Com os primeiros sinais de falta de abastecimento de dinheiro e envelopes em postos de autoatendimento de Curitiba, a greve dos vigilantes entrará no seu sexto dia nesta quarta-feira (6). O impasse ainda fica por conta da forma de pagamento do reajuste do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), em 6,37%. Enquanto o Sindicato das Empresas de Segurança (Sindesp) quer fazer o pagamento em três parcelas e os trabalhadores exigem que o pagamento seja feito em parcela única. Levando em conta o piso-salarial dos trabalhadores, atualmente em R$ 1.140, o aumento reivindicado pelos vigilantes é de pouco menos que R$ 75.
As duas partes já acertaram que o pagamento do adicional de periculosidade de 30% será feito. Atualmente, as empresas já pagam um adicional de 15,5%, mas uma lei federal obriga que o benefício seja aumentado. Os vigilantes se mantém firmes nas suas exigências. "Se não houver uma proposta que nos atenda, essa greve continua por tempo indeterminado", afirma o presidente do sindicato, João Soares. O Sindesp, que representa as empresas, se limita a dizer que a proposta apresentada não foi aceita pelos trabalhadores.
Passeata e desabastecimento
O quinto dia de paralisação foi marcado por manifestações dos trabalhadores e transtornos crescentes aos usuários do sistema bancário, setor mais afetado pela greve. Uma lei federal determina que as agências bancárias não podem abrir sem que pelo menos dois vigilantes estejam presentes. Com isso, resta aos clientes o uso dos serviços bancários pela internet, telefone e caixas eletrônicos.
No entanto, os postos de autoatendimento já dão sinais de falta de abastecimento de envelopes para depósito e cédulas para saque. Os bancos orientam que os clientes procurem os caixas de shoppings e lotéricas, que estão com abastecimento normal em função da presença de seguranças nestes ambientes.
Nem mesmo estes problemas ou a mobilização dos vigilantes foi suficiente para selar o acordo entre as partes. Os vigilantes fizeram uma caminhada da praça Santos Andrade, ponto de concentração do movimento, até a Assembleia Legislativa, onde pediram que uma comissão parlamentar fosse instalada para que os reajustes fossem concedidos.
Nova rodada de negociação
Nesta terça-feira (5), representantes do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Paraná (Sindesp-PR) e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região Metropolitana se reuniram às 17 horas na Delegacia Regional do Trabalho (DRT-PR) para uma nova rodada de negociação.
O Sindesp-PR não apresentou nenhuma nova proposta, apenas reiterou as condições anteriores: parcelamento da reposição do INPC e pagamento do adicional de periculosidade. Diante disso, os vigilantes decidiram manter a greve em Curitiba e região metropolitana.
No interior do Paraná, os vigilantes voltaram ao trabalho já na última segunda-feira (4), já que os vigilantes das outras cidades paranaenses aceitaram a primeira proposta do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná (Sindesp), mediada pelo Ministério do Trabalho.