Se você tem cerca de 30 anos e vive em Curitiba, é possível que os lugares em que mais se divertiu na infância e na adolescência não existam mais. É o caso do boliche que havia no Shopping Curitiba até cerca de dois anos atrás, ou da pista de kart que fechou no Shopping Estação nos anos 2000. Resta saber se a razão para o fechamento de tantos negócios é resultado do desinteresse da população, ou se essa sensação veio depois, com a falta de opção.
Segundo pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo à Brain Bureau de Inteligência Corporativa, 16% dos consultados se recordam de algum espaço de lazer tradicional que foi fechado na cidade recentemente. Dos 400 entrevistados, 42% afirmaram conhecer mas não frequentar lugares como pista de patinação, paintball e karaokê. Mas 54% desconhece onde poderia se divertir nesses espaços. A desinformação é maior no caso das pistas de patinação (86%) e nas de kart (58%). Dos que não frequentam esses espaços, 11% afirmam que faltam novidades com destaque para o karaokê (20%).
Os lugares que menos despertam interesse inicial são boliches (53%) e karaokês (52%). Mas, paradoxalmente, esses ambientes são os únicos que pontuaram no ranking dos que têm frequentadores assíduos (mais de três vezes por mês). Os dois negócios cujos fechamentos mais marcaram os entrevistados foram casas de boliche a Big Bowlling, no Água Verde, e a filial da rede venezuelana Dragon Bowling que funcionava no Shopping Curitiba.
No caso do boliche, a falta de pistas teve impacto forte no esporte: a liga paranaense foi extinta em 2004 porque atletas não tinham lugar para treinar. "O boliche cresce em outras cidades, como São Paulo. Mas em Curitiba os negócios não vão para frente. Muito por problemas de administração e custo do aluguel dos espaços", acredita Rodrigo Hermes, medalhista do esporte nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, e morador de Curitiba há 16 anos.
A opinião de Hermes reafirma rumores de que o custo do aluguel em shopping centers definiu a escolha da rede Striker por trazer em 2013 uma filial para Londrina, em vez de para Curitiba. À Gazeta, a rede preferiu não comentar o assunto.
Dono de um shopping especializado em esportes no Xaxim, Sérgio Ternus conta que atividades como boliche e sinuca têm a função de atrair potenciais clientes, mas não faturam o suficiente para garantir retorno alto ao empreendimento. "As lojas conseguem faturar para pagar um aluguel maior", avalia.
Ternus acredita que empreendedores que investem em esporte e lazer precisam pesquisar bem o ponto em Curitiba e se manter atualizados. "Aconteceu que os boliches que havia na cidade eram antigos, não foram renovados", opina.