A aguardada migração para os veículos movidos a bateria que se dirigem sozinhos terá implicações que se estendem muito além das ruas e estradas. Elas mexerão com segmentos variados como o imobiliário, petroleiro, automotivo e varejo.
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Pelo menos essa é a visão de Benedict Evans, veterano analista de tecnologia e sócio da Andreessen Horowitz , empresa de capital de risco do Vale do Silício. Em uma recente postagem em seu blog intitulada “Carros e as consequências de segunda ordem”, Evans especula sobre as muitas maneiras pelas quais a tecnologia mudará a vida dos motoristas e a economia em geral. “Algo vai acontecer, e provavelmente algo grande”, ele escreve.
Aqui estão sete de suas previsões mais ousadas e interessantes.
1. Menos caminhoneiros do que o esperado serão afetados
Muitos economistas advertiram que os veículos autônomos substituirão os humanos que ganham a vida atrás do volante. Nesse contexto, os motoristas de caminhão que cruzam o país transportando cargas seriam afetados diretamente, eliminando uma ocupação que exige pouca qualificação, mas que pode ser lucrativa, ainda que árdua. Evans diz que essa preocupação pode ser exagerada, em grande parte porque o transporte rodoviário como profissão, ao menos nos Estados Unidos, já se encontra em declínio.
Mais caminhoneiros estão se aposentando ou largando a profissão do que novos estão entrando para substitui-los, de acordo com Evans. Essa redução deve aumentar nos próximos anos, coincidindo com o momento em que a tecnologia de condução autônoma desfrutará de maior uso e aceitação. “Todos os atuais motoristas de caminhão terão parado de qualquer maneira – você não vai substitui-los, mas tampouco irá tirar alguém do mercado de trabalho”.
2. Congestionamentos poderão aumentar
Muitos esperam que a proliferação dos carros autônomos resultará em menos congestionamentos porque haverá menos acidentes, menos carros tentando estacionar e elevação dos limites de velocidade. Isso tudo pode ser verdade, argumenta Evans, mas remover esses inconvenientes também pode levar mais pessoas a fazer uso do transporte individual. Essa hipótese se torna mais plausível o preço das corridas for muito baixo.
“Se você reduzir o congestionamento, então mais pessoas usarão carros, seja fazendo mais corridas ou trocando o transporte público pelo carro. Isso poderia ocasionar a um crescimento dos congestionamentos, levando-nos de volta ao mesmo cenário de hoje“, escreve Evans.
Isso também levanta outra questão, a de se os ônibus e sistemas de trens rápidos continuarão a ser necessários ou se eles poderão ser reduzidos ou substituídos por alternativas de transporte compartilhado.
3. Carros poderão ser testemunhas de crimes
Carros autônomos são equipados com câmeras, lasers e outros sensores projetados para analisar o ambiente. Embora essas informações sirvam principalmente para ajudar o veículo a transitar pelas ruas, elas poderiam, eventualmente, serem usadas de outras maneiras também, escreve Evans.
Investigações criminais são um cenário de grande potencial. Carros que observam atividades suspeitas ou que passam próximos à cena de um crime poderão ser intimados a entregar imagens e outros dados à justiça.
“Um carro autônomo é um panóptico em movimento”, ou um instrumento óptico que combina o telescópio e o microscópio, escreve Evans. “Pode ser que eles não estejam salvando e enviando para a nuvem cada parte desses dados. Mas pode ser que sim.”
4. Compraremos menos cigarros
Postos de combustível conseguem grande parte da sua receita a partir da venda de produtos nas lojas de conveniência. Mais de metade das vendas de cigarro dos EUA acontecem em postos de gasolina, observa Evans. Os carros elétricos poderão eliminar definitivamente esse importante ponto de venda.
“Há indícios significativos de que a remoção da distribuição reduz o consumo -- que o cigarro é, muitas vezes, uma compra por impulso e se ele não está na sua frente, muitos fumantes estarão menos propensos a comprá-lo.”
Isso poderia salvar muitas vidas por ano, prevê.
5. Airbags poderão ser eliminados
A noção de que os acidentes de carro se tornarão coisa do passado uma vez que os veículos se tornem autônomos terá implicações de longo alcance, escreve Evans. Um benefício colateral: não haverá a necessidade de airbags, áreas de absorção de impacto e outras características de segurança dos carros atualmente em uso. Tudo isso reduzirá o peso e a complexidade do projeto do veículo, tornando-o mais eficiente em termos energéticos e reduzindo o custo de fabricação.
6. O conceito de estacionamento mudará
Rodar a esmo em busca de uma vaga para estacionar não será mais necessário quando os veículos autônomos começarem a rodar, prevê Evans. Os carros particulares poderão ser estacionados longe, talvez até a alguns quilômetros de distância, e os veículos compartilhados serem usados para levar as pessoas dali até seus destinos. Isso pode alterar profundamente os nossos hábitos de transporte e como as cidades são projetadas. Por exemplo, corretores imobiliários não precisarão levar em conta o estacionamento das propriedades, liberando esse espaço para outros usos.
7. Carros serão menos onerosos
Os norte-americanos gastam um valor considerável com despesas mecânicas por dois motivos: colisões e reparos do motor. Esse último responde por cerca de metade dos gastos com manutenção veicular, escreve Evans. Mas, se os carros elétricos funcionam com baterias e os carros autônomos são excelentes em evitar acidentes, aquelas despesas poderão cair bastante.
“A longo prazo, essa mudança pode afetar a vida útil de um veículo”, escreve Evans, pois haverá menos partes e sistemas passíveis de quebrar neles.
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