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Aviação

Nos EUA, aéreas espremem clientes para arrancar alguns dólares a mais

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(Foto: so/md/SCOTT OLSON)

As companhias aéreas vão mais e mais adotando a classe “econômica básica” – e muita gente que viaja a negócios sente o aperto.

Bevan Lindsey não se importa de poupar o dinheiro da empresa quando voa a trabalho, mas, ultimamente, está se sentindo literalmente espremido.

O vendedor industrial que tem mais de 1,82 metro de altura, diz que já pagou do próprio bolso por um assento com um pouco mais de espaço para as pernas que, em média, sai US$ 50 por voo. Ele percebeu que não demoraria muito até que tivesse que começar a subsidiar ainda mais suas viagens de negócios, pois as aéreas continuam a adicionar taxas até mesmo aos itens mais básicos de classe econômica, ao mesmo tempo em que seu empregador quer que ele encontre as menores tarifas disponíveis.

Como muitos outros funcionários cujos chefes não pagam pela classe executiva, nem mesmo pelas tarifas diferenciadas da econômica, Lindsey se vê no fogo cruzado entre os responsáveis pelas viagens da corporação que querem economizar e as companhias aéreas que querem arrancar até o último centavo dos que optam pelos assentos mais baratos do avião.

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“A empresa está definitivamente indo para o lado da opção mais barata, e, caso você queira algo diferente, é preciso obter uma aprovação”, disse Lindsey sobre seu empregador.

O dilema dos viajantes de negócios como Lindsey pode parecer uma consequência não intencional da corrida do setor de transportes aéreos pela classe econômica mais em conta, mas os consultores de viagens dizem que isso é em parte uma estratégia deliberada das empresas aéreas, que estão tentando convencer – ou mesmo forçar – mais passageiros a pagar tarifas da classe executiva ou economy-plus.

“As tarifas de economia básica possuem restrições adicionais que as companhias aéreas criaram para torná-la deliberadamente desinteressante para os viajantes de negócios”, disse Henry Harteveldt, um dos fundadores Atmosphere Research Group, empresa de consultoria da indústria da aviação.

Para Lindsey, a escolha é ou pressionar seus joelhos no assento na frente, ou gastar seu próprio dinheiro para mudar de classe ou para conseguir lugares com mais espaço para as pernas.

“Eles tiraram tudo para cobrar mais dos consumidores. Fizeram alguns upgrades em termos de entretenimento, mas prefiro pagar para não ser esmagado.”

As companhias aéreas tradicionais, com o objetivo de competir com as de baixo custo como a Spirit e a Frontier, adotaram a tarifa “econômica básica”, que exclui opções de escolha de assentos e uso do compartimento de bagagem da cabine.

Novas tarifas

A United Airlines disse, em novembro, que começaria a vender tarifas da classe econômica básica no primeiro trimestre deste ano para os voos do segundo trimestre. A empresa anunciou em janeiro que, inicialmente, os passageiros poderão comprar passagens da econômica básica nas rotas entre os sete centros de conexão domésticos da United e Minneapolis.

Os viajantes que comprarem essas passagens não poderão escolher seu assento, serão os últimos a embarcar e não terão permissão para trazer bagagem de mão, embora a companhia aérea não imponha essas duas últimas restrições para alguns membros do programa de fidelidade ou para os usuários de cartões de crédito filiados à United. (Os passageiros poderão usar bagagem de mão ao pagarem uma taxa e um porta-voz da empresa disse que todos seriam alertados no check-in sobre as regulamentações. Os viajantes ainda poderão trazer um item pessoal como uma bolsa que caiba sob seu assento da frente.)

Quem comprar essas passagens também não acumula as milhas que o colocaria no grupo de passageiros de destaque. Além disso, não poderá receber upgrade gratuito, nem mesmo pago, e nem poderá mudar a reserva ou alterar voos.

A American Airlines também anunciou que iria começar a vender sua própria versão das tarifas econômicas básicas em 10 mercados domésticos em fevereiro. Os termos são semelhantes aos da United, com algumas restrições mais onerosas, como não permitir o uso dos compartimentos superiores e embarcar por último, que não se aplicam aos membros da elite de programas de fidelidade e titulares de alguns cartões de crédito filiados à companhia aérea.

A Delta Air Lines foi a primeira transportadora tradicional nos Estados Unidos a adotar a tarifa econômica básica, em 2012, que passou por pequenas alterações desde então. Assim como a United e a American, a opção econômica básica da Delta proíbe alterações nas passagens, seleção de assentos e upgrades, embora os passageiros ainda possam usar os compartimentos de bagagem e ganhem milhas de passageiro frequente, que contam para os requisitos de status.

Peter Ooi, engenheiro de TI que viaja regularmente a trabalho, disse que a política do seu empregador exigia passagens no máximo US$ 50 mais caras que a tarifa mais baixa disponível. Ele não está contente com a perspectiva de não ser capaz de usar os compartimentos superiores, nem acumular pontos de milhagem de passageiro frequente.

“Para um viajante de negócios, esse é um grande problema”, disse Ooi.

Quem trabalha com viagens corporativas diz que estão fazendo de tudo para lidar com as mudanças e restrições de tarifa e com as complicações que isso pode representar na reserva.

“Foi uma surpresa para muitos agentes de viagens, em termos do que isso implica, do que foi incluído”, disse Jeremy Quek, da divisão Global Business Consulting da American Express Global Business Travel.

“Em 2017, a United e a American vão introduzir as suas; por isso, é muito importante lembrar que nem todas as tarifas econômicas básicas serão iguais”, disse ele.

Os agentes de viagem podem, e muitas vezes optam por escolher não incluir tarifas econômicas de companhias como a Spirit em programas de reserva – por causa de relacionamentos contratuais com as grandes empresas, por exemplo –, mas isso não é uma opção quando passagens muito baratas estão sendo oferecidas pelas companhias aéreas com serviço completo.

“Vai ficar mais difícil para as empresas. Se for realmente importante, vão incluir todas as categorias em seus parâmetros de busca”, disse Bob Neveu, presidente-executivo da Certify, provedora de software de gerenciamento de despesas e viagens.

Alguns profissionais do setor acham importante permitir que funcionários tenham acesso a todas as opções de tarifa. Alguém que faça uma viagem de um dia, por exemplo, não vai precisar carregar mais do que uma valise com um laptop.

“Tentamos incluir todas as tarifas sempre que possível; queremos que as pessoas vejam todas as opções de reserva”, disse Eric Bailey, diretor de viagens globais e pagamentos da Microsoft.

No caso da Microsoft, os funcionários não são obrigados a basear suas reservas apenas no preço.

“Estamos realmente procurando pessoas que viajem com base no valor. Deixamos isso ao critério do viajante”, disse Bailey.

Muitos agentes de viagens também sabem que pode haver uma falsa economia na exigência de passagens da classe econômica básica.

“As tarifas mais baratas têm custos adicionais indiretos, especialmente se não contribuem para que o passageiro atinja o status de passageiro frequente”, disse Greeley Koch, diretor-executivo da Associação de Viagens para Executivos.

“Acho que os melhores programas de viagens percebem que é de seu interesse que os viajantes consigam melhorar seu status”, disse Koch, notando que passageiros com status muitas vezes não precisam pagar taxas para algumas regalias como bagagens embarcadas e que estão mais propensos a receber upgrades que permitem que durmam ou trabalhem durante o voo.

E se a tarifa da classe econômica básica significa que o voo não pode ser alterado ou remarcado, a empresa pode acabar com uma passagem sem valor.

Se o funcionário com o bilhete não reembolsável perde o voo – talvez por causa de uma reunião com o cliente que atrasou – a única escolha será pagar o preço da tarifa ocasional de última hora.

“O risco de não haver reembolso é muito importante. Essas são basicamente tarifas ‘usar ou perder’”, disse Quek, da American Express.

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