Na corrida para ver quem conquistará primeiro o universo, Jeff Bezos, fundador e presidente da Blue Origin, chegou um passo mais perto de levar turistas para o espaço. A empresa lançou com sucesso nesta quarta-feira (13) o foguete suborbital chamado de New Shepard, que está sendo testado para fazer turismo espacial a partir de 2019. O foguete e a cápsula de tripulação, que levava um manequim para simular um humano, voltaram a terra sem nenhum dano.
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Os testes aconteceram de uma instalação da Blue Origin no Texas, nos Estados Unidos. Segunda a empresa, o foguete e a cápsula de tripulação com um manequim chegaram a uma altitude máxima de quase 100 quilômetros, o que é considerado o limiar do espaço. Ambos os equipamentos pousaram na terra sem nenhum dano, após uma viagem de 10 minutos e seis segundos.
O feito foi comemorado por Bezos no Twitter, que publicou também um vídeo explicando a tecnologia:
#NewShepard had a successful first flight of Crew Capsule 2.0 today. Complete with windows and our instrumented test dummy. He had a great ride. @BlueOrigin pic.twitter.com/PZHXWXjuw9
— Jeff Bezos (@JeffBezos) 13 de dezembro de 2017
O New Shepard funciona da seguinte forma: há um foguete e, acoplado a esse foguete, uma cápsula de tripulação. É nessa cápsula, que possui seis janelas grandes, que ficam os passageiros. O foguete é lançado ao espaço e, ao atingir mais de 100 quilômetros de altitude, a cápsula e o foguete se separaram e os passageiros experimentam cerca de 11 minutos de voo pelo espaço. Depois, o foguete retorna à Terra e pousa verticalmente e a cápsula pousa com a ajuda de um paraquedas.
Nesta quarta, o teste foi bem-sucedido, mas foi feito com um manequim dentro da cápsula. O foguete posou com sucesso na terra, assim como a cápsula, sem causar nenhum dano ao boneco. Um teste anterior em 2015 havia sido feito com o foguete, mas as demonstrações foram paralisadas e só agora retornaram.
O feito foi importante porque a Blue Origin quer levar os primeiros turistas ao espaço já em 2019. Mais testes devem ser feitos ao longo do próximo ano, inclusive com pessoas reais. A empresa não dá mais detalhes sobre o cronograma.
Corrida acirrada pelo espaço
O lançamento do New Shepard ocorre durante uma grande semana para a indústria espacial. Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou que a Nasa, a agência especial americana, precisa voltar com as missões para a Lua, não só apenas para visitar, mas para “exploração e uso de longo prazo”.
Já na sexta-feira (15), Elon Musk espera concluir com êxito mais um feito: o lançamento de um foguete usado da SpaceX, sua empresa de missões espaciais, da Estação Espacial Internacional. Tanto o foguete Falcon 9 como a nave espacial Dragon vão entrar em órbita no espaço e, se voltarem com sucesso, provarão que a era dos equipamentos espaciais reutilizáveis chegou com tudo. Eles já foram lançados ao espaço anteriormente, em momentos distintos, e retornaram com sucesso a terra. Normalmente, os equipamentos caem no mar ou são descartados. A nave vai transportar 1,8 toneladas de carga. Será a primeira vez que eles voarão juntos.
“A longo prazo, a reutilização reduzirá significativamente o custo do acesso ao espaço, e é o que será necessário para enviar futuras gerações para explorar o universo”, afirmou Jessica Jensen, gerente de missão do Dragon do SpaceX, durante uma entrevista coletiva na segunda-feira. “Queremos poder enviar milhares de pessoas para o espaço, não apenas dezenas”.
O lançamento Dragon foi atrasado algumas vezes, primeiro porque a empresa queria fazer verificações adicionais de seus sistemas terrestres. Depois porque encontrou partículas no sistema de combustível. Um foguete Falcon 9 explodiu em setembro de 2016 enquanto era abastecido antes de um teste de motor. Isso causou um prejuízo de US$ 50 milhões a SpaceX.
2018 será um ano importante para a indústria espacial
Apesar desses contratempos, a SpaceX fez 16 lançamentos neste ano com sucesso. Agora, a empresa está olhando para 2018, um ano potencialmente importante - não apenas para SpaceX, mas para várias empresas e a Nasa.
Sob contrato com a Nasa, a Boeing e a SpaceX estão se preparando para transportar astronautas do solo americano em 2018, marcando os primeiros lançamentos do governo desde que o ônibus espacial foi aposentado em 2011. Desde então, a Nasa teve que enviar seus astronautas em foguetes russos. O custo é de mais de US $ 80 milhões por um assento.
Também no próximo ano, o Virgin Galactic, de Richard Branson, pode começar a levar os primeiros turistas ao espaço. E uma empresa chamada Moon Express planeja pilotar uma plataforma robótica para a superfície lunar no próximo ano.
A corrida para conquistar o espaço mostra que o setor privado ameaça cada vez mais o monopólio de longo prazo do governo americano, disse Mark Albrecht, que atuou como secretário executivo do Conselho Espacial Nacional dos Estados Unidos de 1989 a 1992. “Nós podemos chegar a esse ponto de inflexão, ou então perto disso, em que o centro da atividade espacial está se movendo em direção a essas novas empresas comerciais.”
A SpaceX também tem trabalhado para o lançamento de seu foguete Falcon Heavy, essencialmente três Falcon 9s unidos, o que se tornaria um veículo enorme capaz de voar para a Lua e alcançar o objetivo final de Musk, Marte.
Mas, primeiro, ele tem que lançar o foguete Falcon Heavy, com um carro da Tesla dentro. Seu primeiro voo estava agendado para este ano, mas depois de repetidos atrasos, Musk agora diz que está definido para janeiro. Ele advertiu, porém, que as chances explosão são altas. Se tudo der certo, aceleraria a corrida espacial. Se der errado, vai começar o ano, literalmente, com um grande estrondo.
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