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POLÍTICA ECONÔMICA

Nelson Barbosa assumirá lugar de Levy no Ministério da Fazenda

Joaquim Levy (à esquerda), vinha perdendo espaço para o colega Nelson Barbosa (à direita) em decisões envolvendo a política econômica do governo | UESLEI MARCELINO/REUTERS
Joaquim Levy (à esquerda), vinha perdendo espaço para o colega Nelson Barbosa (à direita) em decisões envolvendo a política econômica do governo (Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS)

A presidente Dilma convidou o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, para assumir o lugar de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda. O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, será o novo ministro do Planejamento no lugar de Barbosa. As mudanças foram anunciadas na tarde desta sexta (18) pelo Palácio do Planalto por meio de nota.

A presidente agradeceu “a dedicação” de Levy e disse que ele “teve papel fundamental no enfrentamento da crise econômica”. Dilma desejou “muito sucesso nos seus desafios futuros”.

O futuro ministro da Fazenda tem uma posição menos radical sobre política fiscal, ao contrário de Levy, sempre contrário a afrouxamentos. O último embate entre os dois aconteceu nos últimos dias, para a definição da meta de superávit primário de 2016. Enquanto Barbosa queria reduzir o objetivo e abrir a possibilidade de abatimento – que, na prática, zeraria a meta –, Levy defendia que ela não deveria ser mexida.

Na quinta-feira (17), o Congresso aprovou uma meta menor, de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 0,7% defendida por Levy, mas barrou a possibilidade de descontos, como inicialmente queria o Executivo.

No mesmo dia, no fim da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), o ministro da Fazenda surpreendeu os presentes. Disse que talvez não estivesse no próximo encontro do colegiado, agradeceu pelo trabalho realizado ao longo de 2015 e desejou boas festas. O gesto foi visto com um sinal claro de que Levy deixaria o cargo em breve.

Na manhã desta sexta, Levy admitiu conversas com a presidente Dilma Rousseff sobre sua saída do governo, mas deu muitas respostas evasivas sobre o assunto e em nenhum momento foi direto sobre sua permanência no cargo, mesmo após intensos ruídos de que estaria deixando a pasta.

Em uma mensagem de fim de ano enviada a jornalistas durante a tarde, o ministro fez uma crítica à atuação do país no esforço fiscal, ao mesmo tempo que afirma ter feito sua parte no ajuste que propôs. Na nota, o ministro não afirmou que estava deixando o cargo.

Ao longo do ano, medidas de aperto fiscal propostas por Levy acabaram modificadas e abrandadas pelo Congresso Nacional.

“Em alguma medida, a falta de maior sinalização de disposição mais imediata de esforço fiscal por parte do Estado brasileiro também piorou as expectativas dos agentes econômicos, inibindo decisões de investimento e consumo, com reflexos negativos no nível da atividade econômica e na geração de empregos, que poderão se estender por 2016”, disse o ministro.

“Eu e minha equipe fizemos o que foi proposto em janeiro, pelo menos naquilo que dependia de nós”, afirmou Levy, ponderando que foi possível avançar em parceria com outros órgãos do governo e especialmente com o Congresso. “O tempo saberá mostrar os resultados que se colherão de tudo que foi feito até agora”, escreveu na nota.

Levy disse ainda que chega ao fim de 2015 preocupado com a situação do país, mas mantém confiança na capacidade de recuperação da economia.

Troca

Antes de assumir o Planejamento no fim do ano passado, Nelson Barbosa foi secretário executivo do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Barbosa já havia trabalhado no governo de 2003 a 2013, sempre assessorando Mantega, primeiro no Ministério do Planejamento e, depois, na Fazenda, onde assumiu a secretaria executiva em 2011.

Além de Barbosa, os ministros Jacques Wagner (Casa Civil) e Armando Monteiro (Desenvolvimento) também estavam sendo cotados para assumir a Fazenda no lugar de Levy. Outro nome que chegou a ser citado nesta sexta-feira foi do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PDT-CE), que foi ministro da Fazenda durante o governo do ex-presidente Itamar Franco, na década de 1990.

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