ABUJA, Nigéria - A Nigéria publicou nesta quinta-feira o resultado de uma longa auditoria sobre sua indústria de petróleo, como parte de um esforço de expor melhor as informações e pôr fim a uma postura do governo que acaba contribuindo com a corrupção.
As investigações sobre pagamentos entre as maiores empresas de petróleo do país e o governo entre 2003 e 2004 foram conduzidas por auditores independentes do Reino Unido, do Hart Group, e foram descritas pelo diretor da empresa Chris Nurse como o primeiro de uma série de esforços.
- Nosso trabalho indica que existe um indicativo importante de fraqueza do governo que contribui com os sistemas vigentes - diz o relatório.
O documento aponta algumas discrepâncias, de centenas de milhões de dólares, entre o que as empresas revelam ter pago e o que o governo diz que recebeu, além de ter listado falhas entre instituições reguladoras, como o Banco Central.
- Este fraco sistema de controle de contabilidade cria o ambiente propício para a corrupção - disse Bright Okogu, represententa do ministério de Finanças do país, em uma sessão pública onde foi apresentada a auditoria.
Nurse disse que nenhum país produtor de petróleo se submeteu a uma investigação tão grande e depois publicou os resultados. A auditoria inclui tabelas de dados detalhando as transações entre o governo e as cinco maiores empresas do país, Royal Dutch Shell, Chevron, Exxon Mobil, Total e Agip.
Os lucros com petróleo e gás representam mais de 80% do orçamento anual da Nigéria, mas membros da secretaria executiva do país dizem que os ganhos com a exploração e produção fomentam a corrupção no país.
- Os operadores do setor são uma classe de gente arrogante - disse Obi Ezekwesili, chefe do Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extrativas da Nigéria, órgão apoiado pelo governo, que encomendou a auditoria.
- Eles se esquecem de que a sociedade civil precisa de explicações. Este relatório é um exercício para desmitificar a arrogância - disse Ezekwesili, ministro do governo.
Ela acrescentou que a auditoria irá formar a base para reformas amplas no sistema de contabilidade do país.
A Nigéria é o sexto país mais corrupto do mundo, segundo a organização Transparência Internacional, e a limpeza da indústria do petróleo foi uma das bandeiras para a eleição do presidente Olusegun Obasanjo.