Os investidores que aplicam no mercado de ações por meio de clubes de investimentos estão abandonando o barco pela primeira vez em 13 anos. Em meio à crise europeia, 128 clubes foram completamente desfeitos no ano até setembro. Nem na crise financeira de 2008 esses grupos de investidores - geralmente amigos, parentes ou colegas de trabalho que aplicam unidos - marcharam para fora da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo dados da BM&FBovespa, 10.600 pessoas venderam suas cotas apenas em 2011. Por trás do movimento estão as perdas do Ibovespa, índice de referência do mercado, que acumula um tombo de 22% este ano.
Atualmente, são 2.926 clubes em funcionamento no país, reunindo 120.925 pessoas. No fim de 2010, eram 3.054, com 131.638 investidores. Segundo especialistas, o movimento é preocupante porque esses clubes são uma porta de entrada para investidores no mercado. Eles recomendam, no entanto, paciência aos investidores para não vender as cotas na baixa e deixar o mercado com perdas.
"Quem entrou nos anos 90 ou que ainda está com bons lucros, tudo bem vender agora se a decisão for essa. Para quem está com perdas, é melhor esperar uma recuperação do mercado", afirma Antonio de Julio, especialista em educação financeira da MoneyFit.
Cautela
Com cautela um grupo de 30 investidores mantém-se unido no clube Mulher e Negócios, criado no ano passado. Diferentemente da média do mercado, as mulheres - e alguns homens, que foram convidados para participar recentemente - seguem aplicando R$ 200 por mês no clube, aproveitando a queda das ações.
Segundo Doraci Julia, uma das cotistas do clube, as perdas provocam "um certo desespero e vontade de sair correndo do mercado", mas, afirma ela, as investidoras estão conscientes dos riscos das aplicações. O clube acumula uma perda de 18% nos últimos 12 meses e tem hoje patrimônio de R$ 450 mil.
"Buscamos dar educação financeira para quem entra, o que é uma forma de as pessoas aprenderem e entenderem um pouco. Mas é comum as pessoas acharem que estão no mercado errado ou na hora errada", explica Doraci, que também é assistente de investimentos da Prosper.
Patrimônio
Entre perdas e saques, o patrimônio líquido dos clubes registra uma baixa de R$ 2 bilhões em 2011, boa parte em função da queda do preço das ações. Os saques líquidos (vendas menos compras) desses clubes no mercado somam R$ 250 milhões no ano até o fim de setembro, segundo os dados da BM&FBovespa.
Os clubes de investimentos têm algumas peculiaridades. Por exemplo: as carteiras que tiverem 67% ou mais de ações são tributados como aplicações em bolsa, ou seja, 15% sobre o ganho. Caso esse peso das ações seja menor, ele é tributado como renda fixa, variando de 15% a 22,5% no momento do resgate da cota.
Segundo especialistas, a vantagem dos clubes é compartilhar o risco de se investir no mercado com outros cotistas e, ao mesmo tempo, ter influência na decisão das aplicações. Nos fundos oferecidos por bancos, por exemplo, o cotista não participa das escolhas, que cabem exclusivamente aos gestores.
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