A turbulência enfrentada pelas bolsas de valores de todo o mundo a partir de terça-feira passada, em razão da crise das bolsas asiáticas, refletiu-se no resultado da semana que terminou, nos mercados globais.
Em Xangai, onde teve início o dominó das fortes desvalorizações, a bolsa registrou alta de 1,2% nesta sexta-feira, depois de cair quase 9% somente na terça. No acumulado da semana, houve baixa de 8,06%. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou o dia em queda de 1,35% e a semana em queda de 4,92%.
O mercado, especificamente nesta sexta-feira, acompanharam as perdas das bolsas americanas, afetadas pela má performance de ações ligadas ao setor de tecnologia e pela desvalorização do dólar perante o iene. O Dow Jones caiu 0,98%, a 12.114 pontos; o Nasdaq recuou 1,51%, a 2.368 pontos; o S&P, por sua vez, caiu 1,14%, a 1.387 pontos.
No acumulado da semana, no entanto, o Dow Jones acumula desvalorização de 4,22%, a maior dos últimos quatro anos. O Nasdaq registra perda ainda maior: 6,22% e o S&P, 4,75% negativos.
BOVESPA - Em São Paulo, a performance não foi diferente. O principal índice da bolsa paulista, Ibovespa, registra queda acumulada de 7,92% na semana, quase igual à sua congênere chinesa. A grande diferença, no entanto, é que Xangai acumula alta de 13,78% no ano e de 93,76% nos últimos 12 meses, enquanto o Ibovespa cai 4,73% no ano e sobe 8,15% nos últimos 12 meses.
Nesta sexta-feira, outro dia de forte volatilidade, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 2,64%, com 42.370 pontos e volume financeiro de R$ 4,476 bilhões. O risco-país subiu 3,59% no dia e chegou aos 201 ponto básicos.
DÓLAR - O dólar, por sua vez, subiu e acumulou alta de 2,01% em uma semana turbulenta , que assistiu à volta da aversão ao risco entre os investidores estrangeiros após uma forte queda na Bolsa de Xangai, a valorização do iene e o temor de uma recessão nos Estados Unidos.
A moeda americana exibiu alta de 0,61% nesta sexta, vendida a R$ 2,1320, após mais um dia de ajustes no mercado global, com os investidores buscando ativos mais seguros. É a maior cotação desde o dia 29 de janeiro, quando a divisa era vendida a R$ 2,1360.
Segundo o analista de investimentos do banco Modal, Eduardo Roche, o mercado americano também registrou algumas operações de "carry-trade". Ou seja, investidores que zeram operações de captação de recursos em países com baixas taxas de juros, como Japão, para aplicar em renda fixa em países onde a remuneração é maior, ou em renda variável. Com isso, ocorre uma forte saída de capital de países emergentes e das bolsas americanas.
Na hora em que há esse desmanche de posição, outros mercados são atingidos, como o de moeda e de bolsa, porque os fundos têm perdas de um lado que acabam tentando compensar com outras operações Roche.
No Brasil, o mercado também repercutiu a saída do diretor de política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua . Os contratos mais líquidos, com vencimento em janeiro de 2008, fecharam em queda de 0,04 ponto percentual, a 12,11% ao ano.
O mercado pode entender que, com a saída dele, o governo poderá acelerar o ritmo de corte da taxa de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem. Isso sempre gera mais um ponto de interrogação e de estresse num momento em que o cenário já é de volatilidade observa o sócio-diretor da Rio Gestão, Andre Querne.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no entanto, afirmou que a política da instituição não será alterada .
PETRÓLEO - Os preços do petróleo caíram abaixo dos US$ 62 dólares por barril nesta sexta-feira, em meio à continuação da turbulência econômica nos mercados acionários globais. As perdas foram, no entanto, limitadas pela redução nos estoques de gasolina nos Estados Unidos.
O petróleo nos EUA caiu us$ 0,36, para us$ 61,64 por barril, após os US$ 62 registrados no fechamento da quinta-feira, o maior valor desde 22 de dezembro. Em Londres, o Brent caiu US$ 0,03, a US$ 62,08 dólares por barril.