Com o movimento perdendo força em todo o país, caminhoneiros do Sul anunciaram uma trégua aos bloqueios em rodovias nesta terça-feira (3). Eles, porém, aguardam uma decisão do governo federal até o próximo dia 10 sobre duas reivindicações: a redução no preço do diesel e a criação de uma tabela de preço mínimo do frete.
Caminhoneiro é preso após atropelar outro motorista em bloqueio no Paraná
Caso ocorreu nesta segunda-feira (2), na PR-495, entre os municípios de Medianeira e Missal, no oeste do estado
Leia a matéria completaNão havia mais bloqueios de rodovias federais no Paraná e em Santa Catarina na tarde desta terça, segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal. Apenas o estado do Rio Grande do Sul tinha cinco pontos de manifestação. Apesar disso, casos de violência foram registrados no Paraná e no Rio Grande do Sul.
Segundo Tobias Brombilla, diretor da Associação dos Caminhoneiros de Rodeio Bonito, no norte do RS, “até segunda ordem”, os caminhoneiros suspenderam as manifestações e bloqueios. “Esperamos uma decisão do governo quanto às nossas reivindicações”, disse.
Vilmar Bonora, um dos líderes do movimento em São Miguel do Oeste, no oeste de SC, afirmou que a trégua é para não castigar a população, por causa do desabastecimento que ocorre em algumas regiões dos estados. “Mas estamos prontos para voltar se o governo não se posicionar até o próximo dia 10”, afirmou.
Os representantes da categoria dizem que as mudanças na chamada Lei dos Caminhoneiros, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, não foram suficientes. As alterações permitem, entre outros pontos, trafegar com mais carga que o permitido e isentar do pedágio os eixos dos veículos que não estiverem sendo usados, não são suficientes.
Movimento dividido
Nem a trégua nem a continuidade do movimento são consenso entre os caminhoneiros. O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, criticou a violência nos protestos e afirmou que as manifestações “espontâneas e individuais” dos caminhoneiros pelo país saíram do controle. Segundo ele, isso ocorreu muito rapidamente com “adesões não muito compreendidas e bandeiras com outros interesses”.
Bueno explicou que uma das reivindicações, a do aumento do frete, não compete ao governo federal. Isso, segundo ele, é uma negociação entre caminhoneiros e as transportadoras, apesar do compromisso do governo em intermediar um acordo. Com relação à redução no preço do diesel, a presidente Dilma já afirmou que o governo não tem como atender o pedido.
Bueno afirmou que a CNTA não foi a organizadora das manifestações, e sim a instituição responsável por apresentar as reivindicações dos caminhoneiros autônomos ao governo federal. “Não vejo mais um movimento expressivo. A gente sabe como começa esse tipo de protesto, mas nunca sabemos como termina”, afirmou ele.
Ele criticou a ida de caminhoneiros para protestos em Brasília. “O fato, por exemplo, de seguir em marcha até Brasília, é uma contradição. Se os caminhoneiros reclamam que não têm dinheiro, que a remuneração com os fretes é baixa, como eles vão desembolsar até R$ 6 mil para participar das manifestações na capital? Temos que defender os interesses reais da categoria.”
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