Resgate
Grécia planeja criação de um "banco ruim"
Atenas - O gabinete de governo da Grécia aprovou uma lei para criação de um chamado "banco ruim", que pode assumir ativos problemáticos de empresas financeiras locais. Em um comunicado, o Ministério de Finanças do país afirmou que a lei vai permitir que ele divida um banco e crie uma "instituição financeira de transição" que ficaria sob controle do Estado.
"A lei oferece a possibilidade de criação de um banco ruim", disse uma fonte do governo que participou da reunião de gabinete. O comunicado do ministério informa que a lei colocará a Grécia em linha com outros países europeus que já estabeleceram tais bancos como Alemanha, Holanda, Reino Unido e Irlanda.
Não foram fornecidos mais detalhes no comunicado, mas o governo grego anteriormente considerou criar tais bancos para empresas financeiras estatais debilitadas que estavam prestes a ser privatizadas. Analistas dizem que a lei, que ainda não foi publicada, também pode se aplicar a empresas privadas que usam o fundo do governo destinado a dar suporte para bancos com falta de capital.
Sob o acordo de 110 bilhões de euros fechado entre a Grécia, seus parceiros da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em maio do ano passado, o país criou um fundo de 10 bilhões de euros para dar suporte a bancos gregos. Esse fundo vai, em breve, ser ampliado para 30 bilhões de euros, em meio às preocupações com a possibilidade de os bancos precisarem aumentar seu capital.
Londres - Solavancos inesperados, volatilidade intensa, especulações de todo tipo e tensão permanente. A sensação de que os investidores já assistiram a esse filme não é à toa e pode ser comprovada por números: os indicadores de estresse dos mercados estão tão elevados como na época do colapso do Lehman Brothers, em setembro de 2008.
Às vésperas do terceiro aniversário da quebra do banco norte-americano, que levou o mundo para a recessão, surgem temores de novo mergulho da economia global. Os bancos centrais são pressionados a voltar a vestir o uniforme de combate, com reedições de medidas não convencionais. O Banco Central Europeu está comprando títulos da Espanha e da Itália no mercado. Já surgem questionamentos sobre a necessidade de redução dos juros na zona do euro, enquanto o Banco da Inglaterra e o Federal Reserve convivem com a expectativa de mais alívio quantitativo.
O rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Standard and Poor's, no início do mês, provocou uma corrida por refúgios nos mercados. Ouro, franco suíço, iene e até mesmos os Treasuries passaram a disparar. O Bank of New York Mellon até mesmo passou a cobrar uma taxa dos clientes que possuem grandes posições de depósitos à vista. "É uma fuga para qualidade de proporções bíblicas", afirmou um profissional da City londrina.
Nesse cenário, analistas dispõem de uma série de ferramentas para medir o nervosismo dos negócios, algumas inclusive criativas. "Esses indicadores trazem uma leitura feia. A última vez que vimos condições assim foi depois do colapso do Lehman Brothers", diz David Bloom, estrategista de câmbio do HSBC. Para medir esses momentos, o banco tem o índice Roro (sigla em inglês para "risk on-risk off"). Segundo os estrategistas do banco, esse indicador vem subindo firmemente e agora está perto dos piores momentos vistos na crise financeira global de 2008.
O ouro está nas alturas, superou US$ 1,9 mil por onça-troy e vem sendo considerado o abrigo mais seguro neste momento. Mas outra mostra de que a tensão está elevada é quando o valor do ouro chega muito perto da platina metal considerado mais valioso e que tende a oscilar conforme a atividade econômica, já que é sensível às ordens da indústria. Nos últimos dez anos, a platina vem negociando com um prêmio em relação ao ouro, segundo o Standard Chartered. Nesse período, foram vistas poucas exceções: em dezembro de 2008 e agosto de 2011. As cotações dos dois metais se igualaram nos dias 8 e 10 deste mês.
Outro sinal de aflição é o nada animador nível do "Xover". Esse é o apelido para o indicador de crédito Crossover, que mede o comportamento de um conjunto de títulos de dívida. Na Europa, o número vem se deteriorando e o preço atual aponta probabilidade de 43% das empresas do índice darem calote nos próximos cinco anos, conforme o Deutsche Bank.
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