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Com quase 20 anos, o movimento migratório do Brasil para o Japão hoje se caracteriza por uma divisão entre quem está criando raízes e aqueles que querem voltar ao Brasil. Assim, o termo "dekassegui", que na origem descrevia a população rural que passava alguns meses do ano trabalhando nas fábricas, é impreciso para designar os imigrantes brasileiros. Na literatura sobre o tema, é preferido o termo "nikkeijin", que designa os descendentes de japoneses que voltaram para o Japão.

"Hoje há aqueles que vão de forma transitória. Muitos devem voltar ao Brasil por causa da crise. Mas muita gente não quer, o que torna o cenário ainda mais complexo", afirma Kiyoharu Miike, presidente da Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD). Uma medida do caráter de longo prazo da imigração é que cerca de 80 mil brasileiros já conseguiram o visto permanente, que garante maior estabilidade. Também é comum encontrar alunos brasileiros nas escolas públicas, que geralmente contam com tradutores que ajudam na adaptação à língua.

Outros sinais da permanência dos brasileiros é que nas áreas que eles habitam pipocam negócios voltados à comunidade, como pizzarias, pequenos mercados e o comércio de veículos usados. Além disso, as características demográficas do Japão fazem com que no longo prazo os brasileiros voltem ao pleno emprego: lá a taxa de natalidade é de 1,3 criança por mulher, muito abaixo da taxa de reposição, que é 2,1. Assim, a população está envelhecendo e encolhendo. Mão-de-obra jovem – 56% dos nikkeijins têm entre 15 e 39 anos – será necessária quando a tormenta passar. "Muita gente continuará por aqui enfrentando a crise", diz Fábio Nishimaki, que após 13 anos de Japão nem cogita voltar para o Brasil. (GO)

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