Após receber a notícia de que se tornaria presidente executivo global da Motorola, em meados de março, o brasileiro Sérgio Buniac viu sua rotina virar de cabeça para baixo. “Agora, são pelo menos três semanas viajando por mês”, conta. “Mantenho minha casa em São Paulo, mas agora tenho outra em Chicago [sede global da Motorola].” Buniac ainda nem teve tempo para achar um sucessor para liderar a empresa na América Latina. “Estou acumulando a função até lá”, diz.
Nesta semana, o executivo passou por São Paulo para reuniões com executivos globais da chinesa Lenovo — que é dona da Motorola desde 2014 — e para anunciar a sexta geração da linha de smartphones Moto G. Os smartphones ganharam telas maiores e design similar ao de smartphones premium, com acabamento em vidro.
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A nomeação de Buniac para a liderança global da marca não foi por acaso. Engenheiro eletrônico pela Escola Politécnica da USP, o executivo está na Motorola há 21 anos. Nesse período, passou por muitos altos e baixos.
Em 2011, a empresa americana foi vendida para o Google por US$ 12,5 bilhões. Três anos depois foi adquirida novamente, dessa vez pela chinesa Lenovo. “Sou o sétimo presidente da Motorola desde 2012”, diz Buniac. “Passar por muitas integrações te dá resiliência, pois é preciso se adaptar.”
Na fase Lenovo da Motorola, os resultados na América Latina se destacaram em relação ao resto do mundo. A região se tornou a mais importante para a marca no mundo. Só em 2017, o número de dispositivos vendidos cresceu em 40%; no Brasil, as vendas foram 22% maiores no mesmo período.
“Nós já nos consolidamos como segundo maior fabricante do mercado brasileiro e vamos voltar a crescer dois dígitos na região este ano”, prevê Buniac.
Desafios
Embora o crescimento nas vendas na América Latina impressione, a situação é diferente em outras partes do mundo, onde a Motorola está longe da liderança.
É o caso, por exemplo, dos Estados Unidos e da Europa, onde os consumidores preferem marcas como Apple e Samsung. “Há uma discrepância entre os mercados”, afirma Buniac. “Criar essa consistência é o que vamos fazer nos próximos anos.”
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Outro problema imediato é o prejuízo. A fabricante americana fechou o quarto trimestre do ano fiscal de 2017, encerrado em janeiro, com perdas de US$ 124 milhões. A empresa havia anunciado publicamente que, no fim de 2017, teria equilibrado receitas e despesas. “As perdas têm se reduzido nos últimos anos e a disciplina vai continuar”, afirmou Buniac.
Por último, a Motorola também precisa reduzir a complexidade da linha de produtos.
Na época do Google, a empresa chegou a ter apenas dois modelos à venda - o Moto G e o Moto X; hoje, são 15 variantes de cinco linhas diferentes, o que confunde os consumidores menos atentos ao mercado.
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