As negociações entre Brasil e Argentina para tentar melhorar as vendas do setor automotivo estão longe de ter um final. Depois de um dia inteiro de reunião em Brasília com representantes dos dois governos e de montadoras brasileiras e argentinas, não houve uma solução para a atual queda do comércio bilateral. A Argentina insiste em discutir metas de integração produtiva que desagradam ao lado brasileiro. Pela manhã, a reunião foi apenas entre os técnicos dos governos. Na parte da tarde, as montadoras passaram a integrar a discussão.
Segundo uma fonte que participou do encontro, os argentinos querem a garantia de manutenção de fatia de mercado no Brasil nos mesmos patamares do ano passado e ações voltadas para o fortalecimento da indústria de autopeças local. A Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) não concorda com o estabelecimento de metas para aumentar as importações de autopeças do País vizinho. O argumento é que o mercado nacional está desaquecido e o setor não pode se comprometer nesse momento com prazos e metas. Além disso, o setor teme que a Argentina não tenha capacidade de produção para atender à demanda.
Outro assunto tratado na reunião foi a renovação do acordo automotivo bilateral. A ideia é fazer um compromisso provisório até a conclusão de um acordo que possa ser definitivo. Os argentinos querem incluir na proposta a concessão de crédito presumido de IPI pelo governo brasileiro às montadoras que comprarem autopeças argentinas. O crédito presumido foi garantido às empresas dentro do regime automotivo Inovar-Auto para estimular a aquisição de insumos nacionais. A Argentina quer que o benefício chegue ao setor produtivo do país, mas a ideia não é bem-vista pela equipe econômica.
Na reunião entre os dois governos na terça-feira, 6, pela manhã, os negociadores brasileiros tiraram dúvidas sobre a proposta de criação de uma linha de financiamento por bancos no Brasil para os importadores argentinos. Uma fonte do governo explicou que o banco central argentino tem restrições à proposta. O Brasil quer usar o Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para viabilizar as linhas de crédito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.