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MERCADOS

No pior dia desde o caos de 2008, Bovespa perde 8% e quase trava

Operadores da Bolsa de Nova York: fuga de ativos de risco provocou a maior desvalorização desde 2008 | Mario Tama/AFP
Operadores da Bolsa de Nova York: fuga de ativos de risco provocou a maior desvalorização desde 2008 (Foto: Mario Tama/AFP)

O dia nos mercados financeiros foi de fortes quedas, como previsto por analistas desde a sexta-feira, na primeira sessão após a decisão da agência Standard & Poor’s de rebaixar a nota de crédito dos Estados Unidos. No Brasil, a BM&F Bovespa teve a maior queda desde outubro de 2008. Nos EUA, o índice Dow Jones registrou a pior desvalorização desde dezembro do mesmo ano.

O dia foi marcado pela fuga dos investidores para ativos considerados mais seguros, como o ouro e até mesmo os agora rebaixados títulos da dívida norte-americana. Nos Estados Unidos, o Dow Jones teve queda de 5,5%, para 10.809 pontos – foi a primeira vez que o índice caiu abaixo de 11 mil pontos desde novembro de 2010. Na Europa e na Ásia, as principais bolsas encerraram o dia com perdas entre 2% e 5%.

Entre as principais bolsas do planeta, a queda mais forte foi justamente a da brasileira, em razão de sua elevada liquidez e de sua dependência de commodities, produtos que são menos consumidos em tempos de desaceleração econômica global. No fechamento, a Bovespa despencou 8,08%, o pior tombo desde 22 de outubro de 2008 (-10,18%), quando o "circuit breaker" – interrupção forçada dos negócios – foi acionado pela última vez.

Ao fechar em 48.668 pontos, a bolsa brasileira atingiu o menor nível desde 30 de abril de 2009. Na mínima da sessão, o Ibovespa chegou a registrar baixa de 9,74%. No mês de agosto, a desvalorização acumulada chega a 17,26% e, em 2011, a praticamente 30%.

Nervosismo

A mudança na nota dos EUA não representou uma total surpresa, mas foi anunciada em um mo­­mento em que os investidores já estavam nervosos com a fraca recuperação do país, os problemas de endividamento na Euro­pa e o ritmo da economia do Japão.

A queda nas bolsas começou na Ásia. A Bolsa de Seul fechou o pregão com baixa de 3,82%, e a de Tóquio, em queda de 2,18%. Os mer­­cados europeus abriram mais tarde e também caíram, com Londres em baixa de 3,39% e Frankfurt com queda de 5,02%.

Segurança

As memórias da crise financeira de 2008 levaram os investidores a sair dos investimentos de risco e buscar aqueles considerados seguros. O ouro, que os investidores tradicionalmente procuram quando querem um investimento seguro, subiu acima de US$ 1,7 mil a onça (31,1 gramas) pela primeira vez na história nesta segunda. O preço do metal subiu 4,20%, para US$ 1.718. Consi­derados os ajustes de inflação, no entanto, o preço continua abaixo do recorde de 1980.

"Sempre seremos uma nação AAA", diz Obama

O presidente dos EUA, Barack Obama, criticou ontem a decisão da S&P de rebaixar a nota da dívida americana de AAA para AA+. "Não importa o que uma agência pode dizer, nós sempre fomos e sempre seremos uma nação AAA. Apesar de todas as crises que passamos, temos as melhoras universidades, as melhores empresas, e os mais inventivos empreendedores", disse Oba­ma. O presidente afirmou ainda que, apesar da redução da nota americana, os mercados ainda acreditam no crédito americano e que os EUA continuam um país seguro para os investidores.

O megainvestidor Warren Buffett, dono de uma fortuna superior a US$ 50 bilhões, concorda com Obama. Ele disse ontem que não tem dúvidas de que os títulos americanos ainda são "triplo A" e também criticou o rebai­xa­­mento. "Eu não sonharia em aplicar em nenhum outro lugar", disse Buffett, complementando que o Berkshire, seu fundo de investimentos, ainda está comprando os títulos ame­ricanos, mesmo que os juros tenham caído consideravelmente.

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