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Origem da crise

Sony acusa Anonymous, que diz não ter culpa

A Sony está tentando jogar a culpa do ataque ao PlayStation Network para o Anonymous, grupo de ativistas hackers que prometeu vingança contra o processo sofrido por George Hotz, o GeoHotz, hacker que destravou o PlayStation 3 para rodar Linux (e também jogos piratas) e foi processado pela empresa.

O Anonymous chegou a derrubar o site da empresa no início do mês através de ataques DDoS, em que múltiplos acessos tiram a página do ar. Mas, até agora, o grupo se limitava a esse tipo de ação – e não a um crime grave como roubo de dados.

Denúncia

A Sony disse ao congresso americano que acredita que o grupo seja o responsável porque achou em seus servidores um arquivo chamado Anonymous, em que estava escrito "We are Legion" ("Nós somos Legião", lema do grupo).

O Anonymous, no entanto, disse que desta vez não fez nada, e George Hotz não deixou o assunto passar em branco. "Eu estou feliz de não ter uma conta PSN agora", escreveu em seu blog, embora deixasse claro que condenava o ataque e se solidarizava com as vítimas.

Invasão do PlayStation Network causa preocupação em usuários

Véspera de feriado de Páscoa. O diretor de arte Lierson Mat­tenhauer queria se acabar com o novo "Mortal Kombat". Mas quando foi jogar, não conseguiu logar na Playstation Net­work (PSN). A notícia veio via Twitter e Facebook: a rede havia caído. Era grave. A PSN ter saído do ar, no fim, foi o menor dos pro­­blemas. Assim como Mat­tenhouter, estima-se que 100 milhões de membros da rede tiveram dados como nome, en­­dereço, telefone e número do cartão de crédito expostos em uma falha de segurança quase sem precedentes.

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O mercado de serviços de localização se tornou um negócio lu­­crativo em função da popularização de aparelhos móveis co­­nectados à internet. Hoje, esse mercado gira, segundo a consultoria Gartner, cerca de US$ 2,9 bilhões – e poderá chegar a US$ 8,3 bilhões até 2014.

Quem previu isso, se deu bem. A Skyhook, empresa de Boston, nos Estados Unidos, criou ainda em 2003 a técnica chamada "wardriving": um carro anda por todos os lugares captando sinais wi-fi e arquivando em um banco de dados a localização de cada um. Esse "acervo" tem hoje cerca de 500 milhões de pontos. O serviço via triangulação wi-fi é, na teoria, mais eficiente em ambientes urbanos e lugares cobertos do que o GPS, que depende de satélites, o que torna o processo mais demorado. É o chamado A-GPS, ou "GPS assistido", que soma as duas técnicas e gera re­­sultados mais rápidos e precisos. Para que isso funcione, no en­­tanto, é necessário que a fa­­bri­­cante do aparelho tenha uma base grande de redes sem fio.

Quem não tem, compra. É o que faz a Motorola hoje e o que fazia a Apple até 2010, quando deixou de pagar à Skyhook e criou o seu próprio banco de da­­dos, a partir de dados enviados de milhões de iPhones pelo mundo.

De olho nesse mercado, o Google começou a rodar seus carros do StreetView, que além de capturar imagens em 360° das ruas de várias cidades do planeta, também saía captando sinais de redes sem fio. Hoje, a gigante de buscas tem, aproximadamente, 300 milhões de pontos wi-fi.

A Skyhook chegou a processar o Google no ano passado alegando violação de patente do sistema de captação de pontos de acessos wi-fi e por interferir em seus negócios com a Motorola, segundo reportagem do jornal The Wall Street Jour­nal. A fa­­bri­­cante de celulares, que utilizava os serviços (pagos) da Sky­hook, havia passado a usar a base de dados (gratuita) do Google.

Por causa do processo, al­­guns e-mails trocados internamente no Google foram requisitados pela Justiça norte-americana e chegaram à imprensa. O WSJ publicou trechos de mensagens trocadas entre Larry Page, atual CEO (cargo ocupado na época por Eric Schmidt), e Steve Lee, gerente de produtos do Google. No documento, discutiu-se as razões de a Motorola optar pela Skyhook primeiro; lamenta-se a interrupção do StreetView em 2010 por causa dos vários processos judiciais movidos por países como a Alemanha (descobriu-se que o Google interceptava não só os sinais, mas dados privados dos usuários) e exalta-se ainda a im­­portância dos dados "extremamente valiosos" para o futuro da empresa e do Android.

Pesquisa da comScore mos­­tra que aparelhos com Android detêm hoje a maior fatia desse mercado, com 34,7% (dados de março/2011). A Apple ocupa a terceira posição, com 25,5%.

Apple e Google são questionados sobre políticas de privacidade

A exemplo do que aconteceu há poucos dias com a Sony, por causa do sistema Playstation Network, a Apple e o Google tam­­­­bém foram questionados sobre suas políticas de privacidade e real capacidade de ar­­mazenarem dados pessoais de milhões de consumidores em todo o mundo com segurança. A credibilidade dessas empresas foi abalada nas últimas se­­manas, quando notícias de que tanto Apple quanto Google coletavam e arquivavam dados da localização obtidos a partir de aparelhos iPhone ou com sistema operacional Android.

O problema foi revelado no dia 20 de abril, quando os pesquisadores Alasdair Allan e Pete Warden apresentaram um trabalho no encontro de desenvolvedores de geolocalização Where 2.0, na Califórnia. O es­­tudo demonstrava, a partir do iPhone Tracker, um aplicativo simples criado por eles, que a Apple mantinha secretamente nos aparelhos iPhone e iPad 3G um arquivo não encriptado com informações sobre a localização do aparelho durante um ano. O usuário poderia fa­­cilmente ver um mapa com os locais por onde o aparelho passou.

Depois outro pesquisador descobriu que o aparelhos da HTC, equipados com Android também enviavam dados de suas localizações para o Google. No dia seguinte, 23, nos Estados Unidos, Al Fran­ken, presidente do subcomitê de Privacidade, Tecnologia e Legislação do Senado dos Esta­­dos Unidos, já enviava cartas convocando as duas empresas para uma audiência no dia 10 de maio para prestar esclarecimento sobre o caso no Congres­so. Enquanto isso, usuários ir­­ritados com a gravação de seus itinerários abriram processos na Justiça contra as duas em­­presas

Após o primeiro impacto, soube-se que as tais "indicações", na verdade, não eram exatamente a localização do aparelho e de seu dono, mas sim de pontos de acesso wi-fi detectados pelos celulares. Isso porque aparelhos móveis com capacidade de conexão (sejam celulares, laptops ou desktops) podem identificar redes próximas.

Falha

A Apple assumiu as "falhas" reconhecendo que a gravação do histórico fica armazenada por um tempo longo demais e que o aparelho continua a coletar as informações mesmo de­­pois de o rastreamento ser de­­sativado, mas disse que os problemas foram corrigidos com a atualização do iOS, liberada na quarta-feira da semana passada. Agora o iOS se lembrará apenas do trajeto dos últimos sete dias. O histórico será deletado assim que a opção de serviço for desligada pelo usuário.

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