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Segurança digital

Acessa a internet via Wi-Fi em bares e hotéis? Você precisa de uma VPN

Ao acessar a internet em redes Wi-Fi abertas, todo cuidado é pouco | Rawpixel
Ao acessar a internet em redes Wi-Fi abertas, todo cuidado é pouco (Foto: Rawpixel)

Muitos estabelecimentos comerciais, como restaurantes, bares, hotéis e shoppings, oferecem conexão à internet via Wi-Fi gratuitamente. É uma alternativa barata à conexão móvel. Quando muito, exige-se apenas um checkin no Facebook para que o acesso seja liberado. O custo, ao menos aparentemente, é baixo. Nos bastidores, porém, não há garantias de que conexões abertas e/ou públicas sejam seguras. Para evitar riscos, existe um tipo de software que te protege em redes suspeitas: a VPN.

Redes Wi-Fi públicas podem ser iscas de pessoas má intencionadas dispostas a monitorar ou capturar dados de vítimas sedentas por conexão à internet. Como esses ataques são invisíveis e difíceis de detectar sem conhecimento específico e ferramentas adequadas, conectar-se a qualquer rede Wi-Fi, mesmo a de estabelecimentos legítimos como um restaurante ou hotel, representa um grande risco.

O que é uma VPN?

Uma VPN, sigla para “virtual private network”, é uma rede privada na internet que permite o envio e recebimento de arquivos de modo seguro e, idealmente, privado. Thiago Marques, analista de segurança digital da Kaspersky, explica que ela cria uma espécie de túnel que “é criptografado e outras pessoas não conseguem interceptar essa comunicação”. A Kaspersky oferece uma solução de VPN.

Ao usar uma VPN, a conexão à internet passa obrigatoriamente por um servidor extra — o da própria VPN. Isso blinda a conexão contra terceiros, já que todo o tráfego passa a ser codificado,  e garante um nível maior de privacidade, pois o endereço IP do usuário se confunde com o da VPN. Os servidores da VPN podem estar em qualquer país do mundo, mas recomenda-se proximidade geográfica, de preferência um que esteja no mesmo país, a fim de evitar lentidão. 

A VPN teve seus 15 minutos de fama no Brasil durante os bloqueios judiciais do WhatsApp, em 2016. Se o servidor da VPN estiver fora do Brasil, sites e apps acessados de dentro dela “enxergam” o usuário como se ele estivesse em outro país. Ou seja, usar uma VPN com servidor em outro país era uma forma simples de burlar o bloqueio, que se restringia ao território brasileiro. 

Mas essa popularidade revelou um dos grandes problemas da categoria: a existência de soluções questionáveis ou mesmo fraudulentas. “A VPN é totalmente baseada em confiança, pois você envia todos os dados de navegação para ela”, reforça Marques. 

Por isso, na hora de escolher uma, o analista recomenda que se leia atentamente a política de privacidade e se avalie a reputação da empresa fornecedora da solução. Uma boa VPN não guarda os dados do usuário. Existem soluções, a maior parte das gratuitas, que revendem dados relacionados aos hábitos de navegação para terceiros ou que injetam anúncios em sites; essas devem ser evitadas. 

Um bom parâmetro para facilitar a escolha de uma VPN é sentir o peso que ela tem no bolso: as boas são invariavelmente pagas. Desconfie das gratuitas — afinal, as contas precisam fechar para o provedor da solução, mesmo os que não cobram os usuários diretamente. Os valores das VPN pagas não são altos; custam, em média, US$ 5/mês. 

Preciso usar VPN em casa? 

Marques é categórico quando se trata de redes públicas, essas de bares, hotéis, shoppings e praças: “é uma necessidade. Sem isso, você se expõe a um risco muito grande”. Mas e em casa, no Wi-Fi residencial, e na internet móvel (3G ou 4G) da sua operadora? 

“Depende”, diz ele. “Você confia na sua operadora de telefonia? Se sim, não tem tanta necessidade. Se não, é uma boa utilizar VPN”. Há motivos para desconfiar das operadoras. Pelo menos uma que atua no Brasil veicula anúncios segmentados a partir dos hábitos de consumo e localização dos clientes.

Para quem se incomoda em ter seu histórico de navegação e uso de apps nos relatórios das operadoras, a VPN também vem bem a calhar, já que oculta o tráfego de terceiros. 

Por fim, uma característica incidental da VPN pode motivar esse uso doméstico: a de simular o acesso a partir de outro país. Como a VPN direciona o tráfego do usuário para um servidor, aos olhos do mundo (apps e sites acessados por ela) o usuário se encontra no país onde está o servidor da VPN. Então, se você quiser acessar um serviço que só está disponível ou é diferente em outro país, como nos Estados Unidos, é possível usar uma VPN para simular que você está lá. 

É difícil usar uma VPN? 

“Já foi complexo, tinha que configurar dispositivos e tudo mais. Hoje, não mais”, diz Marques quando questionado a respeito da dificuldade de uso de uma VPN. De fato, hoje é bem simples: basta instalar o aplicativo, autorizá-lo no sistema (uma janela surge, pedindo autorização) e apertar um botão para que o tráfego da internet comece a passar por ela. A maioria oferece uma lista de países onde tem servidores. 

Fabio Montarroios, 36 anos, funcionário do Instituto Moreira Salles e usuário de VPN há um ano, diz que ter descoberto o quão fácil é interceptar dados em conexões abertas o motivou a adotar essa barreira extra de proteção. “É algo escandaloso, como é fácil alguém monitorar o que você está acessando”, conta.

A solução adotada por Montarroios é o Private Internet Access (PIA), escolhido por ser uma empresa que colabora com a Electronic Frontier Foundation (EFF), instituição não governamental que defende direitos civis na internet, e por ter servidores no Brasil. 

Embora esteja satisfeito com o serviço, Montarroios relata algumas dificuldades que teve. Alguns serviços, como a Netflix e a PSN, loja de videogames da Sony, barram o uso de VPN para evitar que usuários de um país acessem acervos de outro, mesmo quando o servidor da VPN está configurado para o Brasil. Algumas redes públicas, como a do Senac de São Paulo, também.

No caso dos apps, o bloqueio ocorre para evitar que clientes de uma região consumam conteúdo exclusivo de outra — pense em um assinante da Netflix no Brasil vendo o acervo norte-americano. No caso das redes de Wi-Fi públicas que bloqueiam o uso de VPN, especula-se que seja para evitar abusos e o anonimato, já que o fornecedor não tem controle algum sobre  ocomportamento do usuário que está em uma VPN. Em ambos os casos, a solução, caso o acesso à internet seja imprescindível, é desativar temporariamente a VPN.

Boas opções de VPN 

Tunnelbear 

É uma das mais simples de usar, com versões para Android, iOS, macOS e Windows, além de plugins específicos para navegadores web. Tem servidores no Brasil e é indicado pelo DuckDuckGo, o buscador web que respeita a privacidade do usuário.

O Tunnelbear custa US$ 4,99/mês para uso em um dispositivo ou US$ 9,99/mês para até cinco simultâneos, e oferece um plano gratuito com 500 MB de tráfego (1,5 GB, caso você divulgue o serviço no Twitter). Uma boa para experimentar uma VPN e tirar eventuais dúvidas na prática. 

NordVPN 

Uma das VPN mais completas do mercado, com mais de mil servidores espalhados pelo mundo e sem limites de velocidade. A assinatura, que contempla até seis dispositivos simultâneos, custa US$ 11,95/mês, mas pagando anualmente o custo mensal cai para US$ 5,75. 

Private Internet Access 

Indicada para usuários avançados, o Private Internet Access, ou PIA, tem servidores locais e patrocina diversas iniciativas de promoção e incentivo da privacidade e liberdade online. Das três soluções, é a mais barata: no plano anual, a mensalidade sai por US$ 3,33 e protege até cinco dispositivos.

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