Pesquisadores da Universidade de Dartmouth, em New Hampshire, EUA, confirmaram e aperfeiçoaram uma velha solução caseira para melhorar o sinal do Wi-Fi: envolver as antenas do roteador com papel alumínio.
A equipe liderada por Xia Zhou, professora de ciência da computação, se baseou em “experimentos anedóticos” envolvendo latas de refrigerante abertas e posicionadas atrás das antenas de um roteador, ação que “demonstra um ganho substancial de banda”. A diferença é que, na pesquisa (PDF), em vez de latinhas, eles criaram formas refletoras otimizadas por computador para direcionar melhor o sinal.
O motivo desse cuidado é que, além de aumentar a força do sinal Wi-Fi em determinado ambiente, os pesquisadores queriam, também, enfraquecê-lo fora dos locais desejados para dificultar o acesso não autorizado à rede sem fio. Mesmo em redes protegidas por criptografia, a mera presença do sinal confere a intrusos informações valiosas da própria rede.
A solução ganhou forma através de um software chamado WiPrint. Nas palavras dos pesquisadores, é “uma abordagem interdisciplinar para direcionar sinais sem fio e personalizar a distribuição da força do sinal resultante em um espaço tridimensional”.
Traduzindo, o software analisa o ambiente e imprime em 3D uma peça capaz de direcionar o sinal do roteador da maneira desejada, fortalecendo-o nos locais onde ele deve ser acessível e praticamente o eliminando fora dessa área.
O refletor, que é revestido por papel alumínio, permite converter antenas omnidirecionais (que, por padrão, distribuem o sinal uniformemente em um raio) em antenas direcionais, porém sem os inconvenientes desse tipo de antena para uso em redes Wi-Fi — antenas direcionais do tipo são volumosas, caras, não vêm em roteadores por padrão e não oferecem controle preciso da propagação do sinal.
Barato e eficiente
O refletor gerado pelo WiPrint é barato, com custo estimado de US$ 35. Além disso, ele é adaptável a qualquer roteador comum, desses à venda em lojas convencionais, e funciona em diferentes configurações de um mesmo ambiente.
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Na análise anterior à impressão da chapa, ele gera uma reprodução digital do ambiente, considerando inclusive móveis e outros objetos, e recebe instruções da cobertura do sinal desejada, que pode também ser automatizada a partir dos padrões de mobilidade e densidade dos usuários do local — ou por inputs mais tradicionais, como um mapa de calor feito pelo usuário ou regiões selecionadas para que tenha a melhor cobertura do sinal.
Todo esse processo de análise leva 23 minutos. Depois disso, o refletor (uma placa simples de plástico) é impresso em uma impressora 3D. Ele, então, é revestido por papel alumínio e posicionado nas antenas do roteador. Gráficos de “antes e depois” com mapas de calor demonstram o impacto que a pequena peça tem na cobertura do Wi-Fi:
A equipe tem planos para aperfeiçoar a ideia, como o trabalho com múltiplos refletores e modelos de progação em 3D — o atual é com base em modelos 2D de configuração ambiental e propagação de sinal. Ainda não se sabe se o WiPrint (software) chegará ao mercado.
Confira um vídeo explicativo da descoberta dos pesquisadores: