As vendas de TVs para a Copa do Mundo não impediram o comércio de registrar um desempenho ruim em março, com queda de 1,1% nas vendas ante igual mês de 2013. Embora próximo do previsto pelo mercado, o resultado foi o pior para o mês desde 2003, segundo o IBGE.
O comércio esfriou neste ano e tende a crescer entre 4% e 4,5%, apesar dos estímulos da Copa, segundo analistas. Os motivos são inflação maior (especialmente de alimentos), juros mais altos e crédito em desaceleração.
Ramos importantes venderam menos em março, como o de supermercados, que registrou queda de 1% em comparação com fevereiro devido à inflação de alimentos. O setor puxou o varejo para baixo nessa comparação na média, houve queda de 0,5% nesse indicador.
O resultado só não foi pior por causa da expansão de 1,5% de móveis e eletrodomésticos, já sob impacto da venda de TVs para a Copa. O Carnaval em março também reduziu o número de dias úteis, afetando o desempenho de alguns setores.
Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, o aumento dos preços dos alimentos, taxas de juros mais altas, expectativa de uma inflação em torno de 6,5% e os aumentos de energia e gasolina previstos para o ano que vem "indicam um cenário menos favorável".
"Os juros devem continuar altos. Agora é hora de cautela, sobretudo em relação aos estoques." Uma boa notícia, porém, é o câmbio, que apresenta menor volatilidade, o que reduz as incertezas.
No comércio varejista ampliado, que inclui o atacado, a retração de fevereiro para março foi ainda mais intensa: 1,1%. O ramo de veículos registrou queda de 0,6%. Já o ramo de material de construção também teve desempenho ruim, com queda de 3,1% de fevereiro para março.
Para abril, os primeiros dados apontam para uma recuperação do varejo, segundo Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú. "Mas as vendas devem continuar a crescer em ritmo moderado nos próximos meses."
Paraná
O volume de vendas do comércio no Paraná caiu 1,5% em março, puxado pelas quedas nos setores de tecidos, vestuário e calçados (4%) e supermercados (3,7%). No acumulado do primeiro trimestre, o saldo é positivo em 3,9% contra 4,5% no país.