No mundo dos videogames o domínio de uma geração não representa, necessariamente, o sucesso na seguinte. Claro que ter um console líder de mercado torna tudo mais fácil para projetos futuros. Na recente história da indústria, uma mesma empresa só conseguiu se manter no topo por duas gerações seguidas - hoje está se fazendo a transição da sétima para a oitava. A Atari, que criou o conceito moderno de games, não fez sucessor de seu 2600. Na época dos 8 e 16 bits, a Nintendo foi quase imbatível, com a Sega fazendo sombra. Perdeu o a liderança com a entrada do mundo em terceira dimensão e a recém-chegada Sony com seu Playstation 1 e, mais tarde, 2. Já o Playstation 3 amarga a lanterna, vendo o Wii ser o queridinho nas vendas atuais.
O cenário descrito acima, no entanto, pode ser aplicado apenas nos consoles de mesa. A teoria não pode ser replicada nos portáteis. A franquia Gameboy, que quase virou sinônimo de videogame, nunca viu sinal de concorrência desde 1989. Ganhou cores, ficou menor e conectado. Quando ganhou tela sensível ao toque e duas telas, se tornou o videogame mais vendido em toda a história, ultrapassando a marca de 150 milhões de unidades vendidas. Seu principal concorrente, o PSP, vende relativamente bem. Mas tudo é minimizado se comparado ao produto da Nintendo. Mesmo neste contexto, um sinal vermelho acendeu na empresa do bigodudo Mario.
A grande duvida do momento é saber se o Nintendo 3DS, que promete uma experiência 3D sem o uso de óculos, ao contrário de quase todas as tevês que trazem a tecnologia. A expectativa era que o sucessor do DS fosse muito bem aceito pelo público, já que o "hype" criado desde a primeira aparição foi acima do normal. Quando anunciado, a lista de jogos e a qualidade gráfica do aparelho impressionaram. Era uma espécie de Wii portátil com direito às melhores franquias já feitas: Resident Evil, Nintendogs, Street Fighter, Winning Eleven entre outros títulos fortes.
O resultado foi a quebra de mais um recorde por parte da Nintendo: o 3DS se tornou o aparelho que mais vendeu na pré-venda da Amazon. "É incomum para um console portátil atrair esta quantidade de excitação logo no lançamento", disse o diretor do setor de jogos da Amazon, Chris Poad, ao site Eurogamer. Afesta parece ter durado pouco. Tirando a semana de lançamento, o portátil vem registrando quedas drásticas nas vendas. E pior. O PSP, que fora derrotado DS, assumiu a liderança em vendas no Japão apenas 3 semanas após a chegada do novo console.
Os motivos para o fraco desempenho são vários. Primeiro, é importante lembrar que o Japão passou por momentos trágicos recentemente. Comprar um videogame talvez não seja uma prioridade para as familiais japonesas que tiveram suas vidas chacoalhadas por terremotos e tsunami. O preço, na casa dos U$ 250, é acima da concorrência e vem sofrendo queda após a baixa procura. Se as vendas não deslancharem, é muito provável que em pouco tempo custo algo em torno de U$ 200. Além disso, notou-se logo nos primeiros jogos que as imagens divulgadas antes do lançamento não representavam uma realidade. Os poucos jogos apresentam serrilhado em excesso e não conseguem superar nem o já cansado PSP. E realmente são poucos os jogos lançado até o momento.
A duração da bateria, um dos pontos mais positivos do antigo DS, que parecia nunca precisar de uma tomada, foi drasticamente reduzida e aguenta, segundo a própria Nintendo, pouco mais de cinco horas de jogo. A recomendação para que se descanse 15 minutos a cada uma hora de jogatina também pode ter preocupado os consumidores. Os relatos de náuseas e dores de cabeça se multiplicam pela internet a cada dia de vendas. O que está levando às pessoas a diminuírem a intensidade ou desligarem o efeito 3D, tecnicamente seu principal diferencial e item mais explorado pelo marketing até o momento. Para deixar o cenário ainda mais preocupante, há um grande número de reclamações de defeito de fabricação. Usuários afirmaram que o Nintendo 3DS simplesmente parou de funcionar com pouco tempo de uso.
É muita notícia ruim em pouco tempo. A dúvida que fica se elas são responsáveis integralmente pela abrupta queda nas vendas. O futuro PSP2 conseguirá dominar o mercado derrubando o império da Nintendo neste setor? Ou, o que todos temem, o consumidor não vê mais sentido em máquinas dedicadas exclusivamente para jogos e preferem que os celulares e tablet ganham mais esta função. Em qualquer contexto, o 3DS aponta para o fim da era Gameboy, no qual apenas uma máquina e empresa ditavam as regras.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast