Uma mudança de hábitos do consumidor está trazendo novidades no ramo da joalheria, um dos mais tradicionais e conservadores mercados da área de moda. Graças ao preço baixo e ao medo que muitos têm de ostentar peças de ouro, a prata está ganhando a preferência dos compradores, principalmente dos mais jovens. O uso de acessórios menores vários brincos na mesma orelha e piercings, por exemplo também contribui para o crescimento milionário de empresas como a Prata Fina, de Curitiba, cujas vendas aumentam em 50% ao ano, desde 2003. Neste ano vendeu em média 50 mil peças por mês. Com produtos que variam de R$ 3 a R$ 300, a maior parte das compras é de R$ 20. Como são 50 mil peças por mês, pode-se supor que o faturamento, não revelado, seja superior a R$ 1 milhão ao mês.
A marca, que surgiu em 1998 em uma loja de 13 m·, na Rua Jesuíno Marcondes, em Curitiba, abre sua vigésima porta no próximo mês, no shopping Estação. A quase hegemonia da prata nas orelhas, pescoços, dedos e pulsos curitibanos lhe deve muito, principalmente por saber ganhar a preferência com o estímulo de novos hábitos. Foi assim com as alianças de compromisso para namorados. "Conseguimos mostrar aos jovens que, se o ouro é para noivos e casados, a prata poderia ser usada por namorados", conta João Mattos, proprietário. "Depois, o pode virou deve e hoje se usa a partir dos 12 anos de idade."
Os anéis para os dedos dos pés e a linha de artigos religiosos seguem no mesmo trilho. Os piercings seguem a mesma linha e já são 2,5 mil unidades por mês. Além do uso pessoal, esses produtos se tornaram uma opção de presente, pois é barato e bem embalado. "Nosso negócio é o presente", confirma João Mattos.
"Hoje ninguém tem coragem de usar ouro, que chama muito a atenção", lembra Mattos. A prata que pega ônibus e vai à escola também não é ostensiva e brinca com o estilo bijuteria. A conquista do consumidor ainda passa pela oferta de consertos daquelas peças que antes ficavam perdidas em porta-jóias, uma idéia que conquistou a simpatia do comprador. "Sai por menos de R$ 5", garante.
Com todo esse sucesso, a Prata Fina já rejeitou 500 pedidos de venda de franquias, sendo que dois vieram de brasileiros morando nos EUA e no Japão. O motivo da recusa foi a incapacidade de atender todo esse mercado. De produção própria, são só as alianças de compromisso, 5% do total. Os outros produtos vêm de 200 fornecedores de todo o país, entre fábricas e pequenos artesãos.
Um desafio para os próximos anos é ganhar os homens. "Podemos crescer mais na medida em que os homens reconheçam a jóia como um presente de valor, mas não caro", espera o empresário. Esse público alvo já ganhou uma linha de peças só para eles, em aço, a Steel Man. Em todas as lojas da marca, em Curitiba, São José dos Pinhais, Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Itajaí, Mattos procura colocar um homem entre as vendedoras. "São nossos mostruários para garotos e também para garotas que querem comprar um presente para o namorado." A administradora Mariane Marquardt, 23 anos, só usa peças de prata. As opções de brinco na gaveta são 18, a maior parte comprada na Prata Fina. "Acho mais bonito e está mais na moda", explica.
A precursora da moda prateada, na década de 70, foi a Boutique da Prata, que hoje tem duas lojas em Curitiba. "Vendemos peças exclusivas, que enfeitam do mesmo jeito que o ouro", lembra uma das proprietárias, Patrícia Boscolo. A tendência trouxe muitas outras marcas, como a Prata Pura, que abriu uma loja em 2001. "Quem começou a usar foram os surfistas. Depois vieram as mulheres, que queriam peças maiores aliadas a outros materiais, o que combina com a prata", analisa a proprietária, Lúcia Cardinale.
Ouro
Quem vende só ouro não se incomoda com a febre. "Temos um público cativo que presenteia para uma pessoa mais íntima, uma ocasião mais especial", garante o proprietário da RG Joalheiros, Miguel Suss. "A prata não concorre conosco, e sim com perfumes, roupas e buquês de flores."
Para Marcelo Bergerson, da marca que leva seu sobrenome, uma pequena parcela substituiu o ouro branco pela prata. "Mas não foi uma moda que nos tirou mercado", diz. O preço do grama de ouro, explica, por R$ 40, ao passo que o da prata é de R$ 1. Com isso, pode-se comprar um pingente de prata por R$ 5, enquanto o equivalente em ouro sai por R$ 40. Bergerson lembra ainda que há menos de um ano o ouro amarelo voltou a aparecer nas passarelas.
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