Os norte-americanos Ben S. Bernanke, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig foram anunciados nesta segunda-feira (10) pela Real Academia de Ciências da Suécia ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2022. A láurea foi concedida em razão de estudos sobre bancos e crises financeiras realizados pelo trio nos anos 1980.
Os trabalhos dos economistas foram a base para se compreender a função dos bancos, como torná-los menos vulneráveis e como seu colapso pode exacerbar crises econômicas. “Suas análises tem tido grande importância prática na regulação de mercados e no gerenciamento de crises financeiras”, diz a entidade responsável pelo prêmio.
Diamond, da Universidade de Chicago, e Dybvig, atualmente na Universidade de Washington, mostraram, em 1983, como os bancos solucionam um entrave para que a economia funcione, ao canalizar recursos de poupadores para investimentos. O problema é que enquanto poupadores querem ter acesso imediato a seu dinheiro em caso de uma emergência, empresas e mutuários de financiamentos precisam da garantia do cumprimento do contrato, ou seja, de que não serão obrigados a antecipar a quitação de seus empréstimos.
Ao receber depósitos de muitos poupadores, os bancos podem garantir aos depositantes o acesso instantâneo a seus recursos, ao mesmo tempo em que são capazes de oferecer empréstimos de longo prazo aos mutuários.
A combinação das duas atividades, no entanto, torna as instituições financeiras suscetíveis a rumores sobre seu colapso. Nesse contexto, caso um grande número de clientes decida retirar suas poupanças simultaneamente, o boato torna-se uma profecia autorrealizável. Situações como essa podem ser evitadas se o governo for fiador do processo, fornecendo um seguro dos depósitos e atuando, em última instância, como credor para os bancos.
Ainda conforme Diamond, por serem intermediários entre muitos poupadores e mutuários, os bancos passam a ser a instituição mais adequada para avaliar a qualidade de crédito e garantir que os empréstimos sejam utilizados para bons investimentos.
Já Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, pesquisador da The Brookings Institution, analisou, em um paper publicado também em 1983, a Grande Depressão da década de 1930, considerada a pior crise econômica da história moderna. De forma complementar aos estudos de Diamond e Dybvig, ele demonstrou como as corridas aos bancos foram decisivas para que a crise se aprofundasse e se prolongasse.
Com o colapso dos bancos, informações valiosas sobre mutuários foram perdidas e não puderam ser retomadas, o que fez com que se reduzisse drasticamente a capacidade de se canalizar depósitos de poupadores para investimentos produtivos.
“Os insights dos laureados melhoraram nossa capacidade de evitar crises sérias e resgates caros”, declarou Tore Ellingsen, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas, em uma nota à imprensa.
Os três laureados dividirão igualmente um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a cerca de R$ 4,6 milhões.
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