Os resultados financeiros auditados divulgados pela Petrobras na noite de quarta-feira (22), após meses de atraso, sobre o terceiro e o quarto trimestres de 2014 decepcionaram analistas de mercado.

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A estatal teve um prejuízo de R$ 21,6 bilhões no ano passado, segundo balanço auditado, após contabilizar perdas de R$ 6,2 bilhões por corrupção e reduzir em mais de R$ 44 bilhões o valor de seus ativos. A empresa, no centro da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, não pagará dividendos referentes ao exercício de 2014 para preservar caixa, mesmo tendo mais de 100 bilhões de reais em reservas de lucros no fim de dezembro.

Petrobras abate corrupção e tem prejuízo de R$ 21,6 bi em 2014

Perdas com corrupção na estatal somam R$ 6,2 bilhões, segundo dados divulgados com 159 dias de atraso

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“Tudo isso nos deixa com a impressão de que a Petrobras irá continuar a ser ‘mais do mesmo’: fará apenas o necessário para garantir liquidez e recursos para executar investimentos, mas sem nenhuma urgência para alcançar fluxo de caixa livre positivo ou retornos elevados”, disseram os analistas Andre Sobreira e Vinicius Canheu, do Credit Suisse, em relatório a clientes.

O BTG Pactual destacou que a companhia não pagará dividendos, mesmo tendo pago participação nos lucros aos funcionários. “À primeira vista, os números realmente fracos ficaram muito abaixo do que esperávamos”, disseram os analistas do BTG Gustavo Gattass, Andres Cardona e Julia Ozenda.

O UBS salientou que o não pagamento de dividendos é muito negativo para as ações preferenciais da Petrobras, mas positivo para as ordinárias.

“Isso, no entanto, já está mais do que refletido na diferença de preços entre preferenciais e ordinárias”, disse a analista Lilyanna Yang, do UBS, em nota a clientes.

Já o Itaú disse que a divulgação dos resultados auditados é um “alívio”, mas que agora virá a parte mais difícil para a petroleira, que é atacar sua alta alavancagem.

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A relação entre dívida líquida e Ebitda alcançou 4,8 vezes ao fim de 2014 e, presumindo preços de diesel e gasolina estável até o fim de 2016 e um dólar a R$ 3,4, a alavancagem da Petrobras pode atingir 6,1 vezes até o fim do próximo ano, estimou o Itaú BBA.

“O investimento previsto é maior que os números que temos em nosso modelo, enquanto a produção sobe apenas 3 por cento até 2016: nós esperamos que o mercado leia isso negativamente”, disse a analista Paula Kovarsky, do Itaú.