Real forte, impostos pesados e o histórico custo Brasil jogam contra a produção local de equipamentos de telecomunicações, inibindo exportações, na avaliação da Nokia Siemens Networks, empresa de infra-estrutura para comunicações resultante da fusão das duas grandes fabricantes européias.
Além dos fatores macroeconômicos, o movimento arrastado da agência reguladora brasileira para a licitação de telefonia de terceira geração (3G) e da tecnologia sem fio de longa distância Wimax desestimula planos de investimentos tanto de operadoras quanto de fabricantes.
No Brasil, em particular, a agressividade de concorrentes chineses nos últimos meses levou ao que o presidente da Nokia Siemens para América Latina, o português Armando Almeida, chamou de "hipercompetição".
Um exemplo recente é o da chinesa Huawei, que forneceu parte da rede GSM para a Vivo . A sueca Ericsson, líder no mercado de infra-estrutura para comunicações latino-americano, foi o principal fornecedor.
"A grande guerra que vem será a da 3G", afirmou Almeida a jornalistas no prédio da empresa de 6.000 funcionários, sendo 4.000 no Brasil. "Teoricamente temos uma solução superior, não só de preço para fabricar o equipamento, mas também operacionalmente", defendeu.
O chairman da Nokia Siemens para América Latina, Aluízio Byrro, aproveitou para reforçar o discurso da associação da indústria eletroeletrônica (Abinee) de que é preciso abrir nova frente no mercado local de telecomunicações. A expansão do segmento de celulares desacelera, e a telefonia fixa está estagnada há alguns anos.
"Se não resolvermos logo entraves regulatórios, a indústria vai passar dificuldades", disse Byrro. "Estamos ficando cada vez menos competitivos para produzir no Brasil", afirmou. Ele disse que só vai apostar na produção local se houver "massa crítica e competitividade".
A Nokia Siemens estima que o mercado brasileiro de infra-estrutura movimente cerca de 7 bilhões de reais este ano, com base em análises de institutos que já contemplam a eventual licitação da 3G. Esse valor é aproximadamente o mesmo de 2006, segundo os executivos.
A avaliação cautelosa dos dois executivos sobre as perspectivas do mercado ecoa comentários feitos há algumas semanas pelo presidente mundial da nova empresa, Simon Beresford-Wylie.
Ele disse que as operadoras de telecomunicações em algumas regiões do mundo estão desacelerando investimentos, o que levou a Nokia Siemens a reduzir as projeções de resultados para o ano.