Em janeiro, um bebê de sete meses morreu eletrocutado em Teresina (PI) por ter colocado na boca um cabo de celular, que estava conectado a uma tomada. Há dois anos e meio, em Ceilândia (DF), uma garota de 11 anos morreu após sofrer parada cardiorrespiratória em razão de um choque elétrico, enquanto jogava no celular com o aparelho também na tomada.
Casos gravíssimos como esses reacendem a discussão sobre a segurança de celulares e carregadores que chegam às mãos dos consumidores. Com o objetivo de reduzir a venda de produtos elétricos perigosos falsificados e aumentar a segurança, pesquisadores da UL — organização global de ciência da tecnologia — realizaram uma série de ensaios em adaptadores para iPhone falsificados.
No total, foram testados 400 adaptadores e a taxa de falha geral foi de 99%. Com exceção de três exemplares, todos os demais não passaram em ensaios básicos de segurança e apresentaram riscos de descarga elétrica e incêndio. Entre eles, 12 (3%) foram tão mal projetados e fabricados que apresentaram um risco de eletrocussão letal ao usuário.
“Há hoje tecnologia suficiente para realizar ensaios e simular situações que evite fatalidades. A questão é que nem sempre aparelhos certificados chegam ao consumidor. No Brasil, por exemplo, a regulamentação para baterias de íons de lítio restringe-se às baterias destinadas a telefones celulares”, explica José Antonio de Souza Junior, gerente de operações da divisão Consumer Technology da UL do Brasil.
Carregadores de celulares “genéricos” ou estrangeiros, que não passam por essa avaliação, segundo o especialista, são vendidos normalmente e muitos consumidores não desconfiam dos perigos que os produtos podem causar.
Inundação de carregadores irregulares
No âmbito internacional, a Associação de Consumidores da China fez um alerta recentemente sobre a “inundação” de carregadores sem certificação de segurança no mercado e chamou a atenção para carregadores falsos que poderiam transformar aparelhos eletrônicos em “granadas de bolso”.
No caso específico do país, ainda recomendou pesquisar se o carregador é compatível apenas com o padrão de 100V de Hong Kong, Taiwan e Japão ou se adequa aos 220V da China continental.
O alerta ocorreu após casos como o da chinesa de 23 anos que atendeu ao celular, conectado à tomada, e morreu eletrocutada, em 2013. Ela tinha um celular da Apple e adaptadores para recarga com selo de certificação UL falsificado, conforme identificação posteriormente realizada pelo programa de Proteção da Marca UL, que testou adaptadores falsificados oito países diferentes ao redor do mundo, incluindo EUA, Canadá, Colômbia, China, Tailândia e Austrália.