É a bolha do bitcoin ou apenas o começo? Ou ambos? São essas as perguntas que estão fazendo em Wall Street depois que a moeda digital rompeu a barreira dos US$ 5.000 (cerca de R$ 15.800) pela primeira vez, elevando a valorização do bitcoin em mais de cinco vezes somente este ano.
Até dezembro de 2016, o bitcoin era negociado abaixo de US$ 1 mil. Desde então, a moeda se esquivou de regulações mais rígidas, divisões de grupos que racharam a blockchain na qual se baseia e alertas de gente como o presidente da JPMorgan Chase, Jamie Dimon, de fraude e um inevitável colapso de preços.
A última disparada se deu graças, em parte, ao aumento no interesse de instituições tradicionais, com todos, de Lloyd Blankfein da Goldman Sachs a Dimon, dizendo que agora estão abertos a formas de se envolver. A mudança sincera surge em meio ao crescente otimismo em relação à tecnologia blockchain.
"Este recorde é um marco empolgante e um sinal de confiança no mercado nas perspectivas do bitcoin e da tecnologia subjacente", disse Iqbal Gandham, diretor da eToro. "Esperamos que muitos outros marcos desse tipo venham na sequência".
O interesse cresce dia após dia, como apontam as pesquisas na Internet. A SEMrush, uma empresa de análise de dados, descobriu que o valor do bitcoin tinha uma correlação de 96% com as buscas do Google sobre o tema, sugerindo que o crescente interesse na moeda digital está ajudando a impulsionar a demanda.
O Bitcoin caiu para menos de US$ 4 mil no mês passado depois que o banco central da China proibiu as ofertas iniciais de moedas (ICO, na sigla em inglês) e ordenou que todas as casas de câmbio fechassem. Relatos de que o governo chinês vá relaxar essas regulações também estão ajudando a elevar o preço.
A rotatividade de tokens digitais vendidos em ofertas iniciais de moedas e em bitcoin está fornecendo um impulso adicional. Os investidores estão cada vez mais cautelosos à medida que os projetos com pouca substância cresceram e hacks e problemas técnicos fizeram alguns perderem milhares. Há uma moeda Wu-Tang com o único propósito de comprar e lançar o álbum do Wu-Tang Clan comprado pelo fraudador Martin Shkreli, enquanto Paris Hilton e Floyd Mayweather divulgaram seus investimentos em ICO nas mídias sociais. Bitcoin é visto como um paraíso seguro ao lado de muitos desses tokens.
"Todos pareciam concordar que uma vez que [o bitcoin] atingisse US$ 5 mil, o céu seria o limite. Eu não ficaria surpreso de vê-lo duplicar de valor em um espaço de tempo muito curto", disse Ben Kumar, gerente de valores da Seven Investment, em Londres, que investe em bitcoin em volumes pessoais. "Há muito tempo para correr atrás disso antes que as pessoas se cansem de perseguir a próxima grande oportunidade".
O bitcoin não é o único a se beneficiar. Recentemente, parece que qualquer parcela de uma empresa com uma ligação, ainda que indireta, ao espaço das moedas digitais está surtindo efeito. A Overstock.com disparou após anunciar um câmbio de tokens digitais regulado, enquanto a Goldmoney subiu após dizer que oferecia a seus clientes a capacidade de trocar e guardar bitcoin e a moeda digital concorrente ether.
Em junho, a Nvidia e a Advanced Micro Devices (AMD), que fabricam hardware utilizado na mineração de moedas digitais, se recuperaram quando o ether subiu para um recorde. O estoque da Bioptix quase dobrou nos dias que antecederam o anúncio da empresa de que está se renomeando Riot Blockchain.
A retomada do bitcoin e a proliferação de outros recursos digitais atraem os olhos cautelosos dos reguladores em todo o mundo. China e Coreia do Sul proibiram as ICO, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, pediu nesta semana a regulamentação do setor. Pelo menos 13 outros países impuseram novas regras ou anunciaram planos para endurecer suas regulações.
O aumento da moeda digital dividiu a comunidade financeira entre aqueles convencidos de que é uma bolha prestes a explodir, como disse o gerente do fundo de hedge bilionário Ray Dalio, enquanto outros investidores de renome, como Mark Cuban e Mike Novogratz, disseram que estão investindo no setor.
Novogratz, que está começando um fundo de moedas digitais de US$ 500 milhões, disse nesta semana que ele acredita que o preço dobrará para US$ 10 mil em no máximo um ano. A estrada é seguramente complicada, já que a volatilidade do bitcoin ainda é 10 vezes maior que a do ouro.
"É um mercado muito especulativo", disse Jon Moulton, um veterano de private equity baseado no Reino Unido, que possui bitcoins, em entrevista à Francine Lacqua, da Bloomberg TV. "Será um bem muito volátil por muito tempo".
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