Loja da Decathlon em Curitiba. Empresa demorou 15 anos para ter lucro.| Foto: Marcelo Elias - Agência de Notícias Gazeta do Povo

Se empreender no Brasil já é difícil, ter um negócio que dê lucro parece missão impossível para muitos empresários. De empresas nacionais a internacionais, diversas companhias têm longos períodos sem ver a contabilidade no azul e, em alguns casos, nunca saem do vermelho e precisam vender ou encerrar as suas operações. 

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Confira uma seleção de empresas que, por diversos motivos, demoraram ou nunca tiveram lucro no Brasil:  

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Decathlon

A varejista multinacional de artigos esportivos Decathlon desembarcou no Brasil em 2001 e por quinze anos viu a sua operação brasileira rodar no vermelho. A empresa foi ter o primeiro lucro no Brasil somente em 2016, depois de o faturamento do negócio do país aumentar 15% e se tornar o terceiro melhor resultado do grupo no mundo, atrás somente da Rússia e China. 

No caso da Decathlon, a sua operação internacional bancou a presença da empresa no Brasil até o modelo nacional encontrar o caminho do lucro. Parte do resultado negativo até 2015 foi atribuído ao fato de a empresa priorizar a conquista de território no país, manter preços e margens mais baixas e não investir massivamente em publicidade. 

A empresa tem 15 lojas no país, sendo três no Paraná, e pretende chegar a 100 unidades nos próximos anos

Puma 

No país desde 2002, outra multinacional da área de artigos esportivos que enfrenta dificuldades para dar lucro no Brasil é a Puma. Apesar de não abrir seu balanço financeiro da operação brasileira, a empresa admite que roda no vermelho no país e afirma que passou por uma recente reestruturação para encontrar o caminho das cifras positivas. 

O principal problema da Puma no Brasil foi de gestão. Segundo entrevista de Fabio Espejo, presidente Puma no Brasil, à revista Exame, a empresa pecou ao não adequar o negócio às peculiaridades do mercado brasileiro. Com isso, os estoques ficaram altos e as receitas, estagnadas. 

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Agora, o grupo investe no e-commerce e em outlets para voltar a crescer no Brasil. 

 

B2W 

Maior empresa de e-commerce em atuação no Brasil, dona da Americanas.com e da Submarino.com, a B2W acumula prejuízos atrás de prejuízos. A empresa bateu em 2016 um novo recorde negativo em seu balanço financeiro ao registrar prejuízo de R$ 1,084 bilhão, 32% maior do que em 2015. A empresa acumula perdas desde 2011. 

A empresa justifica o seu desempenho negativo aos investimentos feitos ao longo dos anos. A B2W afirma que vem investindo massivamente em tecnologia para poder crescer rapidamente e ter o domínio do mercado. A companhia também aposta em preços e margens apertadas para conseguir crescer em seu segmento, o que reduz as possibilidades de ganhos financeiros no curto prazo. 

A lógica empregada é a mesma das startups: investir muito para crescer rápido e o lucro ser inevitável no futuro. Resta saber se a estratégia dará resultado. 

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Netshoes 

Mais uma empresa brasileira de e-commerce que não tem resultados financeiros positivos é a Netshoes. A empresa acumula resultados negativos desde a sua fundação, em 2000, e, somente no ano de 2016 teve prejuízo de R$ 151,9 milhões. 

A lógica é a mesma utilizada pela B2W. A empresa prioriza o crescimento acelerado e investe alto em tecnologia e marketing para conquistar mercado. Ela já é a maior plataforma de vendas on-line no segmento de esporte no Brasil, mas quer expandir na América Latina

A Netshoes é dona, ainda, da Zattini, comércio eletrônico especializado na venda de sapatos e acessórios, que precisa ganhar capilaridade no país. Recentemente, o grupo abriu capital na bolsa de Nova York para financiar sua expansão. 

 

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Ceitec 

A estatal brasileira Ceitec, uma fábrica de semicondutores, tem a missão de colocar o Brasil no cenário mundial das indústrias desenvolvedoras e produtoras de chips. Mas, até o momento, a única coisa que ela conseguiu foi acumular prejuízos desde a sua fundação, em 2008. As perdas chegaram a R$ 117 milhões em 2016 e o governo teve que aportar R$ 200 milhões, além do capital social de R$ 42 milhões, para bancar a operação. 

Uma das explicação para o fraco desempenho está no fato de demorar de dois a quatros anos para fazer um projeto de chip completo. Além disso, o foco da Ceitec até então foi desenvolver os projetos de chips, deixando a comercialização em segundo plano.

A promessa é, agora com um portfólio de quase dez produtos, começar a ganhar dinheiro.