Nem o Dia das Mães salvou o varejo brasileiro em maio. Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, o volume de vendas do setor teve resultado negativo de 0,9% frente a abril. Foi o quarto mês seguido de queda e o pior resultado para maio desde 2001, quando a taxa também ficou negativa em 0,9%. No ano, as vendas do comércio varejista registram queda de 2%. E em 12 meses, de 0,5%. De acordo com Carlos Tadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a previsão para o varejo é de retração de 1% a 2% este ano.
Frente a maio de 2014, o recuo é ainda mais significativo – 4,5%. O resultado é o pior desde maio de 2003, quando a comparação com o mesmo mês do ano anterior mostrou recuo de 6,2%. Além disso, na análise ano a ano de todos os meses, o dado é o pior desde agosto de 2003, quando o volume de vendas caiu 5,7%.
Segundo Juliana Vasconcelos, gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE, historicamente maio tem um desempenho positivo por causa do Dia das Mães. Ela chama a atenção para o desempenho, frente ao mesmo mês de 2014, da venda de móveis e eletrodomésticos, e de combustíveis e lubrificantes, que contribuíram significativamente para a redução (quedas de 18,5% e 4,2%, respectivamente).
“É uma queda influenciada pela renda e pelo crédito. A oferta de crédito está menor. Segundo o Banco Central, era de 5,7% em maio de 2014 e passou para 4,7% este ano. A margem de rendimento do trabalho caiu 5%. Já os combustíveis e lubrificantes fazem parte de um setor que teve incentivo do governo por muito tempo. Agora, há uma conjuntura econômica mais desfavorável, com menos consumo. Então esses bens que não são tão essenciais apresentam queda”, explica Juliana.
Já a receita nominal subiu 1,9% em maio em relação ao mês anterior e caiu 4,2% frente a maio de 2014. No ano, há uma expansão de 4,1%. Em 12 meses, a alta é de 5,7%. “O fator que prepondera é o preço. A receita aumenta porque o preço está maior. Economicamente, o volume real de vendas está caindo, mas os preços mantêm a receita”, esclarece a coordenadora.
“Este ano, o comércio teve um aumento até julho acima de 6%, o que mostra que a inflação subiu bem por causa dos alimentos e dos combustíveis. Os preços de bens de consumo não-duráveis não caíram. O que caiu, não compensou o que subiu. A queda foi para móveis e eletrodomésticos, que as pessoas não estão comprando porque não querem se endividar por causa das taxas de juros elevadíssimas”, afirma Freitas.