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No caminho da gôndola para o caixa, preço de produtos sobe

Nadia reclamou dos preços errados e ouviu respostas irônicas dos funcionários | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Nadia reclamou dos preços errados e ouviu respostas irônicas dos funcionários (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Você confere o preço do produto na gôndola do supermercado e o coloca no carrinho, mas, quando vai passar pelo caixa, ele está custando mais que o anunciado. A cena é exceção, mas nos estabelecimentos de Curitiba ocorre com mais frequência que o desejado. A Gazeta do Povo realizou um levantamento, durante um mês, em oito supermercados de Curitiba e encontrou irregularidades em seis deles, com casos de preços mais altos no caixa em relação à gôndola – para a surpresa de órgãos do consumidor, preços mais baixos que os anunciados também foram encontrados.

INFOGRÁFICO: Veja a lista dos produtos com problemas em cada supermercado visitado

Entre janeiro e fevereiro foram acompanhados o Carrefour Paro­lin, Mercadorama Novo Mun­do, Con­­dor da Avenida Brasília, Con­dor Cristo Rei, Big Portão, Walmart Jardim das Américas, Casa Fiesta Alto da XV e Festval Mercês. A maior diferença de preços foi encontrada no Carrefour, onde um pacote de queijo ralado era anunciado por R$ 1,69, mas passou por R$ 3,29 no caixa.

Na maioria dos casos, a discrepância era de uns poucos centavos. Por essa razão, o consumidor deve redobrar a atenção para, no fim da compra, não acumular prejuízo. O ideal é avisar, ainda no caixa, a diferença entre os valores. Com isso, o fornecedor é obrigado a retificar o preço informado pelo consumidor. Entretanto, caso se perceba a divergência só mais tarde, ainda é possível voltar ao estabelecimento para pedir o valor pago a mais.

A chefe da Divisão Jurídica do Procon-PR, Cila dos Santos, orienta o consumidor a anotar os preços enquanto faz as compras para poder fazer a comparação. "No caixa é possível pedir a correção e o estabelecimento é obrigado a fazer a troca de preços", salienta Cila.

Casos

No Carrefour Parolin, quando avisada da diferença, a operadora de caixa chamou a gerente para pedir autorização para a mudança de preços. A gerente perguntou à caixa se ela havia faltado à última reunião, em que ficou definido que, para produtos com o valor de até R$ 10, não era necessário pedir permissão para a troca, nem a conferência com a gôndola: bastava trocar pelo preço informado pelo consumidor.

Para a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consu­midor (Idec) Mariana Ferraz, situações como essas demonstram que esse tipo de problema é mais frequente do que o consumidor imagina. "Esses são indicativos de que a prática pode ser reiterada, o que exige das pessoas mais desconfiança, principalmente em relação a promoções", lembra.

No Walmart do Jardim das Américas, o que chamava atenção era a placa que comparava o preço do estabelecimento com o da concorrência. O pão de queijo, que no Walmart custaria R$ 14,91 por quilo, era confrontado com o concorrente, onde a mesma quantidade do produto custava R$ 15,90. Entretanto, na etiqueta, o quilo do pão de queijo valia R$ 16,80. Para a advogada do Procon-PR, o caso pode ser enquadrado como propaganda enganosa. "O cartaz induz o consumidor ao erro", afirma.

Serviço:

O Procon-PR: 0800-411512, de segunda a sexta-feira, entre as 8h30 e 18 horas. Em Curitiba, o órgão de defesa do consumidor fica na Rua Presidente Faria, 431, Centro. O site www.procon.pr.gov.br tem o endereço nas demais cidades do Paraná.

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Colaboraram Alexandre Costa Nascimento, Aline Peres, Fernando Jasper e Marcio Antonio Campos.

Embalagem "econômica" deixa cliente no prejuízo

A nutricionista Nadia Aleixo foi ao Mercadorama do Seminário e teve uma surpresa ao fazer uma conta comparando o preço da embalagem normal com a econômica do coxão mole. Na embalagem econômica (em que se compra uma quantidade maior do produto pagando um preço menor por unidade ou medida), o quilo da carne custava R$ 23,98. Na embalagem normal, no entanto, o quilo custava R$ 20,68 – 13,8% menos que na versão "econômica".

Incomodada com a situação, ela reclamou à gerência do supermercado para que fossem mudadas as etiquetas de todas as embalagens. Nadia conta que o estabelecimento não quis fazer a retificação das etiquetas e disse ainda que foi questionada se ela era alguma fiscal. "Você acredita estar economizando, mas, quando vê os valores, são diferentes na embalagem dita econômica. Fiquei furiosa quando ele disse que o supermercado pode cobrar o preço que quiser. Só saí de lá quando retiraram as bandejas, agora não sei se retificaram", lamenta.

A advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consu­midor (Idec) Mariana Ferraz ressalta que a nutricionista tomou a atitude correta. "Os consumidores e as empresas precisam saber que sim, todos somos fiscais. O que ela fez foi correto e é um exemplo do que se deve fazer ao notar uma irregularidade", destaca Mariana. "O caso, porém, não pode ficar só aí: é preciso denunciar os problemas ao Procon", complementa.

Nadia conta, entretanto, que é difícil fiscalizar os supermercados em todas as compras. "O problema é que a gente sai correndo do trabalho para passar no supermercado e não presta atenção, você acaba achando que o preço que estão cobrando está correto. No caixa, a pessoa vai registrando e você vai colocando os produtos na sacola, não conseguimos nos lembrar de tudo. Acho que as empresas deveriam mudar a filosofia de querer levar a melhor", recomenda a consumidora.

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