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Nova cédula

Mais saques, “dinheiro no colchão” e auxílio: por que o BC decidiu lançar a nota de R$ 200

O lobo-guará, espécie ameaçada de extinção, vai estampar a nova nota de R$ 200 a ser lançada pelo Banco Central.
O lobo-guará, espécie ameaçada de extinção, vai estampar a nova nota de R$ 200 a ser lançada pelo Banco Central. (Foto: Jonathan Campos/Arquivo Gazeta do Povo)

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O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (29) que a família do real vai ganhar uma nova cédula até o fim de agosto. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o lançamento da nota de R$ 200 no Brasil, que terá como personagem o lobo-guará, espécie da fauna brasileira ameaçada de extinção.

Cerca de 450 milhões de notas deverão ser impressas, totalizando R$ 90 bilhões em circulação, de acordo com a diretora de administração do BC, Carolina de Assis Barros. A impressão da nova nota de R$ 200 ficará a cargo da Casa da Moeda. O BC explicou a novidade em coletiva virtual de imprensa.

A decisão é mais um dos reflexos da pandemia no país. A crise provocada pelo novo coronavírus elevou a demanda por dinheiro em espécie — mais brasileiros estão guardando dinheiro em casa, com consequente aumento no número de saques. Dados divulgados nesta quarta pelo Banco Central mostram que, de fevereiro — antes da crise sanitária — para junho, o papel moeda em poder do público saltou 29%, de R$ 210,2 bilhões para R$ 270,9 bilhões. Esse é o maior valor da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001.

O movimento vai na contramão do uso cada vez maior da tecnologia em transações comerciais, que reduz a necessidade de papel moeda. Com o coronavírus, porém, o cenário mudou: um montante adicional de R$ 60,672 bilhões em cédulas está em circulação no Brasil, segundo o Banco Central.

De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o aumento de papel moeda nas mãos do público nos últimos meses é reflexo também do pagamento do auxílio emergencial mensal de R$ 600 pelo governo. Na prática, muitos brasileiros estão sacando esse dinheiro dos bancos e guardando em casa. "Nós estamos vivendo nesse momento um período de entesouramento, efeito consequente da pandemia", explicou Carolina. "No popular é o 'dinheiro no colchão'", completou Rocha.

Ele pontuou que este entesouramento tende a não ter um efeito duradouro na economia. "Avaliamos que isso é temporário", disse. Carolina afirmou que não há certeza sobre por quanto tempo os brasileiros manterão esse comportamento. "O BC precisa estar atendo à demanda da população", disse.

Ao mesmo tempo, os dados do BC mostraram que os depósitos à vista — recursos que estão nos bancos — também subiram de fevereiro para junho, em 25,3%. O montante total passou de R$ 199,681 bilhões para R$ 250,112 bilhões. O avanço indica que parte da população que recebeu auxílio do governo não sacou os recursos em espécie, mas sim manteve o dinheiro dentro do sistema financeiro.

BC diz não haver risco de inflação ou desvalorização do real com a nota de R$ 200

A diretora de Administração do Banco Central afirmou ainda que não existe qualquer relação entre a colocação da nota de R$ 200 em circulação e a possibilidade de desvalorização do real. "A cédula de R$ 200 é uma ação preventiva, caso a população demande ainda mais dinheiro", afirmou.

Rocha descartou também efeitos inflacionários no lançamento da nota de R$ 200. "Não há relação entre expansão de base monetária e inflação. Não há perspectiva de elevação", disse. “Se a população tem maior demanda por cédulas e moedas, o BC oferta. Se não fizer isso, haverá falta de numerário”, explicou.

A diretora de administração do Banco Central afirmou ainda que o momento é oportuno para o lançamento da nota de R$ 200. Segundo ela, o brasileiro ainda é muito dependente do papel moeda. "A queda relativa da importância do uso do dinheiro em nossa sociedade foi bem pouca", afirmou, tendo como base estudos do BC realizados em 2013 e 2018. A forma mais frequente de pagamento no Brasil ainda é com dinheiro para 60% da população.

Com a impressão da nova cédula, o BC acredita que terá a quantidade adequada de papel moeda para atender às necessidades da população neste momento. "Não há falta de numerário", salientou Carolina. "Com a nova cédula, também vamos reduzir os custos de logística e numerário pelo país."

A diretora explicou ainda que, quando a demanda por dinheiro em espécie cair, o BC poderá fazer ajustes no meio circulante. Segundo ela, porém, não há a intenção de retirar do mercado a cédula de R$ 200 no futuro. "Ela veio para ficar."

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