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Boeing estuda formas de superar resistência do governo brasileiro em acordo com Embraer

Embraer tem fábrica nos Estados Unidos e já é parceira da Boeing | Embraer/Divulgação/Edouard Nguyen
Embraer tem fábrica nos Estados Unidos e já é parceira da Boeing (Foto: Embraer/Divulgação/Edouard Nguyen)

A fabricante americana Boeing está estudando algumas formas para superar a resistência do governo brasileiro em um possível acordo com a brasileira Embraer, principalmente em relação à área de defesa e à venda do controle acionário. Segundo o jornal The Wall Street Journal, a americana está negociando com a fabricante brasileira e o governo formas de superar as preocupações que a União tem em relação à segurança e à soberania nacional, já que o governo tem o direito a vetar qualquer negociação.

SAIBA MAIS: O que a Boeing quer da Embraer: aviões menores, engenheiros jovens e área militar

A reportagem publicada nesta sexta-feira (5) afirma que a Boeing está ciente das preocupações do governo brasileiro, principalmente na área de defesa, e que estuda formas de tentar resolvê-las. A americana, segundo a publicação, estaria disposta até a deixar o governo com uma ação “golden share” na área de defesa, ou seja, com direito a decidir qualquer rumo importante da companha no setor de defesa.

A Boeing, segundo reportagens anteriores do jornal americano, também estaria estudando uma proposta em que se comprometeria a manter a marca, a administração e os empregos da Embraer. Outra hipótese foi associação das duas fabricantes na área de aviação comercial, mantendo as áreas de aviação executiva e de defesa nacionais. Já o jornal Valor Econômico noticiou que as fabricantes cogitavam duas possibilidades: joint venture na área de jatos regionais ou joint business agreements (JBA) que abrangeria diversas áreas como logística, comercialização, compra de insumos e distribuição de produtos.

Golden share trava negociação

Apesar de ter sido privatizada em 1994, a União detém uma “golden share” (ação preferencial) sobre a Embraer, o que lhe dá voz ativa em qualquer decisão estratégica, como a troca de controle acionário, interrupção de projetos militares e exportação de tecnologia.

OPINIÃO: Governo deveria se retirar da negociação entre Embraer e Boeing

Desde quando a notícia do interesse da Boeing em comprar a Embraer veio à tona - e, depois, confirmada por ambas as companhias - o governo tem se manifestado contra a troca de controle acionário. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, já chegou a se posicionar publicamente contra a venda do controle acionário e o fatiamento da empresa (chegou a ser ventilada a hipótese de a Boeing comprar apenas a área de aviões regionais). O governo, porém, não é contra outros tipos de parcerias e investimentos.

A própria Embraer já emitiu um comunicado ao mercado afirmando que qualquer acordo com a Boeing vai preservar a soberania nacional. “A eventual combinação de negócios com a Boeing deve preservar, antes de mais nada, os interesses estratégicos da segurança nacional e respeitar incondicionalmente as restrições decorrentes da ação de classe especial [golden share]”, diz o texto

Acordo deve demorar até um ano

Ainda segundo a reportagem do The Wall Street Journal, as companhias teriam concordado em avaliar a Embraer em US$ 28 por ação. Hoje, a companhia tem valor de mercado de US$ 5 bilhões. Mas, devido às dificuldades da negociação, a fonte consultada pela reportagem afirma que ainda é muito incerto se as partes chegarão a um acordo e, se isso vier acontecer, deve demorar de nove meses a um ano.

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