China e Estados Unidos estão mais perto do que nunca para pôr fim à guerra comercial entre os dois países, que já dura 18 meses. O anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump e marca a primeira conquista tangível na disputa entre as duas maiores economias do globo.
Falando no Salão Oval, durante uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, Trump disse que os negociadores chegaram a um acordo de "fase um substancial", embora os detalhes ainda necessitam ser colocados no papel. Como parte do acordo parcial, a Casa Branca concordou em não prosseguir com os planos de aumentar de 25% para 30% as tarifas de US$ 250 bilhões sobre os produtos chineses .
O acordo parcial, que envolve grandes compras chinesas de produtos agrícolas dos EUA e concessões tarifárias dos EUA, tem por objetivo pavimentar o caminho para uma negociação mais completa entre Washington e Pequim. Trump e o presidente chinês Xi Jinping podem se reunir para finalizar esse acordo no Chile, em uma cúpula de líderes da Ásia-Pacífico, em meados de novembro.
"Os dois presidentes precisam ser donos do acordo", disse Craig Allen, presidente do Conselho de Negócios EUA-China.
As notícias de um possível acordo, depois de dois dias de negociações em Washington, animaram o mercado financeiro americano nesta sexta-feira. Mesmo antes de o presidente falar, o Dow Jones Industrial Average subiu mais de 480 pontos ou 1,8% em meio a indícios de que um acordo parcial era iminente. Mas a falta de especificidade no anúncio de Trump, e seu comentário de que o acordo parcial ainda pode levar semanas para ser resolvido, esfriaram parte desse otimismo.
"Este acordo adia temporariamente qualquer nova escalada de tensões, mas não resolve nenhuma das principais fontes de atritos entre os dois países ou atenua a incerteza sobre o futuro das relações econômicas bilaterais", disse Eswar Prasad, ex-chefe da unidade chinesa do Fundo Monetário Internacional (FMI)
A prolongada disputa comercial entre EUA e China irritou os investidores, interrompeu as cadeias de suprimentos globais e caracterizou o uso mais agressivo de tarifas por um presidente americano desde a década de 1930. Trump diz que sua política "America First" foi projetada para beneficiar trabalhadores que sofreram décadas de globalização e impedir que a China suplante os EUA como a principal potência tecnológica do mundo.
Questões mais difíceis a definir
O anúncio de sexta-feira deixa as questões mais difíceis entre EUA e China para futuras negociações, incluindo as demandas de Trump por mudanças estruturais de longo alcance na economia chinesa dirigida pelo estado. Robert Lighthizer, principal negociador comercial do presidente, quer que a China pare de forçar as empresas americanas a transferir tecnologia para empresas chinesas para obter acesso ao mercado chinês. As autoridades chinesas negam fazer isso e também estão resistindo às exigências dos EUA de reduzir os subsídios para empresas estatais que competem com empresas americanas.
Trump ainda não anunciou se vai estender uma licença para a empresa chinesa de telecomunicações Huawei continuar comprando peças americanas quando expirar em 18 de novembro.
Trump prometeu zerar o déficit persistente dos EUA em seu comércio com a China. No entanto, os EUA continuam a importar muito mais da China do que vendem para clientes chineses. O déficit no ano passado foi de US$ 419 bilhões, 21% a mais do que antes de Trump chegar à Casa Branca,
Os primeiros passos incluem um aumento nas compras agrícolas chinesas, São boas notícias para os agricultores americanos que perderam bilhões de dólares em vendas durante a guerra comercial. Recentemente, a China começou a intensificar os pedidos de produtos agrícolas dos EUA quando um acordo se aproximava. Mas as exportações de soja dos EUA para a China caíram de US$ 12,2 bilhões em 2018 para apenas US $ 3,1 bilhões no ano passado, de acordo com o US Census Bureau.