A Nissan buscará uma revisão da estrutura acionária de sua aliança com a Renault, com o objetivo de criar uma parceria mais justa entre as duas montadoras, poucos dias após a surpreendente prisão de Carlos Ghosn, segundo pessoas a par dos planos.
A revisão vai abranger a questão dos direitos de voto, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas, pois a informação não é pública. A Renault tem mais influência na Nissan do que a empresa japonesa em seu parceiro francês, criando um desequilíbrio no relacionamento de duas décadas.
O plano sinaliza que a Nissan está se movendo rapidamente para ganhar uma posição mais forte na aliança, com Ghosn fora de cena. O executivo franco-brasileiro, que dirigiu a Renault e a Nissan durante anos e trabalhou para uma fusão das empresas, foi removido como presidente da Nissan na quinta-feira após sua prisão, no Japão, por suspeita de infrações financeiras.
LEIA TAMBÉM: A concentração de poder provocou os problemas na Nissan?
O equilíbrio de poder na Nissan agora está inclinado para o diretor-executivo, Hiroto Saikawa, que emergiu como uma a motriz por trás da investigação sobre o suposto delito de Ghosn. O lado francês, por sua vez, parece ter sido surpreendido pelos acontecimentos que se desdobram rapidamente. Saikawa, oponente de uma fusão entre as empresas, pode estar buscando melhorar a posição de barganha da montadora japonesa em uma parceria que, segundo ele, favoreceu por muito tempo o lado francês.
A Renault detém 43% da Nissan e tem o direito de votar nas decisões do conselho, enquanto a montadora japonesa detém 15% da empresa francesa, mas não tem direito a voto. Esta desigualdade existe desde que a aliança foi formada em 1999. A Mitsubishi Motors Corp. foi adicionada ao grupo em 2016.
"O comitê concordou na quinta por unanimidade que a aliança de longa data com a Renault permanece inalterada e que a missão é minimizar o potencial impacto e confusão na cooperação cotidiana entre os parceiros da aliança", disse um porta-voz da Nissan por e-mail.
LEIA TAMBÉM: A tensão entre a Nissan e a Renault se aprofunda com a prisão de Ghosn
De acordo com a legislação societária japonesa, os direitos de voto da Renault poderiam ser cancelados se a Nissan aumentasse sua participação para mais de 25% na montadora francesa. Sob as regras francesas, se a Renault reduzir sua participação na Nissan para menos de 40%, ela ajudará a montadora japonesa a obter o direito de voto na empresa francesa.
Ultimamente, a estrutura tornou-se cada vez mais controversa no Japão devido ao forte desempenho financeiro da Nissan. Embora tenha superado a Renault em vendas e lucros, a empresa japonesa tem muito menos influência dentro da aliança.
A prisão de Ghosn ressaltou ainda mais os ressentimentos que surgiram à medida que os lados japonês e francês alternavam sucessos e lutas ao longo dos anos. Há muito tempo que a Nissan está descontente com o que considera um papel francês de maior tamanho, e Saikawa fez referência a esse desequilíbrio percebido na coletiva de imprensa que ele convocou na segunda-feira para falar sobre a prisão de Ghosn.
PF indicia Bolsonaro e mais 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado
Lista de indiciados da PF: Bolsonaro e Braga Netto nas mãos de Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Lula diz que “agradece” por estar vivo após suposta tentativa de envenenamento
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast