Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson, vencedores do Nobel de Economia deste ano| Foto: Nobel Prize Outreach/ Niklas Elmehed
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O Prêmio Nobel de Economia deste ano laureou três pesquisadores – Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson – que demonstraram que sociedades com um Estado de Direito pobre e instituições que exploram a população não geram prosperidade. Por outro lado, as instituições sociais com papel regulador e promotor de crescimento ou mudança para melhor são chaves para a riqueza de um país.

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Daron Acemoglu, nasceu em 1967 em Istambul, na Turquia. Tem doutorado pela Escola de Economia e Ciência Política de Londres e, atualmente, é professor do  Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA.

Simon Johnson, nascido em 1963, é natural de Sheffield, no Reino Unido. É doutor pelo MIT, onde também leciona. James A. Robinson, que nasceu em 1960, tem doutorado pela Universidade de Yale e atua como professor na Universidade de Chicago, ambas nos EUA.

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Os vencedores do Nobel de Economia deste ano desenvolveram ferramentas teóricas que podem explicar por que há diferenças tão vastas de prosperidade entre nações. Ao examinar os vários sistemas políticos e econômicos introduzidos durante o processo de colonização europeia, sua pesquisa demonstra que há uma relação direta entre as instituições, sua manutenção e a prosperidade.

Locais onde os colonizadores apenas queriam extrair recursos e explorar a população tenderam a não se desenvolver tanto. Outros países, onde houve a formação de sistemas políticos e econômicos inclusivos para o benefício de longo prazo dos migrantes, alcançaram resultados diferentes.

Assim, mesmo que inicialmente a situação da colônia fosse de pobreza, a criação de instituições inclusivas resultou ao longo do tempo em uma população próspera. E o contrário também é válido. Por esta razão, antigas colônias que antes eram ricas, mas nas quais foi promovido o sistema exploratório, empobreceram.

Algumas nações conseguem sair do ciclo exploratório e criar novas instituições

Os ganhadores do Nobel da Economia também desenvolveram uma estrutura teórica que explica por que algumas sociedades ficam presas às “instituições extrativas”, e porque escapar dessa armadilha é tão difícil.

Segundo seu estudo, ao contrário das instituições inclusivas, que geram riqueza e benefícios para todos, as instituições extrativas foram criadas para fornecer apenas ganhos de curto prazo para as pessoas que detêm o poder.

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Nessas situações, enquanto o sistema político garantir que o mesmo grupo permaneça no comando, ninguém confiará em suas promessas de futuras reformas econômicas. De acordo com os laureados, é por isso que nenhuma melhoria ocorre e a razão pela qual determinados países ficaram atrelados às instituições extrativas e, portanto, ao baixo crescimento econômico.

No entanto, a própria incapacidade dos governantes de promover mudanças positivas e sua falta de credibilidade também pode explicar por que a democratização ocasionalmente ocorre.

De acordo com a pesquisa, quando há uma ameaça de revolução, as pessoas no poder enfrentam um dilema: elas buscam permanecer em suas posições de comando e tentam apaziguar as massas, por meio de reformas econômicas.

No entanto, acostumada à exploração e ao descrédito com relação aos políticos, é pouco provável que a população acredite que as novas promessas, de fato, não levarão de volta ao antigo sistema assim que a situação de revolta se acalmar.

Por seu lado, os próprios detentores do poder não acreditam que serão recompensados pela população caso criem um sistema mais justo, baseado na lei. Isso é conhecido como o problema do comprometimento.

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A dificuldade em superá-lo significa que as sociedades ficam presas a instituições extrativistas, pobreza em massa e uma elite rica. Desta forma, o único desfecho possível seria a transferência de poder e o estabelecimento de uma democracia.

Mesmo que a população de uma nação não democrática não tenha poder político formal, ela ultrapassa em número a elite governante e, por essa razão, pode provocar revoluções para demovê-la do poder, instituindo um governo democrático.

Como a mortalidade de colonos afetou o perfil das instituições criadas

De acordo com a pesquisa dos vencedores do Nobel de Economia, a principal  explicação para o tipo de instituições coloniais criadas é o número de colonos permanentes em cada colônia. Quanto mais colonos europeus, maior a probabilidade de estabelecer sistemas econômicos que promovessem o crescimento econômico de longo prazo.

Outro fator que contribuiu para o estabelecimento de diferentes instituições foi a gravidade das doenças que se espalharam pelas colônias. A prevalência de doenças mortais variou muito entre as áreas colonizadas.

De acordo com o estudo, nos locais onde as doenças eram mais perigosas para os colonizadores foram criadas instituições extrativistas. Atualmente, são aqueles onde se encontram sistemas econômicos disfuncionais e a maior pobreza, bem como a maior corrupção e o estado de direito mais fraco.

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De acordo com a Academia Sueca da Ciêncis, Acemoglu, Johnson e Robinson descobriram uma clara cadeia de causalidade que explica a situação de riqueza e pobreza das nações.

Nogales, no México, apresenta duas realidades distintas e simultâneas

Em uma de suas obras, os premiados usaram a cidade de Nogales, na fronteira entre os EUA e o México, como exemplo. A cidade é cortada ao meio por uma cerca, sendo que metade se encontra em solo americano e a outra em território mexicano.

A parte de Nogales que se estende no Arizona, EUA, vive uma realidade de prosperidade. Seus moradores são relativamente ricos, têm uma expectativa de vida média longa e a maioria das crianças recebe diplomas do ensino médio. Os direitos de propriedade são seguros e as pessoas sabem que poderão aproveitar a maioria dos benefícios de seus investimentos. Eleições livres oferecem aos moradores a oportunidade de substituir políticos com os quais não estão satisfeitos.

Na porção sul da cidade, situada na região de Sonora, México, a realidade é outra. Embora esta seja uma zona relativamente rica, os moradores são consideravelmente mais pobres do que aqueles que habitam do lado norte da cerca. O crime organizado torna arriscado iniciar e administrar empresas. Políticos corruptos são difíceis de remover, mesmo que as oportunidades para que isso aconteça tenham melhorado desde a democratização mexicana há cerca de 20 anos.

A conclusão dos pesquisadores sobre o porquê das diferenças entre as duas porções da cidade, já que possuem geografia e cultura semelhantes, recai sobre as instituições. As pessoas que vivem ao norte da cerca vivem no sistema econômico e político dos EUA, o que lhes dá maiores oportunidades de escolher sua educação, profissão, além de garantir amplos direitos políticos.

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Ao sul da cerca, os moradores vivem sob outras condições econômicas, e o sistema político limita seu potencial de influenciar a legislação. A conclusão dos laureados é que Nogales não é uma exceção. E que esse é um padrão que se repete, inclusive, nas nações, e cujas raízes remontam ao tipo de instituição estabelecida nos tempos coloniais.

Modelo vencedor do Nobel contém três variáveis que podem explicar outros processos ao longo da história

Segundo a Academia, o modelo criado pelos vencedores do Nobel de Economia para explicar as circunstâncias sob as quais as instituições políticas são formadas e alteradas tem três componentes.

O primeiro é um conflito sobre a aloção de recursos e quem detém o poder de decisão em uma sociedade (a elite ou as massas). O segundo é que as massas às vezes têm a oportunidade de exercer o poder mobilizando e ameaçando a elite governante; o poder em uma sociedade é, portanto, mais do que o poder de tomar decisões. O terceiro é o problema do comprometimento, o que significa que a única alternativa é a elite entregar o poder de decisão à população.

O modelo é capaz de explicar o processo de democratização na Europa Ocidental no final do século XIX e no início do século XX. Outro exemplo, é a expansão do sufrágio na Grã-Bretanha, realizada em diversos períodos, cada um dos quais foi precedido por greves gerais e protestos generalizados.

Também pode ser usado para explicar por que alguns países alternam entre democracia e não democracia ou por que é tão difícil para países que não têm instituições inclusivas alcançarem um crescimento igual àqueles que têm, e por que as elites governantes podem às vezes se beneficiar do bloqueio de novas tecnologias.

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Segundo a Academia de Ciências da Suécia, os insights de Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson a respeito da influência das instituições sobre a  prosperidade mostram que o trabalho para apoiar a democracia e instituições inclusivas é um caminho importante a seguir na promoção do desenvolvimento econômico.

"Reduzir as vastas diferenças de renda entre os países é um dos maiores desafios do nosso tempo. Os laureados demonstraram a importância das instituições sociais para alcançar isso", diz Jakob Svensson, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas.

Desde 1968 o Nobel de Economia é concedido pela Academia Real Sueca de Ciências. Fundada em 1739, a Academia atualmente tem cerca de 470 membros suecos e 175 estrangeiros. É a Academia que nomeia membros do Comitê de Prêmio, o órgão de trabalho para a eleição dos laureados, para um mandato de três anos.