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Impostos

Apple pagará US$ 38 bilhões em impostos aos EUA após repatriação de reservas no exterior

Tim Cook, CEO da Apple. | Justin Sullivan/AFP
Tim Cook, CEO da Apple. (Foto: Justin Sullivan/AFP)

A Apple, a empresa mais valiosa do mundo, disse na quarta-feira (17) que gastará US$ 350 bilhões em desenvolvimento e criará 20 mil empregos nos Estados Unidos nos próximos cinco anos, revelando, pela primeira vez, como investirá na economia dos EUA após a aprovação da nova lei tributária no final do ano passado.

A Apple disse que, conforme exigido pela nova legislação, pagará US$ 38 bilhões em impostos das suas enormes reservas financeiras no exterior. O pagamento é, até agora, o maior anunciado a partir das mudanças no plano tributário, dizem especialistas.

“Por um lado, é um pagamento recorde. Por outro, mostra eles foram bem sucedidos em manipular o sistema” em todo o mundo, disse Edward Kleinbard, professor de Direito da Universidade do Sul da Califórnia.

Dada a nova taxa de imposto corporativa de 15,5%, isso indica que a Apple está retornando cerca de US$ 245 bilhões em dinheiro para os Estados Unidos. Em seu último balanço financeiro, a empresa informou que possuía US$ 252 bilhões em dinheiro no exterior.

Há anos a Apple enfrenta o escrutínio e críticas em todo o mundo por sua política fiscal. A empresa concordou recentemente em pagar mais de US$ 100 milhões em impostos às autoridades britânicas após uma auditoria.

A Apple também pressionou os Estados Unidos para que reduzisse os impostos sobre lucros estrangeiros trazidos de volta ao país, dizendo que tais mudanças permitiriam à empresa investir mais livremente na economia norte-americana.

“Acreditamos profundamente no poder do talento norte-americano e estamos concentrando nossos investimentos em áreas onde podemos ter um impacto direto na criação de empregos e na capacitação profissional”, disse o CEO da Apple, Tim Cook, em um comunicado. “Temos um profundo senso de responsabilidade para devolver ao nosso país e às pessoas que ajudam a tornar nosso sucesso possível”.

Isso ecoa declarações feitas por Cook no ano passado, quando ele disse ao New York Times que as empresas têm uma “responsabilidade moral” para crescer a economia nos Estados Unidos.

Além do pagamento de impostos, a Apple disse que, nos próximos anos, aumentará significativamente os 84 mil funcionários que atualmente tem nos EUA. Os novos empregos virão de contratações nas atuações locações da Apple e de um novo campus voltado para suporte técnico para clientes. A Apple anunciará a localização dele ainda em 2018. A empresa também disse que planeja construir vários novos data centers nos EUA — incluindo projetos previamente anunciados na Carolina do Norte e Iowa — e que que já tem o terreno para uma nova instalação em Reno, Nevada. Ao todo, a Apple gastará US$ 10 bilhões na construção de data centers, como parte de um investimento de US$ 30 bilhões.

A Apple enfrentou críticas frequentes de legisladores norte-americanos por não fazer mais de seus produtos, como o iPhone, o iPad e computadores, nos Estados Unidos. A Apple gabrica alguns produtos nos EUA, mas a maioria deles é produzida e montada na China. Nos últimos anos, a empresa tem focado na construção de mais instalações nos EUA.

A Apple também está aumentando o tamanho de um fundo de fabricação anteriormente anunciado para oferecer suporte à sua rede de fornecedores de peças usadas em seus dispositivos. Esse fundo aumentará de US$ 1 bilhão para US$ 5 bilhões. Ele já financiou iniciativas no Kentucky e no Texas; a Apple não ofereceu mais detalhes sobre onde pode investir na fabricação dos EUA no futuro.

Investimentos adicionais também irão para as iniciativas educacionais.

A empresa não disse quantos investimentos já estavam planejados.

A Casa Branca adiantou o anúncio da Apple. “Assim como o presidente prometeu, tornar nossos negócios mais competitivos internacionalmente se traduz diretamente em benefícios para o trabalhador americano, através do aumento de salários, melhores benefícios e novos empregos”, disse Lindsay Walters, vice-secretário de imprensa da Casa Branca.

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