Responsáveis por 16% de tudo o que é consumido no País, as Regiões Norte e Nordeste começam a pesar na definição do mapa econômico nacional. De acordo com simulação feita pela consultoria LCA, as duas regiões devem crescer acima da média do Brasil em 2014, enquanto o Sudeste, tradicionalmente a mais rica tende a registrar Produto Interno Bruto (PIB) abaixo da média.

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Nas projeções da LCA, o Brasil deve registrar crescimento no PIB de 2,6% em 2013. O Nordeste deve seguir esse ritmo, com expansão de 2,6%, enquanto o Norte deve crescer 2,2%. Se em 2013 a aceleração ainda não supera a taxa do País, em 2014 as duas se posicionarão, definitivamente, acima da média. A previsão para o PIB em 2014, em nível nacional, é de 2,9%, mas Norte e Nordeste devem crescer 3,8%, de acordo com a consultoria.

O ritmo mais acelerado de crescimento nos próximos anos para o Norte e Nordeste se deve a, basicamente, três fatores. O economista Paulo Neves, da LCA Consultores, destaca a base de comparação mais baixa, a recuperação da indústria extrativa (que tem grande participação, sobretudo no Nordeste) e os ganhos obtidos no mercado de trabalho, que têm impulsionado os serviços e o comércio nessas regiões.

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Enquanto isso, o Sudeste, que concentra boa parte da indústria e responde por cerca de 54% de tudo o que é consumido no País, deve crescer 2,1% este ano e 2,6% em 2014. "No ano que vem, veremos a indústria extrativa melhorando e a de transformação, que está mais concentrada no Sudeste, piorando", afirmou. A LCA passou a divulgar, recentemente, relatórios trimestrais regionais, em que avalia a indústria, o varejo e a ocupação em cada uma das áreas.

Ocupação

Apesar de um contexto macroeconômico desfavorável, com inflação mais elevada e juros maiores, as Regiões Norte e Nordeste conseguiram aumentar a ocupação, respectivamente, em 2% e 1,5% no acumulado de janeiro a agosto, ante igual período de 2012. A média nacional ficou em 0,8%, segundo a LCA, com base em dados das Pesquisas Mensal de Emprego (PME) e Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Já a massa de renda cresceu 3,4% no Norte e 2,5% no Nordeste - a média nacional é de 2,9%. "Norte e Nordeste têm melhorado na distribuição de renda e na formalização da economia", destacou Neves. Ainda assim, ele afirma que a base de comparação contribui para os ganhos acima da média. "As economias mais pobres tendem a apresentar ritmo de crescimento superior", disse.

Os principais setores beneficiados por esse tipo de crescimento são os serviços e o comércio. O varejo restrito (que desconsidera automóveis e material de construção) deve crescer 5 4% no Norte e 5,3% no Nordeste. As duas previsões estão acima da projeção nacional, de 4,7%. Se confirmado, esse resultado para o Brasil, será o pior desde 2003, quando o varejo teve queda de 3 7%. "A ocupação no Norte e a massa real em crescimento acima da média no Nordeste garantem desempenho superior do varejo", analisou.

No Sudeste, a previsão é de que o varejo tenha expansão levemente menor do que o Brasil, de 4,2%. O resultado, se confirmado, será o pior desde 2005 (+3,3%). "Há uma migração do ritmo de crescimento. Isso não significa que essas regiões vão acompanhar Sudeste e Sul em poucos anos. Pode demorar algumas décadas, mas o movimento tende a se perpetuar", afirmou.

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Hoje, o Norte representa 2% de tudo que é consumido no País, enquanto a fatia do Nordeste fica, em média, nos 14%. "Essa proporção tende a aumentar, se o ritmo de crescimento permanecer superior à média nacional", acrescentou. Para o PIB nacional do terceiro trimestre, a LCA espera crescimento nulo na comparação com o segundo, influenciado por uma contribuição negativa do Sudeste. "Indústria e varejo sinalizam para desempenho inferior à média nacional, o que deve acontecer também no ano que vem", observou.