Conceito de notebook futurista apresentado pela Lenovo| Foto: LenovoDivulgação

Dizem que a melhor forma de prever o futuro é construindo ele. Muitas empresas, especialmente as de tecnologia, levam esse mantra ao pé da letra. Às vezes, rola uma empolgação e, com a imaginação solta e sem amarras, as previsões acabam sendo ousadas demais, a ponto de levarem muito tempo para se concretizarem ou mesmo jamais chegarem às mãos dos consumidores.

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Em evento realizado em Nova York hoje (21), a Lenovo apresentou um conceito de notebook dobrável que se parece com papel e, apesar disso, ainda traz um teclado completo. Este, da foto acima. É bonito, definitivamente futurista, mas é pouco provável que algo nesses moldes se torne realidade a curto ou médio prazo.

Além da tecnologia, que não está pronta, há algumas dificuldades ergonômicas que costumam ser ignoradas em projetos conceito, como é o caso. Note, por exemplo, que não há trackpad no notebook. Em vez disso, só botões e a indicação de interagir com o sistema usando a voz ou a caneta diretamente na tela.

Tela, aliás, seria outro grande entrave. Já temos alguns protótipos flexíveis, mas longe de entrar em produção e com a qualidade que as convencionais entregam atualmente. Esses protótipos também são grossos, pouco flexíveis e não comportam toques na tela.

A Lenovo diz que é possível materializá-lo através de “materiais avançados” e novas tecnologias de telas”, o que é tão vago quanto se poderia esperar de uma proposta dessas hoje, em 2017.

O conceito impraticável dos chineses não é o primeiro e nem será o último do tipo. Um monte de designers recém-formados acabam criando projetos do tipo para demonstrar suas habilidades e, sem querer, fornecem matéria-prima para um sem número de rumores sem pé nem cabeça, como os do iPhone 8.

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Ao longo dos últimos anos, porém, algumas empresas sucumbiram à tentação de imaginar um futuro impraticável e criaram vídeos futuristas demais. Listamos, abaixo, três desses, um da Nokia e dois da Microsoft, que até agora não passam de vídeos bonitos.

Nokia Morph

Em janeiro de 2008, no Museu de Arte Moderna de Nova York, a Nokia revelou este vídeo conceito:

Graças à nanotecnologia, o Nokia Morph faria coisas incríveis e impossíveis mesmo hoje, quase dez anos após ele ser revelado. Ele poderia ser dobrado e esticado sem dificuldade. Sua superfície repeliria sujeiras, incluindo líquidos. A superfície háptica daria forma a botões que aparecem na tela. Ele seria capaz de detectar partículas no ar e recarregar sua bateria por energia solar!

Tratava-se de um vídeo conceito feito para demonstrar o que a nanotecnologia poderia entregar no futuro. Ele foi produzido pelo braço de pesquisas da Nokia em parceria com o Centro de Nanociência da Universidade de Cambridge.

O vídeo ficou na cabeça de muita gente que, até hoje, espera por um celular tão flexível e futurista quanto ele prometia ser. E embora a Nokia tenha previsto que algumas características do Morph chegariam ao mercado em 2015, basta olhar nas mãos das pessoas ao seu redor para se certificar de que essa foi uma previsão falha.

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Microsoft Courier

O ano de 2008 foi prolífico em viagens futuristas entre gerentes de projetos de grandes empresas de tecnologia. Em Seattle, a Microsoft apresentou o Courier, um conceito de tablet com formato e jeitão de livro, que naturalizaria bastante a maneira com que se interagia com tecnologias.

O Courier seria baseado no Windows CE, uma versão mais simples do sistema, feita para processadores de celulares. Porém, a proposta para interface era inovadora e sem igual – até hoje, aliás. 

Com duas telas à disposição, o usuário poderia usar apps, anotar na tela com uma caneta digital e trocar informações entre elas. Tudo, pelo vídeo demonstrativo, soava bastante natural.

Embora o Courier tenha sido descontinuado antes de chegar ao mercado, em 2010, várias ideias originais dali acabaram incorporadas em tablets como o iPad e o Surface, da própria Microsoft. Ouça o podcast da Nova Economia sobre o uso que se faz do iPad atualmente:

Visão de futuro (2020)

No início de 2015, a Microsoft lançou um vídeo de pouco menos de seis minutos do que acreditava que seria o futuro dali a cinco anos. Nessa visão, em breve estaremos interagindo com telas transparentes que conversam entre si e se espalham por vidraças, tampões de mesas e até canecas. Os celulares ainda farão parte do dia a dia, mas terão o tamanho de um cartão de crédito, sem bordas ou qualquer outro elemento visual que não a tela, ou as telas. 

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Pouco provável, também, e nem é pelo jornal impresso que aparece em diversos momentos do vídeo. Embora a tecnologia tenha avançado muito nesses dois anos e meio, e ainda tenhamos mais dois anos e meio para testemunhar outros progressos, o cenário previsto é muito além da tecnologia que se tem hoje e ignora algumas tendências que dificilmente se reverterão, como o tamanho das telas dos celulares.