Desde o início do ano, animada pelos bons ventos que sopram no campo nesta safra, a fabricante de máquinas agrícolas New Holland abriu 147 postos de trabalho e reverteu uma fase de demissões na fábrica de Curitiba, que nos últimos dois anos cortou 600 postos de trabalho. A previsão é fechar o ano com 370 novos funcionários, um aumento de 30% em relação aos 1.135 registros de 31 dezembro de 2006.
A meta faz parte do planejamento estratégico da empresa, que anuncia também a antecipação de investimentos previstos para a unidade paranaense. Na expansão da linha de produção, que implica na ampliação da fábrica, estão sendo investidos neste ano R$ 50 milhões. Os recursos fazem parte de um aporte de US$ 200 milhões (cerca de 410 milhões) do grupo CNH, holding detentora da marca, dos quais US$ 120 milhões (cerca de R$ 242 milhões) para serem aplicados no setor agrícola.
O presidente mundial da New Holland, Lorenzo Sistino, declarou ontem, em Curitiba, que está otimista em relação à recuperação da produção agrícola no Brasil. Depois de uma viagem pelo Centro-Oeste do país, ele afirmou estar "feliz e surpreso com a diversidade da produção e o otimismo dos agricultores brasileiros".
A capacidade de pagamento do produtor, comprometida após dois anos de crise do agronegócio, não desanima o executivo. Sistino acredita na retomada da produção e na consolidação de condições favoráveis ao crescimento, em especial a partir do resultado da safra 2006/07, que deve estabelecer um novo recorde na produção de grãos, com mais de 130 milhões de toneladas.
A New Holland trabalha com os números da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que estima para 2007 um aumento de 25% no mercado brasileiro de máquinas agrícolas. No ano passado a marca comercializou 3.961 tratores e 377 colheitadeiras. No primeiro trimestre deste ano foram 1.182 tratores e 192 colheitadeiras, uma variação positiva superior a 30% na venda de máquinas em relação ao mesmo período do ano passado. No Paraná, a montadora responde por 40% das vendas de tratores e 37% de colheitadeiras.
O aumento no comércio de máquinas, segundo Francesco Pallaro, vice-presidente da New Holland para a América Latina, deve ocorrer, basicamente, com a renovação da frota. O setor estaria recuperando as vendas, que em 2004 bateram um recorde de 28.800 tratores e 5.605 colheitadeiras no Brasil. A intenção da indústria brasileira este ano é entregar 25 mil tratores e 1.500 colheitadeiras e voltar à média histórica do número de máquinas produzidas. Apenas uma pequena parte estaria relacionada à expansão de área cultivada.
Lançamentos
A New Holland lança este ano nove modelos de tratores e duas colheitadeiras, que podem ser utilizados principalmente para grãos, mas também para a cana-de-açúcar, cultura que sustenta as apostas da Anfavea na previsão de crescimento.
Três máquinas foram apresentadas na semana passada, na Agrishow, feira de tecnologia agrícola realizada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Os outros modelos serão colocados no mercado até o fim do ano.