A Apple atualizou timidamente o Mac Pro, seu computador topo de linha. No Brasil, configurado com todos os opcionais, seu preço ultrapassa R$ 50 mil. A quem se destina um equipamento tão caro?
A atualização do Mac Pro mexe apenas em processadores e chips gráficos. A versão de entrada, no Brasil à venda por R$ 23.499, troca o processador de quatro núcleos por um com seis e as duas placas de vídeo FirePro D300 por duas D500, mais rápidas. É possível personalizar essa versão adicionando componentes mais robustos, acessórios e softwares profissionais, o que pode elevar o preço final a até R$ 54 mil. O outro modelo, por ora indisponível no país, mas com preço inicial de R$ 30.499, substitui o processador de seis núcleos por um de oito e as duas FirePro D500 por duas D700.
Os valores, mesmo o da versão de entrada, chamam a atenção – mais ainda porque o Mac Pro não vem com monitor. Computadores como esse, de alto desempenho, são vendidos para profissionais que precisam de muito poder computacional para desempenhar tarefas bastante específicas e preferem ou se veem presos a softwares exclusivos do macOS, sistema operacional da própria Apple que só funciona oficialmente em computadores da marca. Entre essas tarefas, estão o desenvolvimento de aplicativos e a edição de vídeos em alta definição.
Tal público é bastante exigente. Na última atualização do MacBook Pro, por exemplo, houve reclamação a respeito da limitação de 16 GB de RAM, um tipo de memória temporária usada pelo sistema operacional e aplicativos. Era esperado que a Apple disponibilizasse versões com 32 GB de RAM, o que não ocorreu. Em computadores e notebooks convencionais, costuma-se encontrar entre 4 ou 8 GB de RAM.
Breno Masi, gerente geral da Playkids, plataforma de entretenimento infantil, usa Mac Pro no trabalho e tem um em casa também. Perguntado sobre o motivo da preferência, ele diz que “é o mesmo de sempre: o conjunto Apple. Hardware e sistema funcionam muito bem.” O poder de processamento é outro fator destacado. “Para tudo que é multi-core [usa dois ou mais núcleos de processamento], vale a pena”, comenta.
Masi também ressalta a confiabilidade e o suporte da marca, para ele sem iguais no mercado e o que justifica pagar mais por seus produtos. Embora algumas atividades sejam exclusivas de computadores Apple, como a criação de aplicativos para plataformas da própria (incluindo o iOS, usado no iPhone e iPad), outras, como renderização 3D e edição de vídeos, podem ser realizadas em computadores diferentes rodando Windows.
Ele adverte, porém, que considera “absurdo” os preços cobrados no Brasil. Nos Estados Unidos, justifica, a versão de entrada que aqui sai por R$ 23,5 mil custa US$ 3 mil, valor que em conversão direta pela cotação atual do dólar (e sem levar em conta tributos) equivale a R$ 9,2 mil.
O futuro do Mac Pro
O atual Mac Pro, com seu característico formato cilíndrico, foi lançado no final de 2013. Mais compacto, ele tem 1/8 do volume do modelo anterior, cujo design datava de 2006, e trouxe especificações internas atualizadas na época.
Apesar do barulho da Apple e da boa recepção pelo mercado, logo em seguida o Mac Pro foi abandonado pela empresa. Ele passou três anos sem ser atualizado. Outras linhas de computadores, como as dos iMac e MacBook Pro, costumam ter atualizações anuais dos seus componentes internos, mantendo-os competitivos frente à concorrência.
Essa atualização do Mac Pro funciona como um paliativo. O modelo não ganhou suporte às novas conexões Thunderbolt 3/USB-C, que se tornaram padrão nos computadores da marca, sendo as únicas disponíveis no MacBook de 12 polegadas e na atual versão do MacBook Pro. Além disso, seu design fechado impede que o usuário faça atualizações de componentes por conta própria, algo muito apreciado pelo público profissional. De acordo com Masi, essa situação é resultado de uma aposta da Apple na expansão por equipamentos com conectividade Thunderbolt, algo que não teve respaldo do mercado.
Esses já seriam sinais suficientes de que alguma grande novidade está a caminho, mas, desta vez, não foi preciso recorrer a previsões: a própria Apple confirmou que um Mac Pro redesenhado sairá em breve.
Em entrevista a alguns sites especializados norte-americanos, entre eles o TechCrunch, Phil Schiller, vice-presidente de marketing global da Apple, disse: “A respeito do Mac Pro, estamos no processo do que chamamos ‘repensar completamente o Mac Pro’. Temos uma equipe trabalhando duro nele neste momento e queremos projetá-lo de tal forma que seja possível mantê-lo atualizado com melhorias regulares. Estamos comprometidos em produzir o nosso computador desktop mais potente e com tecnologia de ponta, feito para nossos exigentes clientes profissionais.”
Schiller também confirmou que a Apple lançará, em conjunto com o novo Mac Pro, um monitor profissional. Atualmente, a empresa não fabrica monitores e indica a seus clientes um modelo da LG, o UltraFine 5K, em que colaborou com o desenvolvimento.
Tudo isso, ainda segundo o executivo, não deve ser lançado antes de 2018. Mesmo com o mercado de computadores desktop encolhendo – na mesma conversa, Schiller revelou que apenas 20% dos que a Apple vende são desse tipo; os outros 80% são notebooks –, parece haver um comprometimento em continuar servindo computadores potentes (e caros) para profissionais através das linhas Mac Pro e iMac.