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Nichos de mercado desviam da crise

O ano de 2004 foi o melhor em toda a história da fabricante de implementos rodoviários Noma, de Sarandi (Norte do Paraná): ajudada pelo bom desempenho da agricultura, que elevou a demanda por transporte, a empresa faturou cerca de R$ 160 milhões, com crescimento de 60% sobre o ano anterior. No ano seguinte, a crise no campo derrubou esse faturamento em 20% e reduziu o número de funcionários de 820 para 700, conta o gerente de marketing Kimio Mori, acrescentando que neste ano as receitas devem se igualar às do ano passado. "A demanda do setor graneleiro continua fraca, mas outros setores que atendemos, como o canavieiro, florestal e o de transporte de contêineres estão indo bem."

Fundada em 1967, em Maringá, e transferida para Sarandi na década seguinte, a Noma oscila entre o terceiro e o quarto lugar no mercado nacional de implementos rodoviários – segmento que reúne carretas, reboques e semi-reboques para caminhões –, com cerca de 14% das vendas. A situação desfavorável não foi exclusividade da companhia. "Mas as empresas maiores, principalmente as mais focadas no setor graneleiro, sofreram mais", conta Rafael Wolf Campos, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir) e sócio-diretor da Boreal, fábrica de implementos de Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. "Em anos mais difíceis, as empresas menores têm mais flexibilidade para encontrar novos nichos de mercado, e podem ser mais agressivas na parte comercial."

É o caso da própria Boreal, fundada há 11 anos. Em vez de competir em setores em que as grandes empresas, com maior escala de produção, são muito competitivas, a Boreal preferiu se concentrar em segmentos específicos: primeiro, a fabricação de semi-reboques frigorificados, para o transporte de produtos resfriados ou congelados, segmento em que detém de 12% a 14% do mercado nacional. Recentemente, começou a produzir tanques de alumínio para o transporte de combustíveis. Com isso, comemora vendas 18% maiores neste ano, na contramão do setor de implementos. "O setor reflete diretamente o que acontece com as vendas de caminhões, que até agosto estavam em queda de 10% em relação a 2005", explica Campos.

Outra empresa paranaense do setor, a Rodo Linea, chegou ao mercado há apenas dois anos. Alugou as instalações da falida Krone, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), e começou a produzir em 2004, um dos melhores anos para o setor, enfrentando na seqüência dois anos bastante conturbados. Mas, por estar iniciando as atividades, a empresa cresceu ao longo desse período: de uma produção de 30 unidades mensais em 2004, passou às atuais 93. Por isso, ao contrário de boa parte da concorrência, não precisou demitir funcionários – hoje são 170.

"As vendas de carretas graneleiras estão baixas. Mas os semi-reboques canavieiros, as plataformas para caminhões-baú e as carretas para o transporte de máquinas pesadas estão vendendo muito bem", diz Nelson Hübner, proprietário do Grupo Hübner – que, além da Rodo Linea, reúne outras seis empresas, a maioria do setor metal-mecânico, instaladas na Região Metropolitana de Curitiba, em Ponta Grossa, Santa Catarina e Minas Gerais. O empresário diz que, embora a fábrica da CIC tenha capacidade para produzir até 350 carretas por mês, a intenção é, por enquanto, manter o nível atual de produção, que garante a lucratividade da empresa.

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