As imagens do Google Street View, o recurso do Google Maps que permite descer ao nível da rua e “passear” virtualmente por cidades, parques e até os rios da Amazônia, estão prestes a ficar muito melhores. O Google colocou nas ruas uma nova versão do aparato de câmeras responsável por capturá-las. O objetivo vai além de fornecer imagens mais bonitas para seres humanos. Além disso, as novas imagens alimentarão os algoritmos de diversas áreas da empresa.
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Liderados por Steve Silverman, ex-engenheiro da NASA que trabalhou nas câmeras de veículos de exploração enviados a Marte, as novas câmeras dos carros do Street View são a primeira atualização em oito anos. Esse salto qualitativo se traduzirá, num primeiro momento, em imagens mais vívidas e com menos defeitos nas colagens feitas para dar a impressão de que se trata de um ambiente multidimensional.
Desde 2007, o Google capturou panoramas de mais de 16 milhões de quilômetros de estradas e prédios públicos de 85 países a partir de 80 bilhões de fotos. O projeto, que começou com um passeio de Larry Page, cofundador e CEO da Alphabet, holding da qual o Google faz parte, é a versão do mundo físico para a missão do Google na web, ou seja, catalogar, organizar e disponibilizar informações.
Novos desafios
Alyssa Wright, presidente do Open Street Map, um concorrente gratuito e aberto do Google Maps, disse em entrevista à revista Wired que “o mapeamento é fundamental para a construção do nosso futuro digital, de veículos autônomos a aplicativos de paquera”. Os outros grandes rivais do Google são a HERE, propriedade de um consórcio de montadoras alemãs, e a TomTom, que desenvolve mapas digitais há anos e é uma das principais fornecedoras de dados do Apple Mapas.
A melhoria das imagens tem impacto direto em diversas áreas relacionadas do Google. No Google Maps, por exemplo, as fotos do Street View alimentam um sistema capaz de deduzir, corrigir e aprimorar endereços de pontos de interesse (ruas, comércios, parques, toda a diversidade de prédios e locais de uma cidade) automaticamente, mesmo de lugares onde os carros do Street View jamais estiveram.
Os desafios nessa área são mais complexos hoje. O Google incentiva os usuários a usarem linguagem coloquial nas buscas e com seu assistente virtual; se antes as pessoas recorriam ao Google Maps com o endereço exato, hoje elas usam sentenças mais abstratas como “loja de doces com fachada rosa ao lado de um estacionamento”. Os investimentos do Google em qualidade de imagens e na aprendizagem de máquina visam tornar o sistema capaz de retornar resultados a consultas desse tipo.
Outra área em que mapas são críticos é na direção autônoma. Carros que dirigem sozinhos “enxergam” o mundo através de câmeras e sensores a laser (LIDARs) e se beneficiam de mapas detalhados pré-carregados para se movimentarem mais facilmente pelas cidades. A Waymo, divisão da Alphabet que desenvolve a tecnologia, também se beneficiará das imagens melhores e dos avanços decorrentes do processamento delas.
Privacidade
Além dos carros próprios atualizados, o Google tem incentivado as próprias pessoas a enviarem imagens em 360º e fotos panorâmicas de locais públicos para manter seus mapas atualizados. Câmeras certificadas para o Street View já estão à venda e a empresa oferece incentivos, como troféus virtuais e bônus de espaço na nuvem, para que os usuários enviem conteúdo para alimentar a máquina do Street View.
Existem, porém, preocupações com a privacidade. Países como Alemanha e Áustria impediram, por muito tempo, a circulação de carros do Street View pelo fato deles registrarem dados de pontos de acesso Wi-Fi — outro sinal largamente usado para refinar a localização em mapas e serviços no smartphone que dependem da localização do usuário para funcionarem.
No Street View, placas de carros e rostos de pessoas são borrados automaticamente nas fotos obtidas pelo Google. Nas enviadas pelos usuários, a proteção é opcional. Com o cruzamento das quantidades gigantescas de dados que o Google tem, é possível descobrir, apenas com fotos de carros que trafegam em determinado local, a renda média, etnias e inclinações políticas de comunidades.
As fotos do Street View estarão mais bonitas e com menos defeitos, mas esse é apenas o mais superficial dos benefícios (e dos riscos) trazidos pelas novas câmeras dos carros do Google.
Com informações da Wired.
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