal brasileiro".
Os demais órgãos procurados pela Gazeta do Povo não se pronunciaram.
Segundo a apuração da Bloomberg, o volume parado à espera de descarregamento representa aproximadamente duas semanas de importações brasileiras do combustível, e que não parece haver uma interrupção completa na descarga de cargas russas no país. Há indícios, ainda, de que mais 3,3 milhões de barris de diesel estão a caminho do país, muitos deles já atravessando o Atlântico.
Apesar da expectativa de que os operadores descarreguem as cargas assim que possível, diz a apuração, algumas embarcações sinalizadas para seguir rumo ao Brasil podem demorar a chegar ao destino.
A Bloomberg informou que o país também importou diesel dos Emirados Árabes Unidos e do Kuwait neste mês, diversificando as fontes de suprimento diante da situação complexa do mercado internacional de petróleo.
Além do Brasil, cargas de diesel também estão retidas em navios-tanque no Mediterrâneo e no Golfo da Guiné, enquanto há um acúmulo de cargas de petróleo fora dos portos indianos.
A reportagem foi atualizada após retorno do MPOR ao pedido de explicações feito pela Gazeta do Povo.
Atualizado em 06/04/2024 às 18:32