| Foto: Sanjit Das/Bloomberg

O espaço para suas pernas e a sua paciência para as taxas cobradas pelas companhias aéreas diminuíram em 2017, mas houve um resultado histórico positivo para os viajantes aéreos. Nenhuma pessoa morreu em um acidente de avião comercial durante todo o ano passado, o que fez de 2017 o ano mais seguro em toda a história da aviação comercial, segundo dois grupos de segurança aérea.

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Isso não significa que 2017 foi um ano sem falhas de aeronaves que resultaram na morte de passageiros. O grupo de consultoria da aviação To70 e a organização de segurança Aviation Safety Network (ASN), ambos da Holanda, não registraram fatalidades envolvendo acidentes com os grandes e médios aviões comerciais que estão entre os mais usados pelos passageiros civis.

As organizações, contudo, excluíram do seu levantamento mortes envolvendo ataques aéreos militares e de carga e acidentes envolvendo aeronaves menores e executivas, como os 12 passageiros mortos em um acidente de avião particular da Cessna, na Costa Rica, nas últimas horas de 2017 e as 16 tropas dos Estados Unidos mortas em um acidente de avião de carga em julho. Dois acidentes envolvendo aviões turboélices também foram registrados no ano passado, em que morreram 13 pessoas.

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Número de voos cresce, mas acidentes diminuem

Mas na aviação comercial o cenário foi diferente: o ano não registrou nenhum acidente aéreo fatal envolvendo aviões de médio e grande porte. A ASN estimou que foram feitos quase 37 milhões de voos em 2017, mais do que em qualquer ano na história, o que significa que os acidentes da aeronave estão diminuindo, mesmo que o número de voos continuem a aumentar.

O último acidente da aviação comercial em que mais de 100 pessoas foram mortas foi em 31 de outubro de 2015, quando 224 vidas foram perdidas depois que um voo que partiu da Rússia caiu no Egito. A ASN, que rastreia acidentes aéreos em todo o mundo usando diferentes métricas do que a consultoria To70, mostrou dez falhas registradas envolvendo pequenos aviões de hélice e aeronaves de carga, matando 44 passageiros e 35 pessoas em 2017. Em 2016, o grupo contou com 16 acidentes com 303 mortos.

Queixas contra companhias aéreas aumentaram

A queda no número de acidentes é um resultado notável para os aviões comerciais que conseguiram diminuir os desastres aéreos, mas , ao mesmo tempo em que a aviação se tornou mais segura, o número de passageiros irritados e de tripulação hostil aumentou. A combinação de mais voos, redes sociais, taxas aéreas crescentes e diminuição do espaço entre os assentos provocaram um renascimento da conturbada relação entre passageiros e companhias aéreas.

A imagem da United Airlines ficou gravemente manchada após a divulgação do vídeo de um homem sendo arrastado para fora da aeronave por um tripulante. Já uma companhia aérea japonesa se desculpou depois que um homem que usava uma cadeira de rodas teve que escalar uma escada com as mãos para entrar em uma aeronave. E uma turbulência feriu dez pessoas em um voo internacional da American Airlines, fazendo voar café por toda a cabine aérea.

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Tecnologia e treinamento ajudaram a reduzir os acidentes

Adrian Young, consultor de aviação sênior da consultoria To70, afirmou que a tecnologia mais recente e o treinamento de tripulação aprimorado contribuíram para a maior segurança na aviação comercial. Os aviões passaram a falhar com menos frequência e, quando um acidente acontece, a taxa de sobrevivência dos passageiros é mais elevada. As cabines estão mais resistentes a chamas e foram construídas para facilitar a evacuação mais rápido do que no passado.

“A segurança da cabine melhorou passo a passo desde as décadas de 1970 e 1980”, disse Young. Mas ele também advertiu que a queda no número de mortes por acidentes de avião não é um indicador de um ambiente completamente seguro. A aviação é um “negócio carregado de riscos”, ressaltou o consultor, e os acidentes que envolvem falhas de motor ainda são motivo de preocupação. Por exemplo, um avião da Air France sofreu danos catastróficos em um motor durante um voo internacional em setembro, o que levou a aeronave a fazer um pouso forçado.

Queda no número de acidentes é resultado de um trabalho de anos do setor

No entanto, os passageiros e seus dispositivos de alta tecnologia podem representar o maior risco para a aviação, afirmou Young. As baterias de lítio comuns em laptops, smartphones e tablets podem superaquecer e inflamar, e sua proliferação pode levar a um desastre no ar. “Um grande fogo causado por íons de lítio pode ser maior do que a capacidade do sistema de combate a incêndio da aeronave”, disse Young. “Esse é o risco”.

O presidente Donald Trump tentou ficar com os créditos pelo ano mais seguro da aviação comercial. Ele afirmou que foi “muito rigoroso” com o setor durante seu primeiro ano de mandato. “Desde que cheguei ao cargo fui muito rígido com a aviação comercial. Boa notícia - foi noticiado que houve zero mortes em 2017, o melhor e mais seguro ano já registrado!”, tuítou o presidente americano.

O crédito para os bons índices de segurança em 2017 não pertencem a uma única pessoa, afirmou John Cox, piloto aposentado e diretor executivo da Safety Operating Systems, um grupo de consultores de segurança aérea. Segundo ele, é resultado de um trabalho de anos realizado por reguladores, fabricantes, equipes de manutenção, entre outros. “Foi o trabalho de milhares de pessoas ao longo de décadas. Não é um fenômeno de um único ano.”

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