A agência de fomento paulista Nossa Caixa Desenvolvimento tem a meta de quase quadruplicar os financiamentos neste ano, para chegar ao fim de 2011 com uma carteira de crédito de cerca de R$ 1 bilhão. De acordo com o presidente da agência, Milton Luiz de Melo Santos, o objetivo é desembolsar R$ 750 milhões ao longo deste ano, em comparação com os R$ 200 milhões concedidos no ano passado. "É uma meta bem arrojada, mas possível, considerando o mercado em que estamos trabalhando. Se conseguirmos alcançá-la, e estou trabalhando alucinadamente para isso, chegaremos ao fim deste ano com uma carteira de crédito de quase R$ 1 bilhão, algo estrondoso para quem tinha R$ 200 milhões em 2010", afirmou.
Presidente da agência desde sua criação, em março de 2009, Santos explica que, em seu primeiro ano de funcionamento, a Nossa Caixa Desenvolvimento teve uma atuação praticamente pré-operacional, com um saldo de empréstimos de R$ 20 milhões. Em 2010, dos R$ 200 milhões desembolsados, 75% foram em linhas de capital de giro para pequenas e médias indústrias da área de máquinas, equipamentos e autopeças, que estavam com dificuldades para acessar linhas de financiamento em razão dos efeitos da crise internacional. No ano passado, foram 1,3 mil operações realizadas com aproximadamente 340 empresas, em financiamentos com taxa de juros
fixa em 0,96% ao mês, ou 12,12% ao ano - bem menores do que as vigentes no mercado. "São condições extremamente atraentes e estão dentro do escopo da atuação de uma agência de fomento, que é fornecer condições para que as empresas melhorem sua competitividade", disse Milton Santos.
Para este ano, a novidade é a participação da Nossa Caixa Desenvolvimento em fundos de investimento capital semente que compram participações em empresas embrionárias na área de tecnologia, fazendo da agência uma sócia. O objetivo da agência é alocar cerca de R$ 30 milhões nesse tipo de fundo ao longo deste ano. A Nossa Caixa Desenvolvimento acaba de aplicar R$ 2 milhões no Fundo Performa, cujo patrimônio é de R$ 26 milhões, para investir em até dez empresas do interior paulista nas áreas de biotecnologia, nanotecnologia, aplicações médicas, tecnologias sustentáveis e serviços especializados em tecnologia da informação. Os outros sócios do Fundo Performa são a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de "angels", investidores pessoas físicas que aportam recursos. "Essa é a área que estamos mirando muito no novo governo, que é o investimento em empresas que possuem tecnologia de ponta, limpa e não poluente", afirmou Milton Santos.
Nos últimos meses, a Nossa Caixa Desenvolvimento lançou também linhas de financiamento direcionadas à economia verde, para empresas que precisam se adequar à meta de redução de emissões de gases, prevista na legislação ambiental paulista, e também à área de petróleo e gás, para pequenas e médias empresas que atuam na cadeia da exploração do pré-sal na Bacia de Santos. Na linha para financiamento verde, o valor pode chegar a R$ 20 milhões, a taxa de juros é de 0,49% ao mês, mais a variação do IPC-Fipe, com prazo de até cinco anos para pagamento, sendo um de carência. Na linha de petróleo e gás, o financiamento varia entre R$ 30 mil e R$ 30
milhões, com taxas de juros de 0,65% ao mês, mais a variação do IPC-Fipe, prazo de pagamento de até 84 meses (sete anos) e carência de 24 meses, com pagamento trimestral dos juros e da atualização monetária.
"O objetivo agora é desenvolver novas linhas que atendam às expectativas do governo e que promovam o Desenvolvimento nas regiões mais pobres do Estado. O crédito de uma agência de fomento é também uma política pública", afirmou Milton Santos. "Também queremos aproveitar o potencial dos parques tecnológicos do Estado, onde diversas empresas estão instaladas junto a incubadoras". Atualmente, o Estado tem três parques tecnológicos em funcionamento em Campinas, São Carlos e São José dos Campos, outros em fase de instalação, em cidades como Araçatuba, Barretos, Botucatu, Campinas, Ilha Solteira, Barueri, Piracicaba Ribeirão Preto, Santo André, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, São Paulo e São José dos Campos e 11 iniciativas em processo de credenciamento em Americana, Atibaia, Bauru, Campinas, região do ABC, Guarulhos, Limeira, Lins, Jundiaí, Rio Claro e Santa Bárbara do Oeste.
Grau de investimento
A Nossa Caixa Desenvolvimento também espera obter o grau de investimento pelas agências de classificação de risco até o início de 2012, o que permitirá a captação de recursos com organismos multilaterais e instituições como o Ex-Im Bank dos Estados Unidos, um dos objetivos da instituição. "Temos conversado muito com as agências de classificação e hoje estamos dois níveis abaixo do grau de investimento. Embora tenhamos capital, estrutura, profissionais, sistemas de cobrança e controle de último nível, as agências precisam de uma base de dados históricos, e como somos uma instituição recente, precisamos avançar mais. Quem sabe teremos o grau de investimento até o fim deste ano ou no início de 2012." De acordo com Milton Santos, a intenção é financiar com
recursos do Ex-Im Bank a aquisição de máquinas e equipamentos norte-americanas que não tenham similares no País.
No ano passado, a classificação da Nossa Caixa Desenvolvimento pela agência Moody's subiu de Ba3 para Ba2 - uma nota ainda atribuída para investimentos especulativos. Esse rating já permitiu que a Nossa Caixa Desenvolvimento se tornasse agente repassador das linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com possibilidade de exposição máxima de até R$ 2,4 bilhões. No fim de 2010, o governo de São Paulo fez um aporte de R$ 400 milhões para a instituição, o que elevou o capital para R$ 1 bilhão. Os recursos vieram da venda do banco Nossa Caixa para o Banco do Brasil. "Hoje, pelas regras de alavancagem, podemos chegar a R$ 8,5 bilhões em empréstimos com recursos próprios e do BNDES", afirmou Milton Santos.