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Depois da guerra de promoções deflagrada pelas farmácias de Curitiba no ano passado, que contou com intervenções do Procon, o mercado de medicamentos se acomoda mais uma vez em torno de duas grandes redes e registra vários fechamentos. Neste cenário, a Nissei comemora seus 20 anos e assume a liderança do mercado, à frente da Drogamed. Foi na escolha a dedo da localização das lojas que o proprietário, o descendente de japoneses Sérgio Maeoka, conseguiu aproveitar fraquezas da concorrência e crescer.

Em 1986, Maeoka chegou a Curitiba, onde recebeu uma pequena participação numa farmácia que faliu. Como ficou com o ponto, chegou a pensar em abrir uma pastelaria, mas o vendeu e fez seu primeiro caixa, de US$ 10 mil. Foi o suficiente para comprar o primeiro ponto da Nissei, num prédio antigo nas Mercês, logo transferido para a Rua Visconde de Nácar, próximo da esquina onde hoje há uma loja sua. "Dei um Chevette de entrada", brinca. Era o ano de 1988, e a loja tinha 40 m2. Na época, o especialista em negociação precisou abrir a pastelaria, que lhe permitiu sustentar a família durante o estabelecimento da farmácia, que logo ganhou duas filiais. Foram cinco longos anos em que trabalhava com medicamentos de dia e fazia massa de pastel à noite.

Em 1994, vagou um ponto ao lado das Lojas Americanas, na Rua Ébano Pereira. O preço era US$ 100 mil. "Foi o grande salto da minha vida", emociona-se Maeoka. Apesar de não ter o dinheiro na época, ele acreditou no potencial do ponto e parcelou o pagamento. Do gesto ousado surgiu sua primeira loja grande, com 300 m2. E o ponto provou ter um ótimo fluxo, rendendo mais do que as outras lojas juntas.

Em 1997 já eram oito lojas. Foi quando a Drogamed assumiu as lojas de bandeira Minerva. Mantendo sua estratégia de busca por pontos excelentes, Maeoka partiu para os consumidores "órfãos" da antiga rede, como define. Abriu lojas estratégicas, ao lado das novas Drogamed. Com isso, a Nissei pulou de 12 para 30 lojas.

Logo depois o governo estadual permitiu aos supermercados abrir farmácias, desde que em espaço físico separado. Maeoka não teve dúvidas. Fez um projeto de loja ao contrário: trazendo o supermercado para dentro da farmácia, separada por uma porta de vidro. Foi assim que começou assim a vender produtos de conveniência – perfumaria, alimentos, etc. Surgia em Curitiba a loja tipo "drugstore", de influência norte-americana, um conceito que proliferou por todo o estado. "Se a pessoa pode comprar ali mesmo um refrigerante porque está calor, isso não a fere em nada", diz Maeoka.

Outra oportunidade de crescimento veio em 1999, quando a Drogamed foi comprada pelo grupo chileno Fasa. Nessa época, a Nissei alcançava apenas 20% do faturamento do concorrente. Hoje, cinco anos depois, fatura o dobro e cresceu mais de 400%, com 2 mil funcionários em 74 lojas.

Para aproveitar o desconhecimento do concorrente do mercado curitibano, Maeoka conta que escolheu a dedo os gerentes de cada uma das lojas, mesclando funcionários novos e antigos, inclusive nas cidades de Ponta Grossa e do Litoral. "Isso mantém a doutrina da empresa", diz.

Ele também dá a dica para iniciantes: "sem R$ 100 mil de investimento em estoque você não terá tudo de que precisa. E se a loja não tiver um bom fluxo de clientes, em um ano aqueles produtos estarão vencendo, e você terá que arcar, além do prejuízo, com o custo de incineração."

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