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Assistentes virtuais estão por toda a parte, mas ninguém sabe o que fazer com eles

 | Roger Kisby/NYT
(Foto: Roger Kisby/NYT)

Hoje em dia você pode encontrar assistentes virtuais como a Alexa, da Amazon, ou o assistente do Google em todos os tipos de objetos, desde alto-falantes inteligentes e smartphones até máquinas de lavar a espelhos do banheiro. O desafio não é encontrar esses ajudantes virtuais, principalmente se você está nos Estados Unidos, mas sim pessoas que descobriram o que fazer com eles.

A empresa de consultoria administrativa Activate analisou recentemente os usuários frequentes de assistentes virtuais – definidos como aqueles que os utilizam mais de três vezes por dia –, e constatou que a maioria fazia perguntas ou pedia que o assistente tocasse música, desse a previsão do tempo e acionasse o despertador.

A companhia também descobriu que a maior parte dos usuários da Alexa nunca havia usado mais do que os aplicativos básicos que acompanham o dispositivo, embora a Amazon tenha dito que, segundo seus dados, quatro em cada cinco clientes registrados haviam usado pelo menos uma de suas mais de 30 mil “habilidades” disponíveis. Essas “habilidades” seriam aplicativos de terceiros que exploram recursos do assistente de voz para realizar tarefas.

Porém, mesmo enquanto alguns fãs mais assíduos de fato utilizam funcionalidades avançadas de assistentes virtuais, como controlar as luzes da casa, a maioria ainda usa esses alto-falantes para tarefas rotineiras, disse Michael J. Wolf, fundador da Activate. “Não ficou claro se há algo que faça as pessoas utilizá-los.”

Empresas apostaram alto nos assistentes virtuais

A Apple popularizou o conceito de assistente virtual em 2011, quando introduziu a tecnologia chamada Siri em seus iPhones. Cerca de três anos mais tarde, a Amazon lançou o Echo, um alto-falante com microfones para captar e decifrar o que dizemos a Alexa. Logo, várias empresas de tecnologia estavam apostando que falar com máquinas através de assistentes virtuais seria essencial para interagir com dispositivos e serviços no futuro.

Há uma razão por que as empresas de tecnologia acham que esses auxiliares são tão importantes: querem oferecer ao consumidor uma “plataforma” indispensável, isto é, uma peça crucial na qual outros serviços ou dispositivos devem confiar.

Alguns acreditam que a tecnologia de assistentes virtuais seja o caminho, e a empresa com o assistente mais útil vai levar vantagem na utilização de outros serviços, como internet ou compras on-line. Portanto, quem perder essa disputa poderia ficar à mercê de seus rivais.

Com isso em mente, os gigantes da tecnologia fazem de tudo para que seus assistentes sejam onipresentes. Como o alto-falante inteligente é a principal maneira com a qual as pessoas interagem com seus assistentes virtuais, a Amazon e o Google venderam seus produtos com grandes descontos no fim de ano, derrubando o preço dos modelos mais básicos de US$ 50 para US$ 30. Além disso, esses assistentes acabam dentro de todos os tipos de produtos.

Novas parcerias querem tornar os dispositivos onipresentes

Antes da conferência de tecnologia CES, em Las Vegas, neste ano, a Amazon anunciou uma série de novas parcerias da Alexa: a Hisense vai instalar um assistente em seus televisores, e a Kohler disse que um novo espelho do banheiro terá microfones incorporados para que as pessoas possam usar a Alexa para diminuir as luzes e encher a banheira usando comandos de voz. Fabricantes de computadores como HP, Asus e Acer afirmaram que vão integrar o assistente da Amazon em seus computadores, enquanto que Panasonic, Garmin e outros fabricantes de eletrônicos vão fazer o mesmo em seus dispositivos para carros.

A Amazon também anunciou um acordo com a Toyota para integrar a Alexa em alguns veículos, o mesmo acontecendo com um novo detector de fumaça da First Alert. O Google disse que os televisores da LG, os fones de ouvido da Sony e as telas inteligentes da Lenovo vão utilizar seu assistente.

Concorrentes do Google e da Amazon também estão espalhando seus assistentes por todos os lados. A Apple agora incluiu a Siri em todo seu universo de dispositivos, juntamente com um alto-falante inteligente chamado HomePod, que está para ser lançado. A Samsung conta com seu próprio assistente, o Bixby, disponível em seus telefones e televisores, e a Microsoft tem a Cortana, recurso incorporado no software Windows.

Preço baixo impulsiona as vendas

Mas, por enquanto, a satisfação dos consumidores com seus alto-falantes inteligentes – e, por extensão, os assistentes neles contidos – se deve em parte ao fato de que são baratos.

Justin Hosseininejad, consultor de engenharia de Medina, Ohio, contou que comprou seu primeiro Echo Dot da Amazon por US$ 50 no ano passado, e recebeu um segundo de graça há alguns meses, com outro dispositivo conectado à internet, o termostato Nest. Ele os utiliza para ouvir notícias de manhã e tocar música durante o resto do dia. Reconhece que não pede para Alexa fazer muita coisa, mas, considerando o pouco que pagou, está satisfeito. “Uso apenas para algumas coisas, mas estou feliz com o aparelho.”

Paul Erickson, analista da empresa de pesquisa IHS Markit, afirmou que o próximo passo seria a transformação em uma central da casa conectada, controlando a iluminação, o termostato e outros aparelhos domésticos básicos. “Algumas funcionalidades mais interessantes ainda estão para chegar, sendo que uma parte virá quando houver uma maior integração, em 2018 e 2019. Este é o primeiro ano em que veremos avanços reais nos assistentes devido à concorrência no mercado.”

A Amazon transformou sua família de produtos Echo e o assistente Alexa na mais improvável história de sucesso, embora seja difícil mensurá-lo com exatidão porque a empresa divulga dados sobre as vendas desses dispositivos em termos pouco específicos.

Diz apenas que vendeu “dezenas de milhões” no último final de ano, milhões a mais do que no mesmo período do ano passado. Analistas estimam que o Echo responda por mais de 70% das vendas de alto-falantes inteligentes, com o do Google em um distante segundo lugar.

Esse também foi discreto na divulgação das vendas do Google Home. Em um comunicado em 5 de janeiro, a empresa anunciou ter vendido um dispositivo por segundo desde que lançou uma versão menor em 19 de outubro, ou seja, cerca de 79 dias, o que daria aproximadamente sete milhões de unidades.

Nos 20 meses desde que disponibilizou o Google Assistente como parte de seu aplicativo de mensagens Allo, a empresa afirma que ele é acessível agora em mais de 400 milhões de dispositivos, incluindo máquinas de lavar, secadoras, aparelhos de ar condicionado, geladeiras e máquinas de lavar louça da LG, fones de ouvido da Bose e vários alto-falantes de 15 empresas.

O Google disse que seu assistente pode agora realizar mais de um milhão de tarefas, ou “ações”, como solicitar fotos do Dia das Bruxas ou adicionar eventos a um calendário. E criou um diretório – onde, claro, é possível fazer uma busca – para destacar essas capacidades, visando lembrar aos usuários que ele pode fazer mais coisas do que simplesmente acionar um timer.

Há sinais de que alguns consumidores começam a reconhecer esse valor, mesmo que não estejam interessados em alto-falantes inteligentes. Um amigo de Hosseininejad, Stephen Melik, também engenheiro em Ohio, disse que usa a Siri no iPhone e no Apple Watch para controlar a iluminação e os interruptores, mas a noção de um alto-falante inteligente que permanece estático não faz sentido para ele. E disse: “Vejo esses alto-falantes inteligentes como uma solução à procura de um problema; já os assistentes de voz podem representar uma série de benefícios para o proprietário”.

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