O dia nos mercados financeiros foi de fortes quedas, como previsto por analistas desde a sexta-feira, na primeira sessão após a decisão da agência Standard & Poors de rebaixar a nota de crédito dos Estados Unidos. No Brasil, a BM&F Bovespa teve a maior queda desde outubro de 2008. Nos EUA, o índice Dow Jones registrou a pior desvalorização desde dezembro do mesmo ano.
O dia foi marcado pela fuga dos investidores para ativos considerados mais seguros, como o ouro e até mesmo os agora rebaixados títulos da dívida norte-americana. Nos Estados Unidos, o Dow Jones teve queda de 5,5%, para 10.809 pontos foi a primeira vez que o índice caiu abaixo de 11 mil pontos desde novembro de 2010. Na Europa e na Ásia, as principais bolsas encerraram o dia com perdas entre 2% e 5%.
Entre as principais bolsas do planeta, a queda mais forte foi justamente a da brasileira, em razão de sua elevada liquidez e de sua dependência de commodities, produtos que são menos consumidos em tempos de desaceleração econômica global. No fechamento, a Bovespa despencou 8,08%, o pior tombo desde 22 de outubro de 2008 (-10,18%), quando o "circuit breaker" interrupção forçada dos negócios foi acionado pela última vez.
Ao fechar em 48.668 pontos, a bolsa brasileira atingiu o menor nível desde 30 de abril de 2009. Na mínima da sessão, o Ibovespa chegou a registrar baixa de 9,74%. No mês de agosto, a desvalorização acumulada chega a 17,26% e, em 2011, a praticamente 30%.
Nervosismo
A mudança na nota dos EUA não representou uma total surpresa, mas foi anunciada em um momento em que os investidores já estavam nervosos com a fraca recuperação do país, os problemas de endividamento na Europa e o ritmo da economia do Japão.
A queda nas bolsas começou na Ásia. A Bolsa de Seul fechou o pregão com baixa de 3,82%, e a de Tóquio, em queda de 2,18%. Os mercados europeus abriram mais tarde e também caíram, com Londres em baixa de 3,39% e Frankfurt com queda de 5,02%.
Segurança
As memórias da crise financeira de 2008 levaram os investidores a sair dos investimentos de risco e buscar aqueles considerados seguros. O ouro, que os investidores tradicionalmente procuram quando querem um investimento seguro, subiu acima de US$ 1,7 mil a onça (31,1 gramas) pela primeira vez na história nesta segunda. O preço do metal subiu 4,20%, para US$ 1.718. Considerados os ajustes de inflação, no entanto, o preço continua abaixo do recorde de 1980.
"Sempre seremos uma nação AAA", diz Obama
O presidente dos EUA, Barack Obama, criticou ontem a decisão da S&P de rebaixar a nota da dívida americana de AAA para AA+. "Não importa o que uma agência pode dizer, nós sempre fomos e sempre seremos uma nação AAA. Apesar de todas as crises que passamos, temos as melhoras universidades, as melhores empresas, e os mais inventivos empreendedores", disse Obama. O presidente afirmou ainda que, apesar da redução da nota americana, os mercados ainda acreditam no crédito americano e que os EUA continuam um país seguro para os investidores.
O megainvestidor Warren Buffett, dono de uma fortuna superior a US$ 50 bilhões, concorda com Obama. Ele disse ontem que não tem dúvidas de que os títulos americanos ainda são "triplo A" e também criticou o rebaixamento. "Eu não sonharia em aplicar em nenhum outro lugar", disse Buffett, complementando que o Berkshire, seu fundo de investimentos, ainda está comprando os títulos americanos, mesmo que os juros tenham caído consideravelmente.