No ano passado, as cadeias de hotéis e os sites de compartilhamento de casas começaram a invadir o quintal um do outro. O Airbnb agora anuncia quartos de hotel em sua plataforma e a cadeia Marriott lançou recentemente seu serviço de aluguel de casas e apartamentos.
As linhas divisórias se confundem ainda mais no modelo de negócio da startup Sonder, focada no aluguel de imóveis por curtos períodos. A empresa com base em São Francisco, na Califórnia, está expandindo sua rede de apartamentos customizados em 17 antigos endereços de hotéis em Nova York, Londres e Dublin – e negocia com outras 40 propriedades.
A Sonder busca uma doce solução híbrida, mesclando a "vibe" de um Airbnb em um bairro moderno com a conveniência do serviço de lençóis limpos profissionalmente e portaria 24 por 7, típicos de um bom hotel. Suas unidades são divulgadas no Airbnb e no Expedia Vrbo; a empresa garante que cumpre todas as regras e regulamentos das 21 cidades em que opera.
Depois de levantar US$ 225 milhões numa rodada de investimentos em julho, superando US$ 1 bilhão em valor de mercado, a Sonder decidiu se afastar do modelo tradicional de aluguel de apartamentos por curtos períodos para brigar diretamente com a indústria hoteleira.
O co-fundador e diretor-executivo Francis Davidson prevê que, até 2025, o faturamento da Sonder será maior do que o da rede Marriott. Missão nada fácil: a maior rede hoteleira do mundo faturou US$ 21 bilhões no ano passado e administra mais de 1 milhão de quartos.
Em comparação, a Sonder tem apenas 10 mil unidades, ainda que cinco vezes mais do que possuía no ano passado. Por outro lado, o modelo de negócios não tem bons precedentes. Alugar espaços com contratos de longo termo, para acomodações de giro rápido, foi o que levou a WeWork a acumular uma montanha de dívidas, afastando investidores e obrigando a companhia a adiar sua oferta pública de ações.
“Já vimos que o modelo de arrendamento da WeWork comprometeu sua rentabilidade, principalmente na fase inicial, quando a empresa precisa assinar uma série de contratos de aluguel”, pondera o analista da Bloomberg Intelligence, Mandeep Singh. “A pergunta que fica é: o que faz essas empresas diferentes de uma cadeia de hotel? Por que alguém escolheria a Sonder em vez de um quarto de hotel?”
Davidson argumenta que a Sonder pode cobrar 20% menos do que um hotel quatro estrelas, usando tecnologia para reduzir os custos, como o check-in pelo aplicativo, acesso sem chaves e um “porteiro virtual”. “Nossa grande vantagem em relação aos hotéis é que o modelo deles não evoluiu nos últimos 40 anos”, aponta Davidson, destacando que as unidades da Sonder ficam em regiões normalmente não ocupadas por hotéis. Os espaços são alugados, mobiliados, decorados e mantidos pela startup. “Você sempre saberá o que esperar ao abrir a porta”, diz o site da empresa.
Antigas fábricas e delegacias
A companhia tem instalado seus apartamentos onde antes funcionavam fábrica de chapéus, delegacia de polícia e pequenos hotéis históricos, como o Philadelphia Queen Hotel, o Abbey Hotel (Miami), e o Flatiron Hotel (Nova York).
Chirag Patel, que administra um negócio familiar de 10 pequenos hotéis na Califórnia, diz que trabalhar com a Sonder aliviou suas tarefas diárias, sem diminuição dos lucros. “As acomodações ganham um novo visual e apelo, substituindo 40 a 50 quartos com a mesma aparência”.
O pesquisador e ex-chefe do departamento de hotelaria da New York University, Bjorn Hanson, diz que a Sonder provavelmente será um alívio para donos de hotéis como Patel, que podem estar cansados de operar num mercado altamente volátil. Pelo menos com a Sonder, diz ele, “tem alguém que paga o aluguel e assume o risco”.
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