PASSO A PASSO
Entenda como trabalham os serviços que prometem intermediar negociações de débitos:
Ação na Justiça
Prós: pode ser uma saída para driblar credores intransigentes ou que cobram juros abusivos. A decisão é mais rápida quando o autor tem mais de 60 anos. Vale lembrar que se o valor reclamado for inferior a 20 salários mínimos, o devedor pode buscar a Justiça sozinho, nos juizados especiais -- ainda que a decisão sobre a competência dos juizados para isso ainda seja polêmica.
Contras: não há garantias e a decisão pode demorar anos para sair. É preciso desconfiar de promessas irreais e de publicidade escancarada o código de ética dos advogados prevê punição para as duas situações.
Intermediador de negociação
Prós: pode ajudar empresas e pessoas com dívidas complexas ou que não têm tempo ou conhecimento.
Contras: a taxa pode não compensar a economia; é preciso saber pelo que está pagando. Não há garantias e a necessidade de procuração pode ser prato cheio para golpistas.
Antes de contratar
Verifique a reputação e a idoneidade do prestador de serviço.
Exija contrato detalhado, com dados da empresa, todas as taxas, forma de atuação e as limitações para uso dos dados sigilosos.
Opções gratuitas
Mutirões de negociação de dívidas de bureaus de crédito (SPC, Serasa e Boa Vista).
Projeto Superendividamento do Tribunal de Justiça do Paraná (para moradores da Grande Curitiba).
Procons.
Em épocas de endividamento em alta, qualquer chance de conseguir um acordo vantajoso ganha ares de luz no fim do túnel para o consumidor. É preciso, porém, cuidado com negociadores de dívidas. Esse mercado cresceu na medida das inquietações dos consumidores nos últimos anos, e se tornou mais complexo: há advogados, cobradores, contadores e consultores oferecendo todo tipo de solução.
A cautela se explica. Há basicamente duas formas de terceiros oferecerem negociação de dívidas: via ação judicial (se houver como comprovar que juros cobrados são abusivos) ou por procuração, para o profissional intermediar o assunto com o credor. Ambos os casos pedem que dados sigilosos sejam compartilhados e não têm garantia de sucesso, apesar do que alardeiam folhetos, sites e cartazes em postes.
Antes, é preciso entender que dívidas simples podem ser resolvidas pessoalmente ou durante oportunidades como mutirões de crédito. "Para quem tem dívidas pequenas (de R$ 500, R$ 1 mil), a recomendação é tentar fazer sozinho para não ter custo extra", explica Miguel Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac).
O intermediador é uma opção para tentar solucionar dívidas complexas que envolvem financiamentos longos, por exemplo. Também pode ser útil no caso de o devedor se sentir inseguro sobre seus direitos. Mesmo assim, o consumidor precisa estar ciente da atuação do negociador, se certificando de resultados anteriores conseguidos por ele e exigindo um contrato detalhado.
O especialista em finanças pessoais Emerson Fabris acredita que as ações sejam o serviço mais comumente oferecido. Independente das promessas, o mais aconselhável é evitar a alternativa. "Pagar adiantado à espera de um serviço é sempre complicado. Você paga esperando por uma decisão que só sairá talvez nos próximos anos", alerta.
Intermediação
A Associação Brasileira do Consumidor (ABC), com sede em São Paulo, é uma entidade que negocia dívidas há cerca de 20 anos, cobrando taxa de R$ 100 para negociação por procuração. O educador financeiro Marcelo Segredo avalia que o mercado está mais competitivo e tem armadilhas a serem evitadas. "Acho muito temerário fazer uma negociação apenas pela internet, por exemplo, sem ter certeza do CNPJ da empresa e sem contrato."
Segredo estima que a ABC recebe cerca de 40 pedidos de clientes por mês. Nem todos são aceitos. "Tem casos em que você bate o olho na fatura e já sabe que não pode ajudar o consumidor como ele quer", diz. O filtro é necessário, afirma, porque a negociação é uma atividade delicada, em que a reputação vale muito. "Quando chego a um banco com propostas incoerentes, posso fechar as minhas portas."
Solução em grupo
Tentar negociar em grupo é melhor? A pergunta divide opiniões. Para o diretor da Anefac Miguel Oliveira, mesmo se o negociador representar um grupo de clientes perante o credor, as propostas levarão em conta apenas a situação de cada devedor. Já Miguel Segredo, da ABC, concorda que a análise individual é definitiva, mas defende que a negociação coletiva exerce maior pressão. "A empresa sabe que se o grupo não encontrar solução, está bem informado e pode processá-lo. E isso gera custos para o credor", diz.
Estratégia online
Startup gaúcha oferece cobrança em que cliente faz proposta
Desde janeiro o site PapaDívidas oferece um serviço de cobrança que segue o ponto de vista da clientela, segundo afirma Marlon Alves, um dos seus criadores. A ideia é que os consumidores que devem para as empresas parceiras da iniciativa até agora, três informem pelo site as condições de pagamento a que estariam dispostos.
O serviço é gratuito, uma vez que a taxa é paga pelas empresas. Para se cadastrar no site, o devedor precisa informar dados pessoais (como CPF) e listar as dívidas em detalhes. Já são 1,2 mil usuários. A proposta é reunir um grupo de devedores para que as empresas possam oferecer condições especiais. Ainda assim, não há garantia de acordo; o cliente recebe a contraproposta e pode aceitá-la ou não.
O desafio da startup com sede em Porto Alegre tem sido aumentar o leque de parceiros. Bancos e varejistas mais tradicionais ainda se mostram reticentes ou inacessíveis. "A estrutura das empresas é muito hierárquica", conta Alves. Por enquanto, a estimativa é de que o site tenha conseguido fechar 140 acordos.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast