O Brasil pode entrar na contramão da política monetária global. Se confirmada a expectativa de aumento da taxa Selic, o juro brasileiro subirá em um movimento oposto ao visto na maioria das grandes economias.Enquanto alguns países estudam medidas e outros adotam ações para dar velocidade à economia, o Brasil se prepara para ingressar no reduzido grupo da Argentina e Rússia, únicos países do G-20 que subiram o juro nos últimos dois anos.
Economias centrais e emergentes seguem às voltas com a crise e a sensação de superação dos problemas parece distante. Os maiores exemplos são os solavancos nos EUA e a frágil periferia que reaviva problemas europeus. Até mesmo a China tem sido motivo de frustração ao sinalizar que o crescimento no ritmo de dois dígitos parece mais longe. Por isso, o rumo do juro tem sido para baixo.
Pesquisa feita pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, mostra que o corte de juro foi o movimento mais recente de política monetária em 16 países no grupo das 20 maiores economias do planeta. Alguns países, inclusive, anunciaram medidas de incentivo recentemente.
Há 28 dias, o Banco Central da Índia anunciou o segundo corte seguido do juro, para 7,5%. Ao explicar a redução de 0,25 ponto, a instituição afirmou que "a situação dos mercados melhorou, mas a atividade global está mais fraca e, no quadro interno, o crescimento também desacelerou significativamente". Por isso, foi possível reagir.
Dias antes, na Cidade do México, o mercado foi pego no contrapé quando o BC anunciou a redução da taxa em 0,5 ponto, para o piso histórico de 4%. A explicação foi estrutural: caiu porque a política econômica deu certo e abriu espaço para um custo do dinheiro menor.
O Japão anunciou no início do mês um programa para injetar US$ 1 4 trilhão na economia para tentar acabar com a deflação e estimular a atividade. Na Europa, o BC pode adotar novas medidas e o mercado espera novidades nos próximos meses. Nos EUA, apesar dos alertas de que ações expansionistas podem diminuir, analistas não preveem reversão antes do fim do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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